Em Isaías 58, 1-9
O profeta diz o que pensa o Senhor sobre a maneira das pessoas mostrarem-se religiosas: fazem jejuns, privam-se de muitas coisas, mas não mudam seu coração no tratamento dos outros, cometendo injustiças. Não tem sentido querer compensar seus pecados diante de Deus com gestos externos de sacrifícios se a maneira de lidar com as pessoas não mostra consideração por elas no que são e no que precisam.
Jesus falou algumas vezes que o que mostramos em nossa vida deve corresponder ao que queremos e pensamos. Para que realizemos o ideal que o Senhor pensou para cada um de nós, temos de ser sempre verdadeiros.
Às vezes não por falta de sinceridade, mas porque de fato não é fácil este equilíbrio quando tentamos fazer o melhor não conseguimos.
Jesus fala aos fariseus criticando sua maneira religiosa de viver, seguindo externamente o que manda a lei, mas não sentindo em seu coração o que mostravam em seu exterior.
É o que comentamos antes. Por isso na quaresma programemos o que precisamos fazer para ser mais austeros e sóbrios no comer, beber e nas distrações, para com isso focalizar-nos mais na Palavra de Deus que pede renovação de vida para este tempo e preparação para o resto do ano.
Cristo também nos chama à atenção para o valor da convivência com as pessoas. É sempre bom relembrar: Deus nos fez seus filhos, por isso somos todos irmãos. E quem não trata bem o irmão entristece seus pais e decepciona a Deus nosso Pai, que nos ama a todos com imenso amor e quer que este seu amor tome conta de nosso coração e de nossa vida para nos ligar sempre a todos como nossos irmãos.
Em Mateus 9, 14-15
Os discípulos de João perguntam a Jesus porque eles e os fariseus fazem jejum e os discípulos de Jesus, não. Jesus responde: “que os amigos do noivo não fazem jejum quando estão com o noivo. Depois sim, farão.”
Quando os profetas apresentavam a figura do Messias, os acontecimentos que teriam lugar com sua chegada, chamavam à atenção principalmente para clima de alegria, festa, novos tempos, transformação da realidade para criar uma renovação para melhor.
E de fato neste sentido por onde Jesus passava tudo se transformava, as pessoas sentiam que era um tempo novo, os doentes se curavam, as pessoas deixavam o que estavam fazendo para ficar com Jesus, sem pensar nem no cansaço, nem na fome, nem em tristezas.
A imagem que Jesus apresentava e usa neste momento é a festa de casamento, que aliás sempre ajuda em outras ocasiões, para significar sim que o Noivo estava chegando, o centro da comemoração estava em destaque, como nos casamentos judeus: todos esperavam o noivo, que era o centro das atenções, como sinal do chefe de família, que chama ou está presente, que distribui os bens para todos.
Festa é festa, tudo é alegria comunicativa que se manifesta na comida, na refeição abundante para todos (multiplicação dos pães!), na bebida, no vinho saboroso que nunca podia faltar (olhe o milagre em Caná!).
Os chefes religiosos que não aceitavam Jesus como o Salvador prometido, anunciado e esperado pelos profetas, não entendiam que era tempo e festa, e que festa!
Seria uma ofensa participar duma comemoração dessas e não tocar em comida oferecida com tanta abundância e variedade, não beber nem comemorar com os outros com a bebida que despertava mais ainda a união de todos na cerimônia.
A razão da presença de Jesus não era a de um juiz que vem pedir contas das responsabilidades de cada um, nem de ajuste de contas. Era a de um pai, de um pastor carinhoso e cuidadoso com suas ovelhas, de uma quase mãe acolhendo com tanto carinho as crianças. De um médico que com sua competência cura as doenças, para trazer de volta a alegria da vida.