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Inteligência Artificial: Sim ou Não? – Pe. Anderson Alves

Em geral, é difícil analisar um fenômeno enquanto ele está em pleno desenvolvimento ou quando estamos completamente imersos nele. Não conseguimos observar bem todas as suas partes, principalmente quando temos a sensação de que é grande demais, ou que não estamos em uma posição elevada, com distância suficiente. Estamos atualmente envolvidos em debates sobre os benefícios ou danos de “inteligência artificial”. Durante séculos, filósofos, cientistas, psicólogos e teólogos buscaram entender a inteligência humana, que está longe de ser alcançado, e agora temos que lidar com a “inteligência artificial”. A perplexidade é maior a cada dia.

Tem havido um debate sobre o papel da internet na educação há anos. Os autores foram classificados como “apocalípticos” ou “integradores” de acordo com as categorias utilizadas por Umberto Eco. N. Carr, por exemplo, escreveu um livro em 2010, finalista do prêmio Pulitzer: The Shallows – what the Internet is doing to our brains (A Geração Superficial: o que a internet está fazendo com nossas mentes, 2011). E H. Rheingold escreveu outro, em 2012, intitulado: Net Smart: How to Thrive Online, que procura mostrar como a Web pode nos tornar mais inteligentes. O debate agora é sobre a inteligência artificial. Será um ganho ou um motivo de apreensão? Algumas pessoas estão entusiasmadas com isso; outros têm uma mentalidade “apocalíptica”. E há outros que têm os dois sentimentos. Existem até desenvolvedores de IA hostis ou relutantes em usá-los. Mas o que deveria ser a inteligência artificial?

“A Inteligência Artificial (IA) está transformando a educação de várias maneiras. Ela está ajudando a personalizar o ensino, oferecendo feedback imediato aos alunos e avaliando o progresso de maneira mais eficiente. Além disso, a IA está permitindo aos professores economizarem tempo ao automatizar tarefas repetitivas e liberando-os para se concentrar nas necessidades individuais dos alunos. A IA também está ajudando a aumentar a inclusão, pois pode proporcionar acesso a recursos educacionais a alunos com necessidades especiais ou com dificuldades de aprendizagem. No entanto, é importante que sejam tomadas medidas para garantir que a IA seja usada de maneira responsável e ética na educação”.

O parágrafo antes citado foi escrito pelo ChatGPT, uma ferramenta de inteligência artificial lançada em novembro de 2022. Ela responde a perguntas e demandas diversas, simulando a linguagem humana. Em dois meses, alcançou a marca de 100 milhões de usuários. TikTok, que é hoje em dia a rede social mais usada, alcançou essa marca em nove meses.

As IAs trazem muitos questionamentos. Em 30/05/2023, Sam Altmann, o criador de ChatGPT e outros especialistas da área (como Lila Ibrahim, COO de Google DeepMind, Mira Murati, CTO de OpenAI, Kevin Scott, CTO de Microsoft) publicaram uma declaração em Center of AI Safety que dizia: “mitigar o risco de extinção da IA deve ser uma prioridade global ao lado de outros riscos de escala social, como pandemias e guerra nuclear”. É curioso que esse texto, assinado por especialistas e doutores de grandes universidades, mais se pareça a um escrito feito pelo próprio ChatGPT. Entretanto, o alerta foi dado.

Nesses dias também lemos notícias impactantes. A primeira diz que Sean Ekins – diretor-executivo da empresa Collaborations Pharmaceuticals, com sede na Carolina do Norte (EUA) participou na Conferência da Convergência de Spiez, na Suíça, em 2021. O encontro deveria avaliar as novas tendências das pesquisas químicas e biológicas que pudessem representar ameaças de segurança à humanidade. Ekins e outros cientistas tinham criado, antes do encontro, a plataforma de inteligência artificial MegaSyn. Eles buscavam criar remédios contra doenças raras. Eles treinaram a IA para fazer o trabalho de um químico humano, numa velocidade altíssima. Com o fim de responder à questão sobre a segurança das IAs, sobre possíveis usos perversos da sua tecnologia, eles fizeram uma experiência. Para gerar um novo produto farmacêutico, os pesquisadores devem garantir que ele não seja tóxico. Eles inverteram então a pergunta e solicitaram à IA por eles criada substâncias tóxicas. No dia seguinte, eles encontraram uma lista de dezenas de milhares de moléculas no seu programa. O sistema projetou o “agente nervoso VX”, classificado como arma de destruição em massa. Esse programa de IA conseguiu encontrar moléculas até então desconhecidas, que podem ser usadas para fazer armas químicas de destruição em massa, o que não deixa de ser assustador.

Em 25/05/23 tivemos a notícia de que alguém usou uma IA que simulava a voz e o rosto de uma pessoa, amiga de um empresário chinês, e lhe fez uma chamada de vídeo pedindo a transferência bancária de 600.000 dólares. O homem caiu no golpe, pois tratava-se de um pedido feito por alguém de “confiança”, que ele estava vendo e ouvindo. Segundo o que está sendo noticiado, esse tipo de fraude tem se difundido na China, especialmente através de IAs que simulam a voz humana. Esses programas estão já presentes no Brasil: basta ter algum “áudio” de alguém, inseri-lo na IA, que o codifica, e depois consegue “ler” qualquer texto com a voz “coletada”.

No Brasil, muitos caem em golpes feitos por telefone ou por aplicativos de mensagens. Agora temos programas que imitam a nossa voz com perfeição. É possível clonar hoje em dia o nosso cartão de crédito, o nosso número de telefone e a nossa voz. É bom estarmos atentos. Tudo isso traz discussões jurídicas e éticas sérias. Falaremos disso em outro texto.

Quer conhecer outros artigos do Padre Anderson, acesse o link:

https://diocesepetropolis.com.br/noticias/padre-anderson-alves/

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