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Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra

Governo Episcopal de 1948 a 1984

Dom Manoel nasce na pequenina cidade de Piracaia (interior do Estado de São Paulo) a 11 de novembro de 1906. A cidade de Piracaia se desenvolve em torno de uma capelinha, dedicada a Santo Antônio. Postumamente, a pequena capela tornou-se a belíssima Igreja Matriz de Santo Antônio da Cachoeira.

Nascido em família nobre, de descendência portuguesa, é filho do desembargador Dr. Cândido da Cunha Cintra e da ilustre senhora D. Antonieta da Cunha Cintra. Destaca a nobreza de sua família, de maneira clara no seu brasão episcopal:

“Os outros quartéis se prendem às famílias de que descendemos. O segundo da família Leme, oriunda de Flandres, que passou a Portugal com Martim Leme, no tempo de Afonso V, a quem serviu firmando nobreza. O terceiro reproduz o brasão da família Cunha, das mais antigas de Portugal, com solar no termo de Guimarães. O último encerra o emblema da família Araújo Cintra que, de Portugal, onde tomou o brasão de aspa com besantes, se passou para o Brasil”. (Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra)

Em 1918, a família Cintra muda-se para a recém-inaugurada cidade de Penápolis, ainda no estado de São Paulo. Dom Manoel estando para completar seus 12 anos. A cidade estava se desenvolvendo, e chegavam os mais diferentes tipos de profissionais, entretanto, não dispunham de um Juiz de Paz.

Em 10 de outubro de 1917, foi o município de Penápolis elevado a termo de Comarca, pela lei nº 1.557 e em 27 de julho de 1918 é instalada, sendo seu primeiro Juiz de Direito o Dr. Cândido da Cunha Cintra, pai de Dom Manoel. Hoje, o Patrono do Fórum de Penápolis é o Desembargador Cândido da Cunha Cintra.

Manoel Pedro ingressa no Seminário Diocesano de Botucatu, pelas mãos de Fr. Vital de Moema, um Capuchinho, seu pároco, para fazer o Seminário Menor. O Seminário Diocesano de Botucatu era dirigido pelos Padres Lazaristas, por concessão do Papa Pio X. Futuramente, Dom Manoel, já bispo de Petrópolis, conta com a ajuda dos Padres Lazaristas que já se encontravam na diocese, instalados em belíssimo edifício na Avenida Barão do Rio Branco.

O Seminarista Manuel

Chega a iniciar no Seminário de Botucatu a Filosofia, todavia, é um destaque no Seminário pela inteligência nada vulgar e pela firmeza na vocação. É enviado para Roma, tornando-se aluno do Colégio Pio Latino Americano, frequentando a Pontifícia Universidade Gregoriana, para fazer Filosofia e Teologia. Doutora-se em ambas as faculdades.

Foi ordenado sacerdote na Arquibasílica de São João de Latrão, em Roma, a 26 de outubro de 1930. Celebrou sua Primeira Missa na Capela Borghesi, em Santa Maria Maior, no dia seguinte. Retorna à diocese como Cura da Catedral de Cafelândia (hoje Diocese de Lins), na qual permanece até 1935.

De 1936 a 1939, Professor do Seminário Central do Ipiranga. (Já residente).

De 1940 a 1947, Reitor do Seminário Central do Ipiranga. (Viveu durante 12 anos no Seminário).

Em 1944 foi nomeado pela Santa Sé Visitador Apostólico dos Seminários do Brasil, cargo em que permaneceu até 1956. (Ano da inauguração final do Seminário Petropolitano).

Posse como bispo da Diocese de Petrópolis

Pela Bula “Pastoralis qua urgemur”, de 13 de abril de 1946, a nossa imperial cidade de Petrópolis foi constituída sede de bispado novamente.

Em 1898, Petrópolis foi elevada à sede episcopal, permanecendo assim até 1908, quando o sólio dos bispos foi transferido para Niterói. Entretanto, era grande a predileção de D. José Pereira Alves, bispo vigente, pela “cidade das hortênsias”, como ele chamava Petrópolis, e queria reabilitar a velha Sé.

Cria-se então a “comissão pro-bispado”, constituída de padres e leigos que se propuseram a tornar Petrópolis uma diocese, para tanto, muitas providências deveriam ser tomadas: como a aprovação da Santa Sé, um clero mais numeroso, a compra de um palácio episcopal, um carro para o novo bispo, entre outras coisas.

Quando chegou na Diocese, em 1948, Dom Manoel recebeu um carro novo, americano, com placa oficial, que Monsenhor Gentil havia conseguido com seus amigos para uso do Bispo. Dom Manoel utilizou este mesmo carro durante 15 anos. Depois de alguns acidentes e do natural desgaste, preferiu sempre modelos nacionais, mais simples. Depois desse, teve um Corcel, um Fusca, um Voyage e um Escort;

Eleito Bispo de Petrópolis a 09 de janeiro de 1948.

Recebeu a Sagração Episcopal em São Paulo, na Basílica de Nossa Senhora do Carmo, a 28 de março de 1948.

Tomou posse da Diocese a 25 de abril de 1948.

“E ao subir a escalada da montanha, vinha reavivando os títulos todos que me deixam encantado na minha Diocese… A Serra da Estrela que me acena para a Estrela a despontar na alvorada da vida espiritual de todos os cristãos – Maria Santíssima. A Serra dos Órgãos que me lembra que nestas paragens há uma sinfonia de sons celestiais, postos por Deus no cimo das nossas cordilheiras. Ao passar nas ermidas de Nossa Senhora que enriquecem e engrinaldam a nossa Diocese, ao ver a serra festiva coberta de ouro e enfeitada de pétalas humildes do manacá da serra, eu vinha com a alma em festa e feliz” (Primeiro discurso na Diocese, proferido na Prefeitura, agradecendo ao Sr. Prefeito Dr. Flávio Castrioto)

Tomada de Posse de Dom Manuel na Diocese de Petrópolis. Em 25 de abril de 1948.

Mater Pulchrae Dilectionis. Mãe do Belo Amor (título latino com o qual se refere à Nossa Senhora do Amor Divino). Não há como entender profundamente o episcopado de Dom Cintra, sem antes acenar para a sua profunda devoção à Virgem Santíssima, a quem era consagrado, pelo método de consagração ensinado por São Luís Maria Grignion de Montfort. Sua “cadeia” externa, encontra-se no Museu do Seminário.

Toma posse como bispo da diocese de Petrópolis em 25 de abril de 1948. Seu primeiro discurso é proferido na Prefeitura, tendo o Dr. Flávio Castrioto como prefeito. Acena para a fé robusta do então prefeito e enaltece o povo petropolitano como culto e distinto.

No dia 2 de maio de 1948. 7 dias apenas após a sua Missa de posse, reúne os diversos membros leigos das

Associações Religiosas no Palácio Episcopal, localizado e conservado até os dias atuais na R. Santos Dumont, 307.

A sua maior preocupação em seus discursos e cartas circulares iniciais é com a escassez do clero de Petrópolis; Há uma grande preocupação com a assistência espiritual dos fiéis, e pasmem, especialmente dos OPERÁRIOS; Seu desejo era que houvesse um padre por fábrica, para o atendimento dos trabalhadores!

“É necessário que haja padres em Petrópolis! Num futuro próximo!” (Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra)

“Situado no salubérrimo e ameníssimo recanto de Corrêas, o Seminário vai abrir-se ali próximo à Capelinha do povoado, onde se encontra a Virgem do Amor Divino, Virgem a quem antecipadamente entregáramos todos os cometimentos de nosso desvalido episcopado. Inefáveis desígnios de Deus! Maternais finezas da Rainha dos Céus! Precisamente à sombra de Sua Imagem veneranda e milagrosa dispoz Maria Santíssima recebêssemos valiosíssima doação de uma magnífica chácara para o Seminário! Em testemunho da perene gratidão Nossa, Ela, Nossa Senhora do Amor Divino: Mater Pulchrae Dilectionis será a Titular do Seminário Diocesano. Como protetora maternal do Instituto velará sempre sôbre os levitas defendendo-os dos perigos, amparando-lhes a vocação e fazendo-lhes surgir no coração sempre mais luminosa a chamar do amor formoso, do amor de Deus que os santifique e os leve ao Sacerdócio” (Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra)

Inauguração do Seminário de Petropolis
Apenas 11 meses mais tarde, inaugura o Seminário Diocesano Nossa Senhora do Amor Divino.

“Há um ano, quando, recém eleito para o sólio petropolitano, traçávamos as letras comovidas de nossa Carta Pastoral, almejávamos ardentemente a bênção promissora deste dia. Não supúnhamos porém pudesse ela se realizar em tão breve espaço de tempo. Felizmente assim é por extraordinária mercê de Deus. E hoje podemos dizer: Nossa Diocese vai ter o seu Seminário!” (Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra)

Em praticamente todos os seus discursos e Cartas Circulares iniciais, falava o bispo da importância de que a nova diocese dispusesse do seu próprio Seminário. Confiando o seu Episcopado e o povo de sua primeira e única diocese aos pés da imagem de Nossa Senhora do Amor Divino, na pequena capelinha de Corrêas, pede ajoelhado à Virgem, a graça de um Seminário, para formar os futuros pastores da diocese.

Bem próximo da pequena capela, morava uma distinta e piedosa senhora, viúva já há 8 anos, que desejava tornar-se religiosa. A Embaixatriz Lavínia Luís Guimarães, “alma profundamente eucarística”, como a chamava Dom Manoel, ouviu falar do desejo mais eminente do bispo recém-chegado de São Paulo: construir um Seminário. Pede reunião então com o bispo, e doa à diocese a Granja São Luís, localizada na Estrada União e Indústria, 3441, no bairro de Corrêas, para a construção da Casa de Formação dos Levitas.

A Embaixatriz Lavínia Luís Guimarães era casada com o Embaixador Luís Guimarães Filho, que poucos sabem, mas foi um diplomata, poeta e cronista brasileiro, membro da Academia Brasileira de Letras. Foi, também, membro da Academia das Ciências de Lisboa, da Real Academia Espanhola e de várias associações culturais brasileiras e portuguesas. Exerceu diplomacia inclusive no Vaticano.

Por isso mesmo, a Embaixatriz, logo após a morte de seu marido, foi pessoalmente à Roma, pedir permissão para que se fundasse no Brasil, uma Casa das Irmãs Sacramentinas, pelo seu desejo de viver vida contemplativa, onde hoje é o Seminário. Entretanto, depois de ter trago quatro irmãs, em longa viagem de barco, descobriu que o carisma das mesmas era a catequese, e não a vida de clausura. Mandou todas embora, deixando as irmãs ao abrigo das irmãs Vicentinas. Doou, portanto, a sua casa, que hoje chamamos “Casa Dona Lavínia”, para a construção do Seminário.

“Se tenho uma alma eucarística, o que há de mais eucarístico do que um Seminário?” (Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra)

O Seminário Diocesano Nossa Senhora do Amor Divino foi inaugurado em três diferentes datas, todas elas Marianas: 25 de março de 1949 (Anunciação do Senhor e Festa da Virgem Maria): inauguração solene do Seminário, presidida pelo Cardeal do Rio de Janeiro, D. Jaime de Barros Câmara, às 10h30min.; 8 de dezembro de 1952 (Imaculada Conceição de Maria): inauguração da primeira parte do novo edifício, localizado na parte superior; Inauguração da Capela, “joia mais preciosa da Casa!”; 15 de agosto de 1956 (Assunção de Nossa Senhora): Término e inauguração do novo edifício róseo, dedicado à Virgem Maria, como uma rosa bela e perfumada, àquela que tão providencialmente ergueu a Casa para os futuros sacerdotes.

“SERÁ PRECISO QUE TODOS OS QUE O VISITEM (o Seminário de Petrópolis), SE VEJAM OBRIGADOS A PENSAR NA GRANDEZA DO SACERDÓCIO CATÓLICO!” (Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra)

“Por isso, no Seminário (de Petrópolis) tudo recorda o nome dulcíssimo de Maria. Este nome bendito está gravado no frontispício da entrada, ressoa nas arcadas da galeria, encima a decoração da Capela e principalmente refulge no trono do Altar Mor” (Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra)

A Universidade Católica de Petrópolis
Inauguração da Faculdade Católica de Direito de Petrópolis. Primeira Escola de Ensino Superior em Petrópolis. No dia 06 de março de 1953. Inaugurada em um prédio no Bairro Retiro, cedido provisoriamente pelas Irmãs Carmelitas da Av. Barão do Rio Branco;

Assim, a 20 de setembro de 1961, com a fusão das três faculdades então existentes, a de Direito, a de Filosofia, Ciências e Letras e a Escola de Engenharia Industrial, a Diocese de Petrópolis fundou a Universidade Católica de Petrópolis, reconhecida pelo Decreto nº 383, de 20 de dezembro de 1961, a qual foi solenemente instalada em solenidade realizada no Teatro Petrópolis, presidida por Dom Armando Lombardi, representante do Santo Padre João XXIII, no Brasil.

“A Universidade passou-se do bairro afastado para o centro da cidade, para o edifício nobre do Pálace que foi outrora sede do Governo do Estado. Os alunos, de 50 que eram naquele dia, chegam hoje a 550, e os Professores subiram de 5 para a cifra dos 69”(Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra).

Hoje a UCP conta com mais de 5 mil alunos.

“Uma palavra ainda de saudação afetuosa a Petrópolis, nossa querida cidade episcopal, que conhecida pelas suas indústrias muitas, procurada pelo seu clima suave, festejada pelas suas flores lindas, merece ser distinguida pelo aconchego carinhoso, que, na quietude de seus vales tranquilos, sabe oferecer a todos os estudiosos em demanda de silêncio e recolhimento. Petrópolis, pontilhada de escolas, de Ginásios, de Colégios; Petrópolis florida nas Letras, na História, na Música. Petrópolis recebe hoje a coroa mais valiosa: a Universidade Católica”.(Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra)

Campanha da Fé, cultura e assistência(25/12/1959)
FÉ – “Continua ainda inacabada a Catedral de Petrópolis”. Campanha para a construção da torre e para a compra dos sinos.

CULTURA – “É a contribuição nossa, honrosa e decisiva, na causa da cultura superior de Petrópolis. Disso depende nossa futura Universidade”.

ASSISTÊNCIA – “O abrigo dos velhos e dos pobres”. LAR SÃO JOÃO DE DEUS.

“E graças ao coração bom e dadivoso da gente petropolitana, o resultado, em apenas DOIS MESES, foi surpreendente: 27 milhões e meio!”(Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra)

O Pedido de Renúncia

Ao completar 75 anos de idade, apresentou seu pedido de renúncia ao governo da Diocese, mas o Papa solicitou que continuasse.

No dia 8 de dezembro, de 1983, Dom Manoel apresenta novamente o pedido de renúncia, tendo o Papa aceitado a 9 de fevereiro de 1984.

A eternidade
Dom Manoel passa a morar no Seminário de Corrêas. Sua amada casa; Estava com 77 anos.

Leciona ainda aos futuros sacerdotes, durante 14 anos: Doutrina Cristã, Introdução à Filosofia e Teologia Espiritual

Celebra o Cinquentenário do Seminário Diocesano Nossa Senhora do Amor Divino, no dia 25 de março de 1999.

Vem a falecer 5 dias após, no dia 30 de março de 1999, com seus 92 anos.