Pesquisadores como Marc Hauser propõem que a mente humana possui uma capacidade inata para adquirir uma “gramática moral universal”, um conjunto de princípios morais comuns a todos os seres humanos (Menti morali. Le origini del bene e del male, 2007). Essa hipótese é semelhante à aquisição da linguagem, conforme a teoria neurolinguística de Chomsky.
Hauser sugere que a aquisição do conhecimento moral segue um programa inato, análogo à aprendizagem da linguagem. Segundo ele, as pessoas possuem disposições inatas da mente que permitem o desenvolvimento de princípios éticos, posteriormente moldados pela experiência. Haidt e Joseph dizem que as pessoas, ao serem questionadas sobre os seus princípios, respondem rapidamente: “eu não sei porque, não sei explicá-lo, mas simplesmente isso é errado” (The moral mind. Disponível em: https://psycnet.apa.org/record/2008-04849-019).
Com efeito, pesquisas empíricas mostram que crianças pequenas adquirem normas morais precocemente. Por volta de um ano e meio, elas já distinguem entre “como algo é” e “como deveria ser”. Estudos indicam que essas normas são internalizadas com mínima influência da aprovação ou reprovação dos adultos (Barone – Bacchini, Le emozioni nello sviluppo relazionale e morale, 2009).
Aos três ou quatro anos, as crianças são capazes de distinguir entre normas convencionais e morais, mesmo quando desafiadas por figuras de autoridade ou ambientes adversos (Joyce, The Evolution of Morality, 2006, p. 136). Com 4 anos, as crianças “estão de acordo no considerar que roubar seja uma ação má” e que vitimizar alguém seja uma ação profundamente errada (Barone – Bacchini, Le emozioni nello sviluppo relazionale e morale, pp. 155-156). Essas descobertas reforçam a ideia de uma capacidade moral inata e universal, que permite às crianças formular juízos morais consistentes.
A hipótese da gramática moral universal sugere que todos os seres humanos possuem uma capacidade inata para compreender princípios morais básicos, que são posteriormente refinados e aplicados de acordo com a experiência e o contexto cultural. Esse entendimento reforça a noção de universalidade ética.