A Webtv Amor Divino entrevistou o secretário de Proteção e Defesa Civil de Petrópolis, Guilherme Moraes para discutir as ações da pasta e a importância da Campanha da Fraternidade 2025, cujo tema é Fraternidade e Ecologia Integral. Durante a conversa, foram abordadas iniciativas de conscientização ambiental e a necessidade de fortalecer a cultura da prevenção na cidade.
O Guilherme Moraes destacou a relevância da participação das instituições religiosas na disseminação de informações sobre mudanças climáticas e medidas de segurança. Como parte desse esforço, a Diocese está discutindo a criação da Pastoral do Meio Ambientes com agentes ambientais pastorais em suas paróquias, que atuarão de forma semelhante aos Núcleos Comunitários de Defesa Civil (NUDECs), promovendo ações educativas e de resposta a emergências.
Sobre os desafios enfrentados por Petrópolis, o Guilherme Moraes ressaltou que a Defesa Civil opera em regime de monitoramento contínuo, utilizando tecnologias como pluviômetros, sirenes e o sistema de alertas via SMS e Cell Broadcast. Além disso, ele reforçou a importância da sociedade acompanhar os avisos meteorológicos e seguir as orientações das autoridades para reduzir riscos em períodos de chuvas intensas e outros fenômenos climáticos extremos.
A entrevista também evidenciou a necessidade de desenvolver a cultura de prevenção desde a infância, como já ocorre em países como Japão e Estados Unidos. Segundo o Guilherme Moraes, programas como Escola Resiliente e NUDEC Mirim visam educar as novas gerações para que hábitos de segurança se tornem naturais no dia a dia.
Por fim, ele confirmou que a Secretaria de Defesa Civil está trabalhando continuamente para melhorar a infraestrutura e os processos internos, incluindo novas parcerias com órgãos estaduais e federais. Um dos avanços previstos é a implantação do radar Banda X, que possibilitará previsões meteorológicas mais precisas para a região serrana.
A Diocese de Petrópolis reiterou seu compromisso em contribuir com ações de conscientização e prevenção, colocando-se à disposição para futuras parcerias voltadas à segurança da população.
Leia a entrevista e assista ao vídeo e pode ser ouvido nos Streaming e podcast.
Rogerio Tosta: Secretário, a Igreja Católica, por meio da Campanha da Fraternidade, que já acontece há mais de 60 anos, escolheu este ano o tema Fraternidade e Ecologia Integral, inspirado na encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco, que trata especificamente da questão ambiental. Em sua opinião, qual é a importância de uma instituição religiosa, como a Igreja Católica, abordar essa temática e apresentar propostas para melhorar a qualidade do meio ambiente?
Guilherme Moraes: Sabemos que as entidades religiosas desempenham um papel fundamental na sociedade. Elas criam um elo importante entre a comunidade e as autoridades. Muitas pessoas enxergam nas orientações religiosas diretrizes essenciais para um caminho seguro e correto a seguir. Historicamente, as instituições religiosas sempre estiveram envolvidas em ações sociais e de apoio à população. Quando falamos sobre Defesa Civil e mudanças climáticas, esse papel se torna ainda mais relevante.
Com o aquecimento global, eventos climáticos extremos estão se tornando mais frequentes e intensos – chuvas mais fortes, secas prolongadas, entre outros fenômenos. A Igreja pode ser um elo fundamental na disseminação de conceitos essenciais de prevenção e resiliência. Quando os líderes religiosos estão bem-informados sobre esses temas, eles podem preparar melhor a comunidade, implementando ações que auxiliem a população a se adaptar e a reagir a essas mudanças de maneira adequada. Acredito que trazer esse tema para dentro da Igreja e promover a conscientização ambiental é um avanço significativo.
Rogerio Tosta: Uma das propostas da Diocese de Petrópolis que está em estudo é a criação de agentes ambientais pastorais. Esses agentes teriam um papel semelhante ao dos Núcleos Comunitários de Defesa Civil (NUDECs), ajudando na preservação do meio ambiente e atuando também em ações de prevenção e resposta a desastres nas comunidades. Como o senhor enxerga essa iniciativa?
Guilherme Moraes: Eu não apenas acho essa ideia excelente; tenho certeza de que ela é fundamental! A Defesa Civil só se fortalece com o engajamento da comunidade. Digo frequentemente aqui na Secretaria que o Estado, por melhor estruturado que seja, não consegue alcançar toda a população em tempo integral. Esse buraco só pode ser preenchido com comunidades bem capacitadas e preparadas.
Portanto, a Defesa Civil está de portas abertas para essa iniciativa. Podemos promover treinamentos e capacitações para esses agentes ambientais das paróquias, fornecendo-lhes conhecimento técnico e estratégias eficazes. Dessa forma, eles poderão atuar de maneira legítima e eficiente, ajudando a sua comunidade a se tornar mais resiliente às mudanças climáticas e a outros desafios ambientais. Acabamos de realizar um treinamento de formação continuada para os NUDECs, por exemplo, capacitando os participantes em percepção de risco, monitoramento e protocolos de alerta e alarme. Vamos continuar apoiando e promovendo ações como essa.
Rogerio Tosta: Sabemos que o mundo está passando por mudanças climáticas intensas – chuvas fortes, ondas de calor extremo, períodos frios inesperados. No Brasil, que tem dimensões continentais, diferentes condições climáticas podem ocorrer simultaneamente em um mesmo dia. Como os moradores de Petrópolis e da Região Serrana podem se preparar para enfrentar esses desafios e qual é o papel da Defesa Civil nesse contexto?
Guilherme Moraes: A Defesa Civil está em alerta 24 horas por dia. Contamos com uma equipe técnica que monitora constantemente os avisos hidrometeorológicos. Para a população, é essencial acompanhar as atualizações divulgadas em nossos canais oficiais, como redes sociais e SMS. Qualquer cidadão pode cadastrar seu telefone no número 4099, enviando o CEP de sua localidade, para receber alertas diretamente no celular.
Além disso, recentemente adotamos o Cell Broadcast, uma ferramenta que permite enviar alertas urgentes para os celulares da população sem a necessidade de cadastramento prévio. Também contamos com sirenes de emergência em áreas de risco. Todas essas medidas visam garantir que as pessoas sejam informadas com antecedência sobre eventos climáticos adversos e possam tomar as precauções necessárias.
Rogerio Tosta: Em outros países, como Japão e Estados Unidos, há um forte compromisso da população em atender aos alertas de emergência. No Japão, por exemplo, passageiros de um avião evacuaram rapidamente após um alerta, salvando a vida de todos. O Brasil ainda está desenvolvendo essa cultura da prevenção. Como podemos avançar nesse aspecto?
Guilherme Moraes: O Japão e os Estados Unidos são exemplos de sociedades resilientes, onde a cultura da prevenção está profundamente enraizada. Desde crianças, os cidadãos aprendem sobre segurança e proteção civil na escola e levam esse conhecimento para a vida. Isso é o que buscamos implementar também aqui.
Na Secretaria de Defesa Civil, temos programas como NUDEC Mirim e Escola Resiliente, que ensinam conceitos de prevenção para os jovens. É essencial que crianças e adolescentes cresçam compreendendo a importância de seguir os protocolos de segurança, para que, no futuro, essas atitudes se tornem naturais, assim como colocar o cinto de segurança no carro. Quando a cultura da prevenção se torna algo automático, conseguimos salvar muitas vidas.
Rogerio Tosta: Especificamente em relação a Petrópolis, sabemos que ainda há muitos desafios, especialmente nas áreas atingidas pelos desastres de 2022. Como a Defesa Civil tem atuado e quais são as medidas em andamento para tentar solucionar esses problemas?
Guilherme Moraes: Desde que assumi o cargo, meu foco principal tem sido estruturar e aprimorar os processos internos para que possamos atender melhor a população. Temos uma equipe extremamente qualificada e comprometida. Além disso, reforçamos parcerias com a Defesa Civil estadual e federal, solicitamos recursos e estamos implementando melhorias tecnológicas, como a chegada do radar Banda X, prevista para junho, o que permitirá previsões meteorológicas mais precisas.
Sabemos que a cultura de prevenção na Defesa Civil do Brasil ainda é recente, tendo se consolidado principalmente após as tragédias de 2011. No entanto, estamos sempre inovando e buscando proporcionar respostas mais rápidas e eficientes para a população.