A Cruz Peregrina no município de Magé, Decanato São José de Anchieta, esteve na praça em frente à Prefeitura, e foi um momento de evangelização, iniciando com um momento de louvor e a oração do Terço da Misericórdia, conduzida pela consagrada da Comunidade Mater Dolorosa de Jerusalém (CMDJ), Polyana Vivela.
O momento de louvor foi conduzido pelo ministério de música Karisma, e a oração e pregação foram conduzidas pelo consagrado da CMDJ, Alexandre Nunes. A presença da Cruz na Praça da Prefeitura foi marcada, além da presença de Deus, por uma forte tempestade, e as pessoas permaneceram firmes em oração, clamando a ação do Espírito Santo sobre a cidade de Magé, as famílias, os enfermos, os encarcerados, os dependentes químicos e toda a realidade de violência.
A reflexão apresentada por Alexandre, consagrado da CMDJ, pode ser conferida na íntegra abaixo:
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Neste Ano Jubilar da Esperança, proclamado pelo Papa Francisco, somos convidados a redescobrir o verdadeiro significado da esperança cristã, não como um sentimento vago, mas como uma certeza que brota da fé em Jesus Cristo, morto e ressuscitado por nós. As leituras de hoje nos conduzem a um profundo exame de consciência sobre o que significa viver essa esperança em um mundo marcado pelo relativismo moral, onde valores eternos são diluídos na subjetividade moderna e nas ideologias passageiras.
A Carta aos Hebreus (12,1-4) nos exorta com palavras fortes: “Resisti até ao sangue na vossa luta contra o pecado.” Esta é uma convocação à perseverança, um apelo para não nos deixarmos arrastar pela correnteza do mundo, que muitas vezes tenta obscurecer a verdade com falsas luzes. O autor sagrado nos recorda que estamos rodeados por uma “nuvem de testemunhas” — os santos e mártires que, antes de nós, enfrentaram perseguições e desafios, permanecendo firmes na fé.
Entre eles, Santo Antão, o grande pai do monaquismo, é um exemplo luminoso. Ele deixou tudo para seguir Cristo no deserto, não como um refúgio da realidade, mas como um combate direto contra as tentações do demônio e as ilusões deste mundo. Santo Antão nos ensina que o verdadeiro combate espiritual não se trava apenas contra inimigos externos, mas contra o pecado que tenta se enraizar no coração humano.
No Evangelho de Marcos (5,21-43), encontramos duas figuras marcantes: Jairo, o chefe da sinagoga, que implora pela cura de sua filha, e a mulher que sofria de hemorragia há doze anos. Ambos representam a humanidade ferida, que busca em Jesus não apenas um milagre, mas uma esperança que transcende a morte e o desespero. O gesto da mulher que toca o manto de Jesus com fé é um ícone da nossa própria jornada: precisamos “tocar” Cristo com o coração, com uma fé que rompe as barreiras da dúvida e da superficialidade.
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O Papa Bento XVI, em sua profunda reflexão sobre a esperança cristã na encíclica Spe Salvi, afirma que “o homem precisa de Deus, caso contrário permanece sem esperança”. Sem Deus, a sociedade se torna refém de ideologias que prometem o paraíso na terra, mas produzem apenas desilusão e vazio espiritual.
Vemos isso claramente em nossos dias, onde a cultura de morte, o hedonismo e o materialismo tentam apagar da consciência humana o valor da vida, da família e da dignidade da pessoa criada à imagem de Deus. Vivemos em uma sociedade fragilizada e pouco resiliente diante dos sofrimentos inevitáveis da existência humana, buscando constantemente realidades que funcionem como um verdadeiro ópio espiritual.
São distrações, prazeres efêmeros, vícios e ideologias que prometem anestesiar as dores da alma, mas apenas agravam o vazio interior. O sofrimento, que deveria ser um caminho de amadurecimento e de encontro com Deus, é evitado a qualquer custo, como se fosse uma anomalia e não uma parte inerente da condição humana. No entanto, ao tentar fugir da dor, muitos perdem a oportunidade de descobrir o valor redentor que ela pode ter quando unida ao sofrimento de Cristo.
Passar pelos sofrimentos unidos a Deus não apenas dá dignidade à nossa dor, mas também nos oferece uma felicidade e uma liberdade que o mundo não pode dar. O sofrimento aceito com fé nos purifica, nos amadurece e nos abre as portas da eternidade. Cristo não nos prometeu uma vida sem cruz, mas uma cruz que, carregada com Ele, se transforma em ponte para o céu.
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Neste Ano Jubilar da Esperança, somos chamados a resistir. Resistir ao pecado que se disfarça de “liberdade”, mas que escraviza a alma. Resistir à tentação de viver uma fé morna e acomodada. O cristão é um atleta espiritual, como nos recorda São Paulo, e o campo de batalha é o próprio coração. “Correi com perseverança para o combate que vos é proposto” (Hb 12,1), diz-nos a Escritura.
Essa perseverança, porém, não nasce da nossa força, mas da graça de Deus. O olhar fixo em Jesus, autor e consumador da nossa fé, é o que nos sustenta. Ele mesmo não fugiu da cruz, mas abraçou o sofrimento para nos mostrar que a verdadeira vitória passa pelo sacrifício. O sangue derramado por amor é o selo da esperança cristã.
Portanto, irmãos e irmãs, que neste tempo jubilar não nos deixemos guiar por ideologias que desviam o olhar de Cristo. Que o nosso coração seja inflamado pelo desejo da santidade, conscientes de que a verdadeira liberdade está em resistir ao pecado e viver na graça de Deus. Sigamos o exemplo dos santos, dos mártires e de tantos que, em silêncio, lutam diariamente para permanecer fiéis ao Evangelho.
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