Festa de Pentecostes – Mons. Paulo Daher

Festa de Pentecostes

Em Atos 2, 1-11, no dia de Pentecostes, estando reunidos veio do céu vento impetuoso, e línguas de fogo pousaram sobre cada um que lá estava. Ficaram cheios do Espírito Santo. Os peregrinos que estavam em Jerusalém ouvindo o estrondo, saíram às ruas. Sem saber o que pensar, ouviam e entendiam as palavras dos apóstolos exaltando as grandezas de Deus em sua própria língua.

Para todos os povos de todos os tempos a manifestação ruidosa, e impetuosa dos ventos que sopram, os estrondos dos trovões, das águas impetuosas das ondas do mar que invadem as cidades costeiras, impressionam vivamente. Às civilizações primitivas parecem gestos de poder dos deuses sobre a terra e sobre as pessoas.

Jesus quis montar todo esse cenário para que o seu Espírito Santo manifestasse sua forte presença, ao mesmo tempo, a transformação dos apóstolos em ativos membros do novo povo de Deus, a Igreja de Cristo.

Ficou marcado este fato que pouquíssimas vezes irá se repetir na História de nossa Igreja. Já houve vários tipos de manifestação da presença e ação do Espírito Santo, já no início da Igreja como o livro Atos dos Apóstolos apresenta. E posteriormente também.

O que deve fortalecer nossa fé é termos a certeza, como Jesus quis e afirmou, que seu Santo Espírito ilumina, incentiva, guia sua Igreja para que ela seja sempre a manifestação visível de que Jesus está sempre presente nesta sua Igreja.

Ela garante a apresentação certa das verdades de nossa fé, sem nunca errar.

A confirmação da ação constante do Espírito Santo na Igreja Católica, como a única que apresenta a verdade total de tudo o que Jesus revelou e é necessário para a nossa salvação.

O número imenso dos santos que nossa Igreja apresenta como fiéis seguidores de Cristo e anunciadores de sua palavra e presença no mundo. De todas as idades e condições sociais, de todos os países do mundo.

A sucessão apostólica a partir de Pedro e dos apóstolos na pessoa dos Papas, bispos e sacerdotes fiéis ás verdades que Cristo deixou como meio de salvação para todas as pessoas.

E de modo especial a presença e ação maternal de Virgem Maria, Mãe de Cristo nosso Salvador na maioria dos países da terra. Como aquela que obedecendo a Cristo crucificado aceitou cuidar e cuida de todos os filhos de sua Igreja. E mesmo despertando muitos afastados da fé católica para um retorno feliz.

Na 1ª. carta aos Coríntios 12, 3b-7.12-13, o apóstolo afirma: ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor senão sob a ação do Espírito Santo. Há diversidade de dons e ministérios, mas um só é o Espírito para proveito próprio e para os outros: sabedoria, ciência, fé, milagres, profecia, discernimento dos espíritos, o falar ou interpretar línguas.  É um e mesmo Espírito que realiza todas estas coisas, repartindo a cada um como lhe apraz.

Paulo, embora sempre ajudando os outros a conhecerem melhor o Cristo e poderem sentir seu amor, algumas vezes nos lembra o que o Espírito Santo pode realizar em cada um de nós.

O Espírito Santo se manifesta como o Amor. Mas o amor para nós é um mistério ou se o experimentamos, gostamos mais por nos dar a sensação de bem-estar pessoal. E este passa logo. O sentido profundo e real do amor é a doação. Em geral na vida gostamos mais de ser amados. Amar pede saímos de nós mesmos.

O Espírito Santo é a manifestação infinita da união do Pai com seu Filho. E quando se manifesta em nossa vida, apresenta-nos Deus Pai que nos oferece seu Filho para vivermos uma intimidade de paz, silêncio, realização que deve ir ao encontro de outros.

Aproveitemos a teoria dos vasos comunicantes na física, usemos tubos de vidro, vazios que se comunicam em vários níveis. O líquido que é colocado, quando chega a cobrir seu interior e continua a entrar vai se comunicando com o outro, e assim com todos. O líquido quando satisfaz ao primeiro e continua a correr, vai se comunicando com os outros sucessivamente.

O amor quando traz a alguém a satisfação de bem-estar, para continuar seu efeito, “encherá” e irá se comunicar aos outros.

A riqueza do Amor do Espírito Santo que traz uma alegria infinita para alguém, só se sustentará na medida que transborde para os outros.

Os dons do Espírito Santo são riquezas espirituais para realizar o bem-estar nos outros. E não é difícil entender. Uma pessoa rica de sabedoria quando usa esta qualidade para que outros entendam melhor a vida e saibam viver bem, se sente realizada.

Quantos bons professores que souberam transmitir com segurança seus conhecimentos para os alunos, se sentem realizados em sua missão de educadores.

Em João 20, 19-23, Jesus aparece aos discípulos. Diz: “a paz esteja com vocês.” Mostrou as cicatrizes do lado, das mãos e pés. “Recebam o Espírito Santo. A quem perdoarem os pecados serão perdoados a quem não o perdoarem não serão perdoados.

Espírito Santo é para nós a manifestação clara do Amor de Deus. Nós entendemos pouco do amor, amar. Está muito arraigado em nós como sentimento que traz a nós alegria, felicidade, bem-estar e normalmente seguramos esta qualidade maravilhosa e transformadora como um tesouro para nós.

Jesus após sua ressurreição aparece e deseja toda a paz. Confiança nele. A crucificação não o destruiu, nem diminuiu o amor que tem para conosco.

O seu coração aberto pela lança é sinal de que nunca esteve fechado e agora mais ainda está totalmente aberto, disposto, e capaz de receber todos os que procurarem sua misericórdia.

E para garantir nossa confiança, inventou o sacramento da Penitência, como atitude de espera permanente de sua misericórdia para acolher a nós pecadores para perdoar nossos pecados.

Misericórdia é coração aberto, disposto, desejoso de sempre acolher-nos como Bom Pastor, a nós ovelhas que muitas vezes nos desgarramos de seu rebanho.

E o caminho, a porta, o meio, a fonte de todo o bem e de toda a reparação é seu amor, o Espírito Santo.

Para nossa vida na terra o calor tem grande valor no equilíbrio de toda a atividade dos órgãos de nosso corpo para manter uma saúde total e permanente.

Na vida humano-religiosa nada se equilibra em nossa psicologia se faltar o calor do amor, por mínimo que seja. O amor, amar e ser amado, cria condições equilibradas para realizar nosso destino pessoal e social.

Ao apresentar o primeiro mandamento da lei de Deus: amar a Deus em tudo e por tudo, é também afirmado que o segundo é semelhante a ele: amar o próximo como a si mesmo. O sentido é: sem o amor a Deus não podemos amar os outros. Sem amar os outros, mentimos ao dizer que amamos a Deus. Um não vive sem o outro.

Jesus nas aparições aos discípulos e às senhoras quis afirmar que não há poder no mundo que possa impedir Deus de nos amar.

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Monsenhor Paulo Daher

É natural de Salvador, Bahia, onde nasceu no dia 25 de julho de 1931, adotou Petrópolis por sua terra, onde exerceu várias funções como padre e atualmente era Vigário Geral. Em 1970, recebeu do Papa Paulo VI o título de Cônego e em 1980, o título de monsenhor do Papa João Paulo II.

Ordenado sacerdote em março de 1955, continuou em Roma até setembro do mesmo ano, quando retornou a Diocese. Ao chegar, iniciou seu ministério sacerdotal ajudando na Catedral. No ano seguinte, 1956, foi nomeado pelo Bispo, Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra para trabalhar no Seminário Diocesano Nossa Senhora do Amor Divino, onde ficou por 11 anos. No Seminário foi diretor espiritual e professor, contribuindo com a formação dos novos padres.

Em 1967, também por nomeação de Dom Cintra, assumiu como Pároco da Catedral, onde ficou por 19 anos. Durante este período desenvolveu vários trabalhos pastorais nas comunidades da paróquia e teve participação em outros movimentos e eventos na cidade, como no Grupo Ação, Justiça e Paz, onde foi eleito secretário no ano de 1979, deixando o cargo em março de 1980, quando foi eleita nova diretoria.

Monsenhor Paulo Daher durante toda sua vida sacerdotal exerceu com zelo todos os serviços que lhe foram confiados, mas sempre dedicou seu tempo e entusiasmo ao anúncio do Evangelho, através da orientação espiritual de diversas pastorais e movimentos, entre eles a Catequese, Pastoral Familiar, Equipes de Nossa Senhora, Renovação Carismática Católica, Legião de Maria e os fiéis, através da orientação espiritual e confissão.

Com total dedicação, monsenhor Paulo foi professor da Universidade Católica de Petrópolis durante mais de 30 anos e ainda nos últimos anos era orientador e capelão do Colégio Santa Isabel. Como Coordenador Diocesano das Pastorais, cargo que exerceu por muitos anos, monsenhor Paulo Daher teve um carinho especial na participação dos leigos, dando-lhes espaço e apoio para que possam exercer o serviço que lhes fora confiado.

Uma das preocupações de Monsenhor Paulo Daher é com a formação dos leigos, seja através da catequese ou cursos e encontros e para ajudá-los, escreveu diversos livros de formação teológica e catequese, mas com uma linguagem acessível a qualquer pessoa. Estes livros, com edições alternativas e limitadas são utilizados ainda hoje, principalmente na formação das catequistas.

Monsenhor Daher foi Administrador Diocesano, de janeiro a desembro de 2012 até a posse de Dom Gregório Paixão, OSV, no dia 16 de dezembro de 2012.

Uma de suas paixões foi a educação e por isso exerceu com total zelo o cargo de assessor eclesiástico da Pastoral da Educação, dedicando-se as escolas paroquiais. Nos últimos anos de sua vida, conseguiu realizar um de seus sonhos, criar uma escola de formação musical para as crianças e adolescentes das comunidades carentes de Petrópolis, alunos da rede pública de educação. A instituição ficou denominada Espaço Artístico Monsenhor Paulo Daher.

Monsenhor Paulo Daher faleceu em 30 de março de 2019

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