A esperança é uma força poderosa que nos impulsiona a buscar o bem e a felicidade, mesmo diante de desafios e incertezas. O termo “esperança” pode ter vários significados, mas todos estão relacionados ao desejo e à confiança em um futuro melhor. Humanamente falando, esperar é uma das formas de tender ao bem. O apetite humano, seja sensível ou racional, tende ao bem; em primeiro lugar, pelo amor, que une o sujeito ao objeto, o apetite ao bem. Se esse bem é distante ou não se possui ainda plenamente, o apetite tende a ele pelo desejo ou esperança. Se o bem está presente e é possuído, o amor se traduz em gozo e satisfação (TOMÁS DE AQUINO, In Sent. III, dist. 26, q. 2, a. 1, ad 3).
A esperança, portanto, é uma tendência ao bem, mas a um bem que não se possui. Não é o gozo nem a satisfação, que são consequências da perfeita posse; nem o amor, que supõe já uma certa posse ou contato direto com o que se ama, e que sustenta a esperança. A esperança é distinta do simples desejo, que busca o bem enquanto deleitável, sem levar em conta se é possível; é distinta, logicamente, do desespero, que se dá quando esse bem difícil não se vê possível de alcançar. Pode-se dizer que a esperança é um desejo com confiança (TOMÁS DE AQUINO, De Spe, a. 1).
Enquanto supõe confiança, a esperança deve apoiar-se em algo que dê essa confiança: as próprias forças, a ajuda de outra pessoa ou pessoas, o concurso da natureza, uns meios concretos etc. Não basta a simples atração do bem buscado. Por isso, na linguagem ordinária se fala tanto de esperar no bem desejado como de esperar no motivo dessa esperança.
Como se vê, a esperança, ainda desde o ponto de vista simplesmente humano, é muito importante, pois se refere à relação com o futuro; mas indica uma relação aberta, já que é confiança no futuro; e por isso, é uma relação eficaz: um verdadeiro movimento decidido e seguro para adiante, até algo atraente, e não para o vazio ou para o desconhecido. O homem não pode viver sem esperança, já que a vida humana é necessariamente um desenvolvimento, uma tendência para sua própria perfeição e felicidade. Por isso, a ausência radical da esperança acaba com frequência na desistência de viver. Isso ocorre quando a vida perde o seu sentido.