Visitação de Nossa Senhora – Mons. Paulo Daher

Na profecia de Sofonias, 3,14-18, o profeta diz: canta de alegria, cidade de Sião, povo de Deus. O rei de Israel é o Senhor.  Ele está no meio de ti.  Ele te salva. Ele vai se alegrar movido pelo amor. Afastarei de ti toda a humilhação.

Esta profeta viveu em época muito difícil para o povo judeu e para a cidade santa de Jerusalém, por causa de muitas guerras nos países que a rodeavam e que afetavam também a situação do povo escolhido.

Sofonias apresenta ao povo ao mesmo tempo uma confiança maior do Senhor com a promessa de dias melhores. Por isso já confiando no Senhor canta na alegria louvores a Deus como a comemorar dias melhores.

Nossa Igreja usa este pequeno trecho de louvor, alegria e esperança, ao comemorar a visita de Maria à sua prima Isabel. Como Deus quando visita seu povo traz alegria, aumenta a confiança e transforma a tristeza em louvor, assim Maria ao visitar Isabel trouxe-lhe o Senhor que já se mostrara presente à sua prima ao dar-lhe um filho em sua velhice.  E as duas mães juntas louvam o Senhor já presente no meio de seu povo pelo mensageiro e pelo Salvador.

Em todos os momentos de nossa vida, de modo especial em tempos de dificuldades e sofrimento, devemos ser para todos como irmãos que se encontram para louvar a Deus. Se não diante da bênção manifestada por soluções alcançadas, ao menos, firmados na fé, esperançosos, alegres e louvando o Senhor por tudo que deseja e realiza em nossas vidas.

Nossa fé é uma luz que nos ilumina em todo o tempo: seja que ainda não tenhamos o que pedimos, seja depois da graça alcançada.

Para quem vive na presença de Deus, imerso em seu grande e sincero amor, a certeza de que é o Senhor quem dirige nossa vida sempre para nosso bem, não há momentos de angústia ou sofrimento, nem após sentirmos acontecer o que esperamos, para nos alegramos e louvar o Senhor.

Todo tempo é oportuno para louvar na alegria, sentindo Deus como nosso Pai amoroso, que não se cansa de causar-nos surpresas que só Ele realiza para todos.

Podemos dizer que Maria é exemplo para todos nós em todas as ocasiões. Acredito que ela não só cantou o hino: Louvo o Senhor na alegria, nesta visita a Isabel. A cada momento de sua vida, este mesmo louvor subia melodioso de seus lábios e coração ao Senhor que fez e faz por ela coisas maravilhosas para ela, com ela e para todos nós.

Em Lucas, 1, 39-56, Maria depois do anúncio do anjo vai visitar sua prima Isabel.  Ao cumprimentar Isabel, a criança pulou em seu ventre. Isabel movida pelo Espírito Santo disse a Maria:” Tu és bendita entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre. Nem mereço receber a mãe de meu Senhor.” Maria responde:” minha alma louva o Senhor. Ele olhou para sua humilde serva. Sou feliz porque o Senhor fez em mim coisas maravilhosas…” Maria ficou três meses com Isabel. Depois voltou para a sua casa.

Quem está com Deus em seu coração quer logo levá-lo aos outros.

Maria, abençoada por Deus, revestida do sol de sua graça, de sua vida divina, quando os anjos a viam percebiam-na toda iluminada e iluminando.

Quem se aproxima de Deus e o aceita e o convida a participar de sua vida: pensamentos, sentimentos, desejos de levar o bem a todos, sente-se envolvido pelo amor de Deus.

Jesus disse que quem tem ou é luz verdadeira, não a guarda para si. Ilumina tudo em volta. Esta luz de Deus em Maria é o fogo do Espírito Santo. Em Pentecostes desceu sobre os apóstolos em forma de línguas de fogo.

Em sua visita à prima Isabel, em Maria e por Maria vai até íntimo de Isabel, purifica e batiza João Batista em seu ventre. Toca o coração de Isabel e a faz conhecedora do mistério oculto de Deus em Maria e vê o Filho de Deus formando sua natureza humana em Maria, com seu sangue, com a comunicação física de seu corpo e com as qualidades humanas de Maria.

O encontro destas duas santas mulheres transformou aquela casa num céu, um paraíso para Deus. Em Isabel tocou aquele que prepararia os caminhos para Jesus. Em Maria o Salvador tão esperado. Já se anuncia o encontro dos primos à margem do Rio Jordão. Um que veio primeiro se curva para desatar as correias da sandália do Outro. O primo divino entra na água e é batizado, é confirmado oficialmente, ungido pelo Espírito Santo: príncipe da paz (pomba divina). O outro aponta com sua mão: Eis o Cordeiro de Deus. E Deus Pai do céu confirma: Este é meu Filho querido (Lc 3,22).

Em cada encontro de dois cristãos deveria acontecer o mesmo mistério de amor:  lavar os pés um do outro, ser envolvido pelo abraço da paz do Espírito Santo, e ambos diante deste quadro de fraternidade alegre ouvir também: vocês são meus filhos queridos.

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Monsenhor Paulo Daher

É natural de Salvador, Bahia, onde nasceu no dia 25 de julho de 1931, adotou Petrópolis por sua terra, onde exerceu várias funções como padre e atualmente era Vigário Geral. Em 1970, recebeu do Papa Paulo VI o título de Cônego e em 1980, o título de monsenhor do Papa João Paulo II.

Ordenado sacerdote em março de 1955, continuou em Roma até setembro do mesmo ano, quando retornou a Diocese. Ao chegar, iniciou seu ministério sacerdotal ajudando na Catedral. No ano seguinte, 1956, foi nomeado pelo Bispo, Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra para trabalhar no Seminário Diocesano Nossa Senhora do Amor Divino, onde ficou por 11 anos. No Seminário foi diretor espiritual e professor, contribuindo com a formação dos novos padres.

Em 1967, também por nomeação de Dom Cintra, assumiu como Pároco da Catedral, onde ficou por 19 anos. Durante este período desenvolveu vários trabalhos pastorais nas comunidades da paróquia e teve participação em outros movimentos e eventos na cidade, como no Grupo Ação, Justiça e Paz, onde foi eleito secretário no ano de 1979, deixando o cargo em março de 1980, quando foi eleita nova diretoria.

Monsenhor Paulo Daher durante toda sua vida sacerdotal exerceu com zelo todos os serviços que lhe foram confiados, mas sempre dedicou seu tempo e entusiasmo ao anúncio do Evangelho, através da orientação espiritual de diversas pastorais e movimentos, entre eles a Catequese, Pastoral Familiar, Equipes de Nossa Senhora, Renovação Carismática Católica, Legião de Maria e os fiéis, através da orientação espiritual e confissão.

Com total dedicação, monsenhor Paulo foi professor da Universidade Católica de Petrópolis durante mais de 30 anos e ainda nos últimos anos era orientador e capelão do Colégio Santa Isabel. Como Coordenador Diocesano das Pastorais, cargo que exerceu por muitos anos, monsenhor Paulo Daher teve um carinho especial na participação dos leigos, dando-lhes espaço e apoio para que possam exercer o serviço que lhes fora confiado.

Uma das preocupações de Monsenhor Paulo Daher é com a formação dos leigos, seja através da catequese ou cursos e encontros e para ajudá-los, escreveu diversos livros de formação teológica e catequese, mas com uma linguagem acessível a qualquer pessoa. Estes livros, com edições alternativas e limitadas são utilizados ainda hoje, principalmente na formação das catequistas.

Monsenhor Daher foi Administrador Diocesano, de janeiro a desembro de 2012 até a posse de Dom Gregório Paixão, OSV, no dia 16 de dezembro de 2012.

Uma de suas paixões foi a educação e por isso exerceu com total zelo o cargo de assessor eclesiástico da Pastoral da Educação, dedicando-se as escolas paroquiais. Nos últimos anos de sua vida, conseguiu realizar um de seus sonhos, criar uma escola de formação musical para as crianças e adolescentes das comunidades carentes de Petrópolis, alunos da rede pública de educação. A instituição ficou denominada Espaço Artístico Monsenhor Paulo Daher.

Monsenhor Paulo Daher faleceu em 30 de março de 2019

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