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A Imagem de Deus em Todo Homem, segundo Tomás de Aquino – Pe. Anderson Alves

Na Suma teológica, I parte, q. 93, art. 3, Santo Tomás se pergunta se o anjo é mais imagem de Deus do que o homem. A resposta dele parte de uma afirmação de São Gregório Magno: “o anjo é chamado selo de semelhança (signaculum similitudinis) porque nele a semelhança é insinuada de maneira mais expressa”.

Entretanto, a imagem de Deus é expressa de dois modos. A partir do que principalmente diz respeito à razão de imagem: a natureza intelectual. Nesse sentido, a imagem de Deus está mais nos anjos do que nos homens, pois neles a natureza intelectual é mais perfeita do que nos homens.

A imagem pode ser considerada também segundo aspectos secundários. Nesse caso, o homem imita a Deus pelo fato dele nascer de outro homem, como Deus vem de Deus (o Filho procede do Pai); e a alma do homem está inteira na totalidade do seu corpo, assim como Deus está no mundo. Segundo esses aspectos secundários, pois, o homem é mais imagem de Deus do que o anjo. Esses aspectos, porém, dependem do sentido primeiro de imagem: a participação na natureza intelectual. De forma que de maneira absoluta (simpliciter), o anjo é mais imagem de Deus do que o homem; de modo relativo (secundum quid), o homem é mais imagem de Deus do que o anjo.

O artigo quarto da mesma questão é essencial para a compreensão cristã da dignidade humana e a futura reflexão sobre os chamados “direitos humanos”, própria do Ocidente cristão. Pergunta se a imagem de Deus está em qualquer (quolibet) homem.

Tomás repete que a natureza de imagem existe em virtude da natureza intelectual, presente nos anjos e nos homens. De fato, pela natureza intelectual é possível imitar a Deus ao máximo, alcançando a sabedoria, que constitui a felicidade e a perfeição do homem (e do anjo). A natureza intelectual imita a Deus ao máximo, na medida em que Deus se conhece e se ama. Conhecer e amar a Deus é o sentido da imagem de Deus na criatura racional.

Desse modo, a imagem de Deus no homem pode ser compreendida de três maneiras. Primeiramente, enquanto o homem tem certa aptidão natural para conhecer e amar a Deus. Essa aptidão é própria da alma espiritual, que é comum a todos os homens. Segundo, enquanto o homem conhece e ama atual ou habitualmente a Deus, embora de maneira humana, parcial e imperfeita. Trata-se, então, da imagem de acordo com a graça, ou seja, a presença de Deus no homem pelo amor. Terceiro, a imagem ocorre quando o homem conhece e ama a Deus atual e perfeitamente. Tem-se então a imagem segundo a semelhança da glória.

Portanto, há uma imagem segundo a natureza, presente em todos os homens; uma imagem segundo a graça e outro devido à glória, que é a visão sobrenatural de Deus. A segunda e a terceira imagem de Deus não é natural ao homem, mas é fruto do dom de Deus e da resposta da liberdade humana, na sua vida moral. Por isso, a graça é o início de uma vida nova que culminará com comunhão plena com Deus, na eternidade. E esse é o fim último e o sentido da nossa liberdade.

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