Os bispos reunidos na 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Aparecida, divulgaram na tarde de hoje a Mensagem ao Povo Brasileiro, afirmando nas primeiras linhas que “reafirmamos e renovamos nossa opção radical e incondicional pela defesa integral da vida que se manifesta em cada ser humano e em toda criação”. Os bispos ressaltam a importância do diálogo e entendimento, na busca da solução de problemas para o Brasil.
Na defesa da democracia, os bispos afirmam que “muito do que superamos deveu-se à articulação entre agentes lúcidos e cidadãos compromissados com a vida, a democracia e o país”. Ressaltam ainda que “as instituições brasileiras e a sociedade civil são fundamentais nesse processo. Os três poderes da República são instados a viver o que preconiza a Constituição. Independência e harmonia não são opções de momento, são deveres permanentes e irrenunciáveis”.
Na Mensagem ao Povo Brasileiro, os bispos fazem um apelo à paz, afirmando que “na sociedade do diálogo, a paz é um imperativo”. Citando o Papa Francisco, que vem fazendo um apelo para a paz no mundo, principalmente nas regiões em guerra, os bispos desejam “paz para os inúmeros países em guerra, cujas consequências são milhares de mortes e milhões de deslocados e refugiados”.
Chamando atenção para os gastos absurdos com armas e militares, os bispos dizem que “os gastos militares em 2023 foram os mais altos desde a Segunda Guerra Mundial, enquanto a fome cresceu e alcança parcela significativa da população mundial”. Citando ainda diversas situações graves e de violência, assim como preconceito e racismo, como a discriminação vivida por milhares de pessoas no Brasil e no mundo, os bispos afirmam que “necessitamos construir a paz que nasce da justiça”.
Entre os muitos cenários que causam o aumento da violência e das injustiças, os bispos chamam atenção para a precarização do mundo do trabalho e a tragédia do desemprego. “Por ocasião da festa do 1º de maio, que se aproxima, a Igreja, inspirada em São José Operário, se une solidariamente aos trabalhadores e trabalhadoras nas suas memoráveis lutas por condições dignas de vida e trabalho, bem como com aqueles que continuam enfrentando antigos e novos problemas”.
Na avaliação dos bispos, o Brasil necessita de um novo marco legal que garanta a prioridade do trabalho, do bem-estar humano e da geração de emprego e renda, principalmente para os jovens. “Todos os segmentos da sociedade brasileira devem defender a vida na sua integralidade e agir solidariamente em prol de um país economicamente humanizado, politicamente democrático, socialmente justo e ecologicamente sustentável”, afirmam os bispos brasileiros.
Com a mensagem, os bispos chamam atenção para os problemas ambientais que o Brasil vive, com consequências graves por conta das mudanças climáticas, além dos problemas causados pela “ganância e pelas formas equivocadas de ocupação do espaço urbano, sem planejamento e sem respeito aos mais vulneráveis, são cada vez mais intensos”. Os bispos lembram que em 2025 o Brasil vai receber a Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças de Clima (COP-30) e ainda chamam atenção para o enfrentamento que os povos originários ainda fazem no país.
Para os bispos, com as eleições municipais há uma oportunidade de fortalecer a democracia, lembrando a importância do voto consciente. “A consciência cívica deverá estar a serviço dos mais profundos interesses do nosso povo, pois há exigências éticas para a realização do bem comum. Por isso, os cristãos, leigos e leigas, não podem abdicar da participação política”, afirmam os bispos, manifestando preocupação com os extremismos, “desprezando o projeto de fraternidade social”.