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Imagem de Deus e Racionalidade: o Pensamento de Tomás de Aquino – Pe. Anderson Alves

Anteriormente, mencionamos que, de acordo com Tomás de Aquino, Jesus Cristo, o Primogênito de toda a criação, é a imagem perfeita de Deus, pois Nele se realiza plenamente o conceito de “imagem”. No entanto, o homem não é “a imagem” de Deus, mas foi criado “à imagem” de Deus, pois possui uma semelhança imperfeita com Deus. A semelhança perfeita só pode ocorrer quando há identidade de natureza, e o homem não é um ser divino, mas uma criatura de Deus.

O segundo artigo de S. Th., I, q.  93 traz uma pergunta: a imagem de Deus se encontra nas criaturas irracionais? Parece que sim, pois as realidades causadas possuem em si uma imagem contingente das suas causas. De fato, um axioma medieval diz que todo agente produz algo semelhante a si e as realidades criadas parecem trazer a marca do seu Criador.

Tomás esclarece que não é qualquer semelhança, mesmo que expresse a outra realidade, que constitui a razão de imagem. Uma semelhança genérica ou de acordo com algum acidente comum não se refere à imagem. Se algo se torna branco e semelhante a outra coisa, não é, por isso, imagem da outra coisa branca. A imagem ocorre quando algo tem uma semelhança com outra realidade de acordo com a espécie, como a imagem do rei está em seu filho; ou de acordo com algum acidente próprio da espécie, principalmente a figura, como ocorre quando a imagem de um rei está na moeda de cobre cunhada por ele. Segundo Santo Hilário, a imagem é definida pelo fato de ser uma representação sem diferenças (“species indifferens”).

Portanto, a razão de imagem ocorre de acordo com uma diferença última. Nesse sentido, pode-se dizer que algumas realidades se assemelham a Deus de uma maneira mais geral, enquanto existem (e possuem semelhança com Deus, o Ser mais perfeito); outras realidades se assemelham a Deus pelo fato de estarem vivas; um terceiro grupo, no entanto, é imagem de Deus enquanto possui sabedoria e inteligência. Esta é a última diferença que distingue os humanos (e os anjos) dos demais seres e, por isso, apenas as criaturas inteligentes são, de maneira própria, imagem de Deus. Segundo Santo Agostinho, as criaturas inteligentes “são tão próximas de Deus nessa semelhança que nada nas criaturas é mais próximo Dele”.

Assim, as demais criaturas, na medida em que existem e vivem, possuem certa semelhança com Deus, embora não tenham sido criadas “à imagem” de Deus. A imagem implica, portanto, a semelhança de natureza. Pelo fato de existirem, os seres se assemelham ao primeiro ser (Deus); e os seres vivos são semelhantes ao primeiro ser vivo. No entanto, a sabedoria divina se reflete nos seres inteligentes, e isso é a razão pela qual é possível dizer que eles foram criados “à imagem” de Deus. Apropriadamente, apenas os seres racionais foram criados “à imagem e semelhança’ de Deus” (Gen 1, 26-27).

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