A Igreja celebra hoje, a solenidade da Natividade de São João Batista e, segundo Santo Agostinho: “A Igreja celebra o nascimento de João como um acontecimento sagrado. Dentre os nossos antepassados, não há nenhum cujo nascimento seja celebrado solenemente. Celebramos o de João, celebramos também o de Cristo: tal fato tem, sem dúvida, uma explicação. E se não a soubermos dar tão bem, como exige a importância desta solenidade, pelo menos meditemos nela mais frutuosa e profundamente. João nasce de uma anciã estéril; Cristo nasce de uma jovem virgem”.
No vídeo desta semana de Festas Litúrgicas, publicado na WebTv Amor Divino, Padre Leonardo João da Silva, Vigário Paroquial de Sant’Ana e São Joaquim, em Cascatinha, Petrópolis, fala sobre a importância desta solenidade e da figura de João Batista. “A relevância de seu papel reside no fato de ter sido o precursor de Cristo, a voz que clamava no deserto e anunciava a chegada do Messias, insistindo para que os judeus se preparassem, pela penitência, para essa vinda”, afirma o Padre Leonardo João.
A seguir na íntegra o texto de reflexão do sacerdote sobre São João Batista:
“São poucos os santos que a Igreja comemora o nascimento. Em geral, as festas são no aniversário da morte, isto é, da despedida do mundo; o seu nascimento para a vida eterna. Junto com o Natal do Senhor e a natividade de Nossa Senhora, celebramos o Nascimento de São João Batista.
Ele é o primeiro santo venerado na Igreja universal com uma festa litúrgica particular, em data antiquíssima. Santo Agostinho nos diz que o santo já era comemorado a 24 de junho na igreja africana.
A relevância de seu papel reside no fato de ter sido o precursor de Cristo, a voz que clamava no deserto e anunciava a chegada do Messias, insistindo para que os judeus se preparassem, pela penitência, para essa vinda.
Já no Antigo Testamento encontramos passagens que se referem a João Batista. Ele é anunciado por Malaquias e principalmente por Isaías. Os outros profetas são um prenúncio do Batista e é com ele que a missão profética atingiu sua plenitude.
Ele é assim, um dos elos entre o Antigo e o Novo Testamento.
Segundo o Evangelho de Lucas, João, mais tarde chamado o Batista, nasceu em Hebron, nas montanhas da Judéia, cerca de 12 km de Jerusalém, filho do sacerdote Zacarias e de Isabel, parenta próxima de Maria, mãe de Jesus. Lucas narra as circunstâncias sobrenaturais que precederam o nascimento do menino. Isabel, estéril e já idosa, viu sua vontade de ter filhos satisfeita, quando o anjo Gabriel anunciou a Zacarias que a esposa lhe daria um filho, que devia se chamar João.
Depois disso, Maria foi visitar Isabel. Ora quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite? (Lc 1, 41-43). Todas essas circunstâncias realçam o papel que se atribui a João Batista como precursor de Cristo.
Ao atingir a maturidade, o Batista se encaminhou para o deserto e nesse ambiente, preparou-se, através da oração e da penitência – que significa mudança de atitude, para cumprir sua missão. Através de uma vida extremamente coerente, não cessava jamais de chamar os homens à conversão, advertindo: Arrependei-vos e convertei-vos, pois o reino de Deus está próximo. João Batista passou a ser conhecido como profeta. Alertava o povo para a proximidade da vinda do Messias e praticava um ritual de purificação corporal por meio de imersão dos fiéis na água, para simbolizar uma mudança interior de vida.
A vaidade, o orgulho, ou até mesmo, a soberba, jamais estiveram presentes em São João Batista e podemos comprová-lo pelos relatos evangélicos. Por sua austeridade e fidelidade cristã, ele é confundido com o próprio Cristo, mas imediatamente retruca: Eu não sou o Cristo (Jo 3, 28) e não sou digno de desatar a correia de sua sandália. (Jo 1,27). Quando seus discípulos hesitavam, sem saber a quem seguir, ele apontava em direção ao único caminho, demonstrando o Rumo Certo, ao exclamar: Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. (Jo 1,29).
São João Batista batizou Jesus, embora não quisesse fazê-lo, dizendo: Eu é que tenho necessidade de ser batizado por ti e tu vens a mim? (Mt 3,14).”