Pela primeira vez, o ícone de Nossa Senhora de Czestochowa, a Virgem Negra da Polônia, peregrina pelas terras brasileiras. Passa pelas Arquidioceses de São Paulo e Rio de Janeiro, além das Dioceses de Petrópolis e Nova Iguaçu. Uma peregrina que visitou Isabel e agora vem visitar os seus filhos no ano jubilar de esperança.
A peregrinação tem caráter de rezar pela instauração da cultura da vida, contrapondo tudo o que versa sobre a morte: aborto, eutanásia, desrespeito aos idosos e à dignidade humana, ataques às famílias, enfim, tudo o que se refere à “cultura da morte”, altamente pregada por São João Paulo II e o Magistério atual.
A iniciativa de peregrinar com o ícone oriental de Nossa Senhora teve início em 2012, através de leigos poloneses que, preocupados com a Rússia comunista, primeiro país do mundo a legalizar o aborto, tomaram a decisão de consagrar à Mãe de Deus a causa pela proteção e defesa da vida desde a concepção até a morte natura. A iniciativa logo se difundiu pelos Estados Unidos, Canadá, México, Panamá, dentre outros países, compondo o nome de peregrinação “De Oceano a Oceano”. O Brasil é o 30º país a receber a visita peregrina de Nossa Senhora do Monte Claro, também conhecida como “Nossa Senhora da Vitória Invencível” ou Nossa Senhora de Czestochowa, padroeira da Polônia.
O ícone peregrino, como toda escrita iconográfica, é único e irrepetível, embora retrate o ícone de Nossa Senhora de Czestochowa, fixo em Polônia. Através de Ewa Kowalewska, copista fiel do ícone bizantino, o ícone peregrino foi entregue a um sacerdote ortodoxo, Maxim Obukhov, que iniciava a organização pró-vida na Rússia e propôs que este peregrinasse não apenas pela Rússia, mas em todo o mundo, como sinal de oração pela proteção da vida e proximidade da Mãe de Deus aos seus filhos aflitos. Assim, em 2012 o ícone passou a peregrinar pelo mundo e, no ano santo de esperança, chegou à Diocese de Petrópolis, onde passará quatro dias, visitando todos os Decanatos.
Os ícones são considerados “janelas para o céu”, e fazem parte da liturgia e da vida de oração da Igreja. Em Nossa Senhora de Czestochowa percebemos a Mãe que aponta sempre para o Filho em seu braço esquerdo. A outra mão, aberta, simboliza a sua entrega total a Deus. Seus olhos estão constantemente voltados para o observador, de maneira que não é o observador quem vê Maria, mas Nossa Senhora quem enxerga o leitor através de um olhar profundo e penetrante. O fundo do ícone carrega a cor verde, mistura do azul e amarelo, que simbolizam a presença da Santíssima Trindade. O dourado das bordas conduz à transcendência, o que faz lembrar a Arca da Aliança, ou seja, Maria, Nova Arca da Aliança, portadora de Deus. A veste azul-marinho simboliza a espiritualidade e fidelidade. O forro vermelho indica a realeza. Os lírios dourados no manto de Maria simbolizam sua inocência, pureza e maternidade. As estrelas sobre o lado direito, na testa e no ombro esquerdo, simbolizam a virgindade perpétua de Maria sempre Virgem, antes, durante e depois do parto. O Menino Jesus assume a função de terceira estrela, pois Ele é o fruto virginal. O ícone não contém a presença de sombras ou tons acinzentados, visto que estes simbolizam o pecado.
No rosto de Maria são percebidas grandes cicatrizes. Estas foram provocadas por hereges, no século XV, que atacaram o mosteiro onde estava o ícone de Nossa Senhora de Czestochowa. A restauração manteve as cicatrizes visíveis como testemunho da Mãe que se compadece e sofre com o seu povo.
O Menino Jesus, sentado no braço esquerdo de Maria, está com a mão direita a abençoar. Seus dedos formam o tradicional sinal bizantino de três dedos erguidos, representando a Santíssima Trindade e dois dedos voltados para baixo, representando a união entre a natureza humana e divina em Cristo. Esse gesto reafirma que Jesus é Deus Uno e Trino. Na mão esquerda, Jesus ostenta as Sagradas Escrituras, pois Ele é o Verbo de Deus feito carne. Suas vestes de cor púrpura e detalhes dourados remontam ao título de Rei do Universo. Em sua “auréola” (nimbo), o Senhor carrega as letras gregas que significam “Aquele que É” (Ex 3, 14).
Este ícone é considerado a imagem mais antiga de Nossa Senhora, conhecida como protetora da vida e vencedora nos combates à frente das batalhas, e tocou o ícone “original” como símbolo de união entre as duas imagens. Sua existência une duas Igrejas irmãs: a Ortodoxa e a Católica, visto que o ícone é transportado entre os templos orientais e ocidentais espalhados por todo o mundo.
Em nossa Diocese de Petrópolis o ícone foi acolhido por Dom Joel Portella Amado. Bispo Diocesano, na Paróquia Santo Antônio do Alto da Serra, juntamente com os padres Alex e Moisés, respectivamente pároco e vigário paroquial, bem como pelo Pe. Flávio, coordenador da Comissão Diocesana de Defesa da Vida, contemplando o Decanato São Pedro de Alcântara. No dia 05/04 o ícone parte para o Santuário Mariano de Corrêas e visita o Seminário Diocesano Nossa Senhora do Amor Divino., contemplando o Decanato Nossa Senhora do Amor Divino. No dia 06/04 o ícone é recebido na Paróquia São Nicolau. Devido as chuvas e a estrada para Teresópolis ficar interditada, o Ícone encerrou em Suruí sua peregrinação na Diocese de Petrópolis.
Assim, agradeçamos ao Senhor a graça de ter o ícone peregrino de Nossa Senhora de Czestochowa entre nós por esses dias, e aproveitemos o olhar amoroso de Maria sobre a nossa Diocese de Petrópolis, especialmente sobre todas as iniciativas à favor da proteção e defesa da vida em nossos território diocesano e em todo o Estado do Rio de Janeiro. Vale lembrar que é indispensável perceber o olhar fixo de Maria Santíssima sobre todos aqueles que diante dela se aproximam e a Ela recorrem. Que Deus, pela intercessão de Nossa Senhora de Czestochowa abençoe a cada um de nós e à nossa Diocese de Petrópolis.
Pe. Flávio Wender Meireles Paladino
Coordenador da Comissão Diocesana de Defesa da vida