Encerrando o segundo dia da Visita Pastoral ao Decanato Nossa Senhora do Amor Divino, Dom Joel Portella Amado celebrou a Santa Missa na Igreja São José, em Itaipava. O Administrador Paroquial, Padre Thomas Andrade Gimenez Dias, ao agradecer a presença do bispo diocesano, lembrou os 26 anos da morte de Monsenhor Luiz Brasil Cerqueira, que foi pároco em Itaipava e realizou muitas obras, além do atendimento espiritual e pastoral.
Ao final da Santa Missa, concelebrada pelo Padre Thomas e pelo Padre Mário José Coutinho, o bispo depositou flores sobre o túmulo onde estão os restos mortais do Monsenhor Brasil, ao lado dos de Padre Quinha. A missa contou com a assistência dos diáconos permanentes João Henrique Medeiros Nunes e Agostinho Ricardo C. da Silva, além dos coroinhas e Ministros Extraordinários da Sagrada Eucaristia.
Durante a homilia, Dom Joel reforçou a missão da Igreja de estar próxima dos fiéis, animando-os. O bispo iniciou sua fala recordando a importância da presença nas diversas paróquias: “A Igreja estabelece que o bispo não deve ficar distante do povo por muito tempo. Estar nas comunidades faz parte da missão que recebemos”, afirmou.
Segundo ele, ainda que já tivesse visitado a região em outras ocasiões, essa jornada teve um caráter especial por dois motivos principais: um novo modelo de pastoral, mais próximo das bases, e a vivência intensa do tempo litúrgico da Quaresma.
Ao invés de centrar a visita em apenas uma paróquia, como é comum, o bispo optou por percorrer todo o Decanato, composto por doze paróquias. Apesar das distâncias expressivas entre as comunidades, ele frisou a importância de estar com aqueles que nem sempre são alcançados pelas visitas tradicionais: “Procurei me encontrar também com pessoas e grupos com os quais ainda não havia estado desde que cheguei à Diocese”, explicou.
A mensagem central de sua homilia teve como eixo a conversão, em consonância com o período da Quaresma. O bispo destacou que o verdadeiro sentido da espiritualidade cristã não está apenas nas práticas exteriores, mas na transformação interior: “Converter-se é mudar o coração, a mente, o jeito de pensar, de sentir e de ver a vida. É se tornar, cada vez mais, semelhante a Jesus”, declarou.
Ele lembrou que a liturgia da sexta-feira apresenta uma palavra “exigente e fundamental”, característica espiritual desse período: “A Palavra de Deus, especialmente na Quaresma, nos chama a reavaliar nossa caminhada. Não podemos chegar à Páscoa do mesmo jeito que estávamos na Quarta-feira de Cinzas”, exortou.
O bispo citou a Primeira Carta de João, ao lembrar que “quem diz amar a Deus, mas não ama o irmão, é mentiroso.” Para ele, a conversão cristã passa necessariamente pelos relacionamentos: “É fácil amar a Deus, que está no alto. Difícil é amar o irmão que vemos todos os dias com seus defeitos. Mas o verdadeiro Evangelho acontece ali, no cotidiano, na relação com o outro.”
Ele também alertou para atitudes religiosas desvinculadas da caridade: “Desconfie de qualquer religião que fale de Deus, mas não viva o amor. Religião sem amor é ilusão.”
Outro ponto forte da homilia foi uma crítica ao uso inadequado do nome de Deus para justificar práticas de ódio ou exclusão: “Quando se usa o nome de Deus para defender atitudes injustas, preconceituosas ou abusivas, caímos no pecado gravíssimo de tomar o nome de Deus em vão”, afirmou.
Segundo ele, a fidelidade a Deus se expressa justamente na forma como cuidamos uns dos outros: “Quem ama a Deus, ama também o ser humano. Quem caminha na fé, caminha com justiça.”