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Em Busca de uma Ética Digital (Parte III) – Pe. Anderson Alves

Estamos expondo o pensamento do filósofo L. Floridi, que busca há anos uma ética do mundo digital. Ele propõe, de fato, o fomento e o desenvolvimento de inovações baseadas em dados e softwares, “garantindo o respeito pela dignidade humana, pelo bem-estar do ambiente e pelos valores que moldam sociedades da informação abertas, pluralistas e tolerantes é uma grande oportunidade que podemos e devemos aproveitar”. De modo que “a exigente tarefa da ética digital é maximizar o valor da inovação digital para beneficiar os indivíduos, as sociedades e os ambientes, navegando entre a rejeição social e a proibição legal” (2021)[1].

Segundo ele, a ética digital diz respeito ao impacto geral do mundo digital, que inclui questões como a privacidade, o anonimato, a responsabilidade e responsabilização, a transparência e explicabilidade, e a confiança. Para ele “o verdadeiro desafio não é a inovação dentro do mundo digital, mas a governança do ecossistema digital como um todo” (2021).

Hoje, a ética digital é um ramo completo da ética que estuda e avalia os problemas morais relacionados aos dados (incluindo a geração, a gravação, a curadoria, o processamento, a disseminação, o compartilhamento e o uso), aos algoritmos (incluindo a inteligência artificial, os agentes artificiais, o aprendizado de máquina e os robôs) e às práticas correspondentes (incluindo a inovação responsável, a programação, o hacking e os códigos profissionais) a fim de formular e apoiar soluções moralmente boas (como condutas, valores e políticas corretos) (Ibidem).

A ética digital se preocupa com questões do tipo: “como evitar preconceitos raciais e de gênero no reconhecimento facial”; como promover a inovação, o desenvolvimento e o uso responsáveis das IAs, de modo a gerar o progresso da inovação digital e a proteção dos direitos de indivíduos e grupos. “Três questões são centrais nessa linha de análise: o consentimento, a privacidade e o uso secundário” (Ibidem).

Para ele, “a revolução digital acontece apenas uma vez. Para que tudo corra bem, a hora de começar é agora. As gerações futuras nunca conhecerão uma realidade apenas analógica, offline e pré-digital. Somos a última geração a experimentá-la”. Ao mesmo tempo, “o preço de viver neste tempo especial da história é que temos que enfrentar incertezas preocupantes e fazer isso com compreensão limitada” (Ibidem).

Ele também defende que “o debate sobre se as tecnologias digitais são mais benéficas ou mais prejudiciais é inútil. As tecnologias estão chegando, e a questão realmente interessante é como podemos aplicá-las de modo ética” (Ibidem).

A questão é complexa, nova e é preciso muito estudo. A Ética, de fato, necessita sempre de duas realidades: a experiência moral, a qual inclui o conhecimento e a descrição precisa da realidade; e os princípios morais com os quais julgamos os dados da realidade. A ética nos oferece os últimos elementos, enquanto os primeiros são cada vez mais numerosos e difíceis de sistematizar e ordenar. Daí a dificuldade do tema e a necessidade do seu cada vez mais profundo assunto.

[1] Disponível em: https://www.ihu.unisinos.br/categorias/612729-etica-digital-on-e-offline-artigo-de-luciano-floridi

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