Campanha da Fraternidade 2018: Fraternidade e Superação da Violência

Artigo

Por Valéria Belmino

O assunto acolhido pela CNBB – Conferência Nacional dos bispos do Brasil para a Quaresma de 2018 é a superação da violência. Infelizmente, como acontece com um livro de boas maneiras, só se interessa pelo assunto quem já tem afinidade pelo mesmo e, por isso, não precisa lê-lo, pois já tem compreendida e apreendia a essência do tema. Os demais não consideram a superação da violência importante; mais importante para os que mais precisam de conversão é, ironicamente, continuar com o comportamento indesejado pela Paz e pela Ética.
O monopólio da violência está nas mãos de quem faz questão de monopolizar o que quer que seja e quem quer que seja. Pois, só com o gosto pelo monopólio é que se consegue propagar esta atitude antidemocrática, chamada violência. Fazer justiça com as próprias mãos e coisificar pessoas como se fossem objetos é coisa de gente que tem capricho pelas próprias vontades: um prelúdio de comportamento fascista.
A violência se demarca pelas atitudes de posse, poder e prestígio que assolam a consciência dos de espírito fraco; estes ficam seduzidos pelo lucro de qualquer tipo e passam a ser seus escravos. Na escala de valores do Reino, a insensatez e os escândalos sociais estão acima dos parâmetros estabelecidos, com Cristo crucificado (1Cor 1,22-25); abaixo Dele estão todos os que zombaram da sua posição de Filho de Deus, todos os que não acreditaram na sua divindade. O Cristo sempre reinou e sempre reinará, onde quer que esteja. Foi violentado por uma sociedade corrupta e cruel, foi açoitado pela ignorância dos pseudo-doutores-da-lei, mas quem ressuscitou dos mortos foi Ele, incorruptível diante da satisfação das emoções mais viscosas como a inveja, que O matou para o mundo. Cristo era tão pobre e tão cheio de riqueza na sua pobreza que os endinheirados e donos dos espaços o invejaram na sua indigência: coisa de gente doente. Afinal, como pode um filho de carpinteiro e de uma tal Maria ser tão melhor do que os que reinam na ideologia dominante, com seus preconceitos e premonições (ou seriam premunições?) sobre quem não é como eles. Como poderia ter ousado, o filho da tal Maria, ser diferente dos dominadores, e ainda Reinar brilhantemente com isso? Violência nele! não pode se sobrepor aos que se julgam donos do espaço.
E assim foi se propagando, ao longo da história, uma história de terror que se repete em cada esquina, em cada casa de família, em cada instituição religiosa. Muitos ainda acreditam que a propagação da violência pode servir de escudo contra a própria violência, o que é um contrassenso; é o mesmo que combater o mal com o mal, a violência com a violência, a miséria com mais miséria, a mentira com mais mentira. Só se combate um mal com o seu oposto, caso contrário ele engorda e se propaga.

Por isso é incompreensível que a sociedade esteja farta de tanta violência mas continue com o mesmo comportamento. A reestruturação não é barata aos cofres do coração e exige reflexão profunda, com uma honestidade que só Deus é capaz de conferir e aprovar. Quem pensa que se reestrutura olhando para fora, o máximo que consegue é continuar mentindo. Neste tempo de Quaresma, é favorável dar uma olhada honesta para dentro de si, acompanhada de uma tomada de decisão a favor da vida. O sugerido pela Igreja no Brasil é que a violência seja verdadeiramente superada por dentro e por fora, porque quanto a vós, não vos façais chamar de ‘rabi’, pois um só é vosso Mestre e vós sois todos irmãos (Mt 23, 8).

Referências
BÍBLIA SAGRADA, Edições CNBB. 5a edição 2007
CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil/Campanha da Fraternidade 2018: Manual. Brasília, Edições CNBB. 2017

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