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Do Ethos à Physis: A Evolução da Ética na Filosofia Ocidental

Pe. Anderson Alves

O termo “ética” é antiquíssimo, presente nos títulos de grandes obras de Aristóteles, como “Ética a Nicômaco”, “Ética a Eudemio” e “Grande Ética”. Deriva da palavra grega ethos (com eta inicial), que significa “caráter” ou “modo de ser”. Aristóteles derivou ethos de êthos (com épsilon inicial), traduzido como “costume” ou, em um sentido mais antigo, “casa”, “residência” ou “lugar onde se habita”.

Heidegger, em sua “Carta sobre o Humanismo”, afirma que a ética é a reflexão que confirma a “morada” do homem no ser, ou seja, a relação com a verdade do ser como elemento originário e constitutivo da existência humana. Embora Heidegger aproxime ética e ontologia de forma excessiva (Luño, Ética, 1992), essa perspectiva oferece uma reflexão interessante.

Segundo Aristóteles, a physis ocorre por necessidade, sempre. O homem, através de sua ação livre, transforma a physis em ethos, ou seja, o mundo em casa. Nessa casa, o homem age livremente e transforma não apenas a physis segundo uma ideia de bem (poiesis), mas também a si mesmo e seu caráter (praxis), através da aquisição de virtudes (hexis).

A ética, portanto, estuda o modo de ser ou agir humano, conduzindo a uma vida virtuosa. Na perspectiva aristotélica, a physis representa a natureza que tende ao bem, enquanto o ethos é a transcrição dessa tendência na ação humana e nas estruturas sociais que dela resultam. A ação humana, ou práxis, é articulada por hábitos ou virtudes, guiada pelo “logos” que busca um fim racional.

Além disso, Aristóteles ressalta que a ética não é apenas uma disciplina teórica, mas prática. O objetivo da ética não é apenas compreender o que é a virtude, mas aplicar esse conhecimento para tornar os homens bons e capazes de agir de maneira virtuosa. A ética é, portanto, uma ciência que orienta a vida moral e as ações humanas, visando à formação de um caráter virtuoso e à promoção do bem.

Essa visão ética influenciou profundamente a tradição filosófica ocidental, sendo retomada e reinterpretada por diversos pensadores ao longo dos séculos. Por exemplo, Santo Tomás de Aquino integrou a ética aristotélica à teologia cristã, enquanto Immanuel Kant desenvolveu uma ética baseada na racionalidade e na autonomia moral do indivíduo. Na era contemporânea, a ética continua a evoluir, buscando respostas para os desafios de um mundo cada vez mais complexo e interconectado.

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