Ser Santo: Nossa Vocação!

Mons. José Maria Pereira

Todos os Santos, que nos faz saborear a alegria de participar na grande família dos amigos de Deus ou, como escreve São Paulo, de “tomar parte na herança dos santos na luz” ( Cl 1, 12 ). É um convite para elevarmos os olhos ao Céu e meditarmos sobre a plenitude da vida divina que nos espera. Hoje, o nosso coração, superando os confins do tempo e do espaço, dilata-se às dimensões do Céu. No início do Cristianismo, os membros da Igreja eram chamados também “os santos”. São Paulo dirige-se “aos que foram santificados em Cristo Jesus, chamados santos, junto com todos os que, em todo lugar, invocam o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso” ( 1Cor 1,2). De fato, o cristão já é santo, porque o Batismo o une a Jesus e ao seu Mistério Pascal, mas deve ao mesmo tempo tornar-se santo, conformando-se cada vez mais intimamente com Ele. Às vezes, pensa-se que a santidade seja uma condição de privilégio reservada a poucos eleitos. Na realidade, tornar-se santo é tarefa de cada cristão, aliás, poderíamos dizer, de cada homem! O Apóstolo escreve que Deus nos abençoou sempre e nos escolheu em Cristo “para sermos santos e imaculados diante dos seus olhos” (Ef 1,4). Portanto, todos os seres humanos são chamados à santidade que, em última análise, consiste em viver como filhos de Deus, naquela “semelhança” com Ele segundo a qual foram criados. Todos os seres humanos são filhos de Deus, e todos devem tornar-se aquilo que são, através do caminho exigente da liberdade. Deus convida todos a fazer parte do seu povo santo. O “Caminho” é Cristo, o Filho, o Santo de Deus: ninguém chega ao Pai senão por meio d’Ele ( Jo 14,6).

Mas “para que servem o nosso louvor aos santos, o nosso tributo de glória, esta nossa Solenidade?”. Com esta interrogação tem início uma famosa homilia de São Bernardo para o dia de Todos os Santos. É uma pergunta que se poderia fazer também hoje. E atual é inclusive a resposta que o Salmo nos oferece: “Os nossos santos diz não têm necessidade das nossas honras, e nada lhes advém do nosso culto. Por minha vez, devo confessar que, quando penso nos santos, sinto-me arder de grandes desejos”. Eis, portanto, o significado da Solenidade hodierna: contemplando o exemplo luminoso dos santos, despertar em nós o grande desejo de ser como os santos: felizes por viver próximos de Deus, na luz, na grande família dos amigos de Deus. Ser santo significa: viver na intimidade com Deus, viver na sua família. Esta é a vocação de todos nós, reiterada com vigor pelo Concílio Vaticano ll, Capítulo V da Lumen Gentium, números 39 – 42. No início do Cristianismo, os membros da Igreja eram chamados também “os santos”. Na Primeira Carta aos Coríntios, por exemplo, São Paulo dirige-se “aos que foram santificados no Cristo Jesus, chamados a serem santos, junto com todos os que, em qualquer lugar, invocam o nome Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso” (1Cor1,2). De fato, o cristão já é santo, porque o Batismo o une a Jesus e ao seu Mistério Pascal, mas deve ao mesmo tempo tornar-se santo, conformando-se cada vez mais intimamente com Ele. Às vezes pensa-se que a santidade seja uma condição de privilégio reservada a poucos eleitos. Na realidade, tornar-se santo é tarefa de cada cristão, aliás, poderíamos dizer, de cada homem! O Apóstolo escreve que Deus nos abençoou sempre e nos escolheu em Cristo “para sermos santos e imaculados diante dos seus olhos” ( Ef 1,4 ). Portanto, todos os seres humanos são chamados à santidade que, em última análise, consiste em viver como filhos de Deus, naquela “semelhança” com Ele segundo a qual foram criados. Todos os seres humanos são filhos de Deus, e todos devem tornar-se aquilo que são, através do caminho exigente da liberdade. Deus convida a todos a fazer parte do seu povo santo. O “Caminho” é Cristo, o Filho, o Santo de Deus: ninguém chega ao Pai senão por meio d’Ele ( Jo 14,6 ).

Como podemos tornar-nos santos, amigos de Deus? A esta interrogação pode-se responder, antes de tudo, de forma negativa: para ser santo não é necessário realizar ações nem obras extraordinárias, nem possuir carismas excepcionais. Depois, vem a resposta positiva: é preciso, sobretudo, ouvir Jesus e depois segui-Lo sem desanimar diante das dificuldades. O exemplo dos santos constitui para nós um encorajamento a seguir os mesmos passos, a experimentar a alegria daqueles que confiam em Deus, porque a única verdadeira causa de tristeza e de infelicidade para o homem é o fato de viver longe de Deus.

Nos santos vemos a vitória do amor sobre o egoísmo e sobre a morte: vemos que seguir Cristo conduz à vida, à Vida Eterna, e dá sentido ao presente, a cada momento que passa, porque o enche de amor, de esperança. Só a fé na Vida Eterna nos faz amar deveras a História e o presente, mas sem se prender, na liberdade do peregrino, que ama a Terra porque tem o coração no Céu.

A santidade exige um esforço constante, mas é possível para todos porque, mais do que uma obra do homem, é sobretudo um dom de Deus, três vezes Santo ( Cf. Is 6, 3 ). A santidade – imprimir Cristo em si mesmo – é a finalidade de vida do cristão.

Nossa vocação é para a Santidade! É o que nos atesta São Paulo: “Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1Tes 4, 3).

A Igreja convida-nos, hoje, a pensar naqueles que, como nós, passaram por este mundo lutando com dificuldades e tentações parecidas às nossas, e venceram. É essa grande multidão que ninguém poderia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, como nos fala São João em Ap. 7, 2 -14. Todos estão marcados na fronte, revestidos de vestes brancas, lavados no Sangue do Cordeiro (Ap 7, 4). A marca e as vestes são símbolo do Batismo, que imprime no homem, para sempre, o caráter da pertença a Cristo, e a graça renovada e aumentada pelos sacramentos e pelas boas obras.

Hoje festejamos e pedimos ajuda à multidão incontável que alcançou o Céu depois de ter passado por este mundo semeando amor e alegria quase sem terem consciência disso; recordamos aqueles que, enquanto estiveram entre nós, se ocuparam talvez num trabalho semelhante ao nosso: empregados de escritório, comerciantes, empregadas domésticas, professores, secretárias, trabalhadores da cidade e do campo… Lutaram com dificuldades parecidas às nossas e tiveram que recomeçar muitas vezes, como nós procuramos fazer.

Todos fomos chamados a alcançar a plenitude do Amor, a lutar contra as nossas paixões e tendências desordenadas, a recomeçar sempre que preciso, porque “a santidade não depende do estado – solteiro, casado, viúvo, sacerdote – mas da correspondência pessoal à Graça que é concedida a todos nós” (São Josemaria Escrivá). A Igreja recorda-nos que o trabalhador que todos as manhãs empunha a sua ferramenta ou caneta, ou a mãe de família que se ocupa em seus trabalhos domésticos, no lugar que Deus lhes designou, devem santificar-se cumprindo fielmente os seus deveres.

Agora podemos fazer nossa a oração de Santa Teresa, que ela mesma escutará: “Ó almas bem-aventuradas, que tão bem soubestes aproveitar e comprar herança tão deleitosa…! Ajudai-nos, pois estais tão perto da fonte; obtei água para os que aqui perecemos de sede”.

Nós somos ainda a Igreja peregrina que se dirige para o Céu; e, enquanto caminhamos, temos de reunir esse tesouro de boas obras com que um dia nos apresentaremos a Deus. Ouvimos o convite do Senhor: “Se alguém quer vir após Mim…” Todos fomos chamados à plenitude da vida em Cristo. O Senhor chama-nos numa ocupação profissional, para que ali o encontremos, realizando as nossas tarefas com perfeição humana e, ao mesmo tempo, com sentido sobrenatural: oferecendo a Deus, vivendo a caridade com os nossos colegas, praticando a mortificação de um trabalho perfeitamente terminado, procurando já aqui na terra o rosto de Deus, a quem um dia veremos face a face.

“Para amar a Deus e servi-Lo, não é necessário fazer coisas estranhas. Cristo pede a todos os homens, sem exceção, que sejam perfeitos como o seu Pai celestial é perfeito (Mt. 5, 8). Para a grande maioria dos homens, ser santo significa santificar o seu trabalho, santificar-se no seu trabalho e santificar os outros com o seu trabalho, e assim encontrar a Deus no caminho da vida” (São Josemaria Escrivá).

Vale a pena meditar as palavras de São João Paulo II, referindo-se a São Josemaria Escrivá, apontando a santidade ao alcance de todos: “ São Josemaria foi escolhido pelo Senhor para anunciar a chamada universal à santidade e mostrar que as atividades correntes que compõem a vida de todos os dias são caminho de santificação. Pode-se dizer que foi o santo do cotidiano. De fato, estava convencido de que, para quem vive sob a ótica da fé, tudo é ocasião de um encontro com Deus, tudo se torna um estímulo para a oração. Vista desta forma, a vida diária revela uma grandeza insuspeitada. A santidade apresenta-se verdadeiramente ao alcance de todos” (São João Paulo II).

O que fizeram essas mães de família, esses intelectuais ou operários…, para estarem no Céu? Pois bem, procuraram santificar as pequenas realidades diárias! E é isso o que temos de fazer: ganhar o Céu todos os dias com as coisas que temos entre mãos, entre as pessoas que Deus colocou ao nosso lado.

Encontramo-nos a Caminho do Céu e muito necessitados da misericórdia do Senhor!

Neste dia sentimos reavivar em nós a atração para o Céu, que nos estimula a apressar o passo da nossa peregrinação terrena. Sentimos acender nos nossos corações o desejo de nos unirmos para sempre à família dos santos, da qual já agora temos a graça de fazer parte. Como diz um famoso canto espiritual: “Quando vier a multidão dos teus santos, como gostaria, Senhor, de estar entre eles!”. Possa esta bonita aspiração arder em todos os cristãos, e ajudá-los a superar todas as dificuldades, qualquer receio, todas as tribulações! Ponhamos a nossa mão na mão materna de Maria, Rainha de todos os Santos, e deixemo-nos conduzir por ela rumo à pátria celeste, na companhia dos espíritos bem-aventurados “de todas as nações, povos e línguas” (Ap 7, 9 ).

Invoquemos especialmente Maria, Mãe do Senhor e espelho de toda a santidade. Ela, a Toda Santa, nos faça ser fiéis discípulos do seu Filho Jesus Cristo! Amém

 

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