O 5º Encontro Nacional da Pastoral da Comunicação (Pascom), que teve como tema Comunicação e Liturgia, terminou domingo, dia 17 de julho, com a consagração a Nossa Senhora e envio dos agentes da Pascom. Durante todo o encontro, entre os dias 14 a 17, os agentes da Pascom tiveram a oportunidade de discutir, falar, meditar e trocar experiências sobre a relação liturgia e comunicação, sempre acompanhados pelos membros das comissões episcopais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para Comunicação e Liturgia.
A Diocese de Petrópolis foi representada pelo coordenador Diocesano da Pascom, Padre Alexandre Brandão e pelo assessor da Pascom, Rogerio Tosta. Na avaliação deles as conferências foram muito importantes, lembrando que na Diocese, desde o inicio do trabalho da Pascom sempre houve preocupação com a liturgia.
O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Comunicação, Dom Darci José Nicioli, CssR, arcebispo de Diamantina (MG), ao final do encontro, manifestou sua alegria pelo 5º Encontro Nacional da Pascom, destacando a presença de mais de dez bispos e mais de 30 padres, diáconos e religiosos e religiosas. Ele agradeceu a participação dos mais de 900 agentes da Pascom representando as mais diferentes regiões e dioceses do Brasil.
Antes de dar a benção final, Dom Darci sugeriu que o 6º Encontro, a ser realizado em 2018, tenha como tema Comunicação e Transparência, aproveitando o momento político das eleições nacional e regionais. “Falamos muito de ética na comunicação e podemos aproveitar que estaremos no clima das eleições nacional e regional e discutir o tema transparência na comunicação”, comentou.
Para Dom Darci Nicioli a parceria com a Comissão Episcopal para Liturgia foi muito importante e por isso, que no próximo encontro em 2018 possa ser realizado em parceria com a Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz. O assessor nacional da Comissão para Liturgia, Frei Faustino Paludo (OFMCap) disse que a parceria com a Comunicação era muito desejada e vinha sendo discutida deste a elaboração do Diretório Nacional de Comunicação.
“Há muito tempo queríamos fazer esse trabalho conjunto entre comunicação e liturgia. Sobre tudo a partir de todo trabalho realizado no Diretório Nacional de Comunicação, quando houve um grande trabalho entre as duas comissões e falávamos que deveria haver um momento para tratar deste assunto, pois liturgia na sua essência é comunicação. E depois há muito trabalhos dos agentes da comunicação envolvidos com a liturgia, por isso, precisamos aprofundar esta relação para que os momentos celebrativos transmitidos sejam evangelizadores”, disse Frei Faustino.
Momentos preciosos para os agentes da Pascom
Os agentes da Pascom, juntamente com os bispos e padres, viveram alguns momentos preciosos durante o 5º Encontro Nacional da Pascom, tendo como ponto alto a visita, na noite de sexta-feira, a visita à Capela dos Apóstolos, que fica atrás do Nicho, onde está a imagem de Nossa Senhora Aparecida, para visitação dos fiéis. Esta Capela somente é aberta quando acontece a troca do manto da imagem e somente tem acesso os padres redentoristas, o arcebispo de Aparecida e convidados. A Capela, apesar de está prevista no projeto original do Santuário, foi concluída no ano de 2007 para visita do Papa Bento XVI e foi visitada pelo Papa Francisco, quando esteve no Brasil para a Jornada Mundial da Juventude.
Os agentes da Pascom tiveram esta oportunidade, após a visita guiada ao Santuário Nacional, quando tiveram uma aula sobre os vários aspectos da Basílica, principalmente explicação teológica sobre os quadros que estão sendo pintados pelo artista Claudio Pastro. A explicação de todo espaço foi realizada pela guia Zuleide, que faz parte da equipe preparada pelo artista.
Outro momento importante para os participantes do encontro foi o monólogo Santa Tereza, apresentado na noite de sábado, no Centro de Convenções do Santuário. A apresentação foi realizada pela atriz Gabriela Cerqueira, que apresentação a biografia de Santa Tereza do Menino Jesus a partir dos seus escritos da santa. O texto, segundo dados dos organizadores do espetáculo, foi criado a partir de uma colagem de fragmentos dos escritos de Santa Teresa: poesias, peças de teatro, recreios piedosos, cartas, suas últimas palavras anotadas pelas irmãs que cuidaram dela até sua morte e os escritos de História de uma alma.
Além destes dois momentos culturais e religiosos, os agentes da Pascom com a assistência dos bispos e dos padres tiveram a oportunidade de participar da cerimônia de abertura com a apresentação da Sagrada Escritura, na sexta-feira da Celebração da Misericórdia, aproveitando o Ano da Misericórdia, no sábado a missa na Basílica, presidida por Dom Darci, com a participação de dez bispos e mais de 30 padres e no domingo, antes do encerramento, a missa dominical e a consagração da Pascom a Nossa Senhora.
Liturgia e Comunicação: uma comunhão perfeita
As palavras de Frei Faustino, assessor da Comissão Episcopal para Liturgia, resume o objetivo dos três dias de encontro da Pascom: “A liturgia na sua essência é comunicação”. Este foi o principal motivo que levou as duas comissões episcopais a trabalhar para que o encontro falasse de liturgia/comunicação e comunicação/liturgia.
Na primeira conferência, na abertura do evento, Frei José Ariovaldo Da Silva (OFM) deixou isto claro ao afirma que a comunicação está presente em todo texto litúrgico, lembrando que a palavra comunicação em latim vem do verbo “comunicare”, que se liga ao adjetivo “comunis”, cujo significado seria “pertence a todos”. Ele explicou que, quando elas aparecem no Missal, são traduzidas do latim como comunicar e comunhão, cujo sentido é partilhar, dividir.
Frei Ariovaldo frisou ainda que a plenitude da comunicação de Deus com o ser humano é feita por meio de Maria, onde, segundo ele, houve uma comunicação perfeita. Ele também chamou atenção para os exageros que se cometem na liturgia, quando não se permite que o silencio fale e que a utilização de instrumentos atrapalha as pessoas a contemplar a beleza da liturgia que leva ao encontro, diálogo e comunicação com Deus.
Na sexta-feira, os participantes tiveram a oportunidade de ouvir o Padre Luiz Eduardo Baronto falar sobre Comunicação e anúncio da Palavra. Ele, como afirmou, tomou a decisão de priorizar a homilia, brincando que “aqui estão os padres e suas vítimas”. Padre Boronto frisou que “homilia não é sermão e homilia não é lugar para tratar de temas, é momento para falar da Palavra de Deus, pois faz parte da celebração e se bem preparada mantém a unidade de toda celebração litúrgica”.
Entre os muitos erros apontados pelo padre nas homilias alguns são: falar sobre coisas que Deus não falou; falar sobre um tema e não sobre as escrituras; falar mais de dez minutos; não fazer relação com a vida e nem com o que se celebra. “A homilia deve integrar as leituras a liturgia do dia. Deve-se pensar a homilia como integração com a liturgia e não algo a parte”.
Ele destacou ainda que, as novenas de santos são importantes, mas alertou que os temas propostos para cada dia deve estar ligado a liturgia do dia, isto é, a leitura do dia. “Se quer falar sobre tema específico, sobre um aspecto do santo, então não é homilia é sermão e não deve ser feito, pois a homilia deve ser para falar das leituras”, frisou, sugerindo que o tema, sobre um pensamento de um santo seja feito ao final da missa e que se faça uma homilia de cinco minutos ou não fale nada.
No sábado, duas conferências. A primeira, “Comunicação e linguagem visual”, seria apresentado pelo artista plástico Claudio Pastro, mas devido a problemas com saúde, o tema foi apresentado pelo Padre Tiago Faccini. Ele iniciou lembrando que há uma falha na comunicação quando se aproveita bem os sinais do rito litúrgico.
Ele destacou que os espaços religiosos precisam ser bem pensados e planejados para ajudar as pessoas a viverem o que se está celebrando. Padre Tiago utilizou a visita guiada a Basílica de Nossa Senhora, frisando que “a partir da explicação sobre as pinturas, todos temos uma visão diferente e ao olhar para as imagens, elas nos levam a viver mais a celebração”.
A segunda conferência da manhã de sábado foi com Moisés Sbardelotto, que falou sobre “As novas tecnologias e a liturgia”. Ele mostrou como ocorreram as mudanças nas formas de comunicação ao longo dos anos e que alguns instrumentos estão sendo utilizados nas celebrações, frisando que é preciso discutir qual a eficácia dos instrumentos modernos de comunicação na evangelização e a melhor forma de utilizá-los.
Além das conferências, os agentes da Pascom participaram de vários seminários, realizados na sexta e no sábado: Dinamismo da comunicação na liturgia; celebração litúrgica na mídia; Comunicação e espaço sagrado; Comunicação corporal e liturgia; Dicas para a Pascom Paroquial; Como viabilizar projetos da Pascom.