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A Imagem de Deus está no Homem Apenas Segundo a Mente? (Parte II) – Pe. Anderson Alves

Em Summa Theologiae, I, q. 93, a. 6, Tomás esclarece ainda (em ad 2) se a imagem de Deus está no homem enquanto espécie humana, ou enquanto indivíduo distinto da mulher. Ele afirma que as Escrituras, depois de dizer “À imagem de Deus o criou”, acrescentam “homem e mulher os criou” (Gen. 1, 26-28). Tomás explica: isso não permite considerar a imagem de Deus segundo a distinção dos sexos, mas diz que a imagem de Deus é comum a um e outro sexo, pois é segundo a mente, na qual não há distinção de sexos.

Em relação à semelhança com a Trindade, esta se distingue pela processão (ou procedência) do Verbo da parte de quem o profere e pela processão do Amor, tanto do Pai quanto do Filho. Na criatura dotada de razão, ocorre a processão do Verbo na inteligência e a processão do Amor na vontade. Por isso, podemos falar de uma imagem da Trindade em virtude de uma representação específica dela no homem.

As outras criaturas não possuem o princípio do Verbo (ou seja, a mente), o próprio Verbo e o Amor. Nelas, apenas algum vestígio dessas três realidades se manifesta. Isso ocorre porque essas criaturas são substâncias finitas, o que demonstra que possuem um princípio; a pertença delas a uma espécie revela o Verbo do Criador (as criaturas são como palavras de Deus para nós).

Tomás exemplifica isso: assim como a forma de uma casa demonstra a concepção do arquiteto, a ordem das criaturas revela o amor do Ser que as criou. Todas as criaturas, portanto, são substâncias verdadeiras e boas, e, por isso, são vestígios da Trindade. No homem, encontramos uma certa semelhança com Deus por meio da mente, enquanto nas outras partes do homem essa semelhança ocorre como vestígio.

Por fim (em ad 4), Tomás recorda que, segundo Santo Agostinho, encontra-se uma certa trindade no “homem exterior”, ou seja, no corpo humano, tanto na visão corporal quanto na visão imaginativa. Na visão corporal, temos:

  1. A espécie do corpo exterior;
  2. A visão, que ocorre pela impressão de uma semelhança da espécie na vista;
  3. A intenção da vontade, que se aplica a ver e reter a realidade observada.

Da mesma forma, na visão imaginativa, encontramos:

  1. A espécie guardada na memória;
  2. A visão imaginativa, que se origina da imaginação informada pela espécie vista;
  3. A intenção da vontade, que une esses dois elementos.

No “homem exterior”, portanto, existe uma certa imagem da Trindade, mas essa imagem se manifesta como um “vestígio” e não como uma “imagem” completa.

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