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Celulares na Escola: Distribui-los Gratuitamente ou Proibi-los? (Parte III) Pe. Anderson Alves

Outro argumento a favor dos celulares nas escolas – é o quarto argumento apresentado até agora – é o seguinte: “nós podemos fazer das nossas escolas zonas protegidas, livres dos celulares. Mas quando os jovens saírem delas, estarão expostos aos problemas relacionados com a tecnologia e à discussão sobre esse tema, que envolve a comunidade internacional”.

Spitzer diz que as crianças necessitam de zonas protegidas do celular. Por essa razão que não permitimos às nossas crianças de irem nas zonas das cidades onde se consume drogas, pratica-se a prostituição ou é altamente perigoso devido à criminalidade. Com o celular em mãos, é como se as nossas crianças tivessem acesso a todas essas realidades (à pornografia, à prostituição, às drogas e à criminalidade). Além disso, os celulares comprometem os processos de aprendizado, e exatamente por isso eles deveriam ser proibidos nas áreas dedicadas ao estudo. Se as crianças forem educadas a isso e souberem dos seus riscos, estarão preparados para discussões maturas e responsáveis, seja na própria sociedade, seja na comunidade internacional.

O quinto argumento diz: “se não for na escola, onde mais poderiam os jovens aprender a fazer um bom uso das tecnologias”? A isso respondemos com os estudos feitos até agora. Um estudo diz que somente uma criança entre 25 aprende a usar as tecnologias digitais nas escolas, enquanto outras 24 já a usam antes. O argumento que diz que devemos desenvolver nas crianças a familiaridade com as novas tecnologias portanto não funciona. Ao contrário, dada a alta frequência do seu uso fora das escolas, deveríamos nos esforçar para que os jovens aprendam a necessidade da redução do uso das tecnologias digitais, e o melhor lugar para se ensinar isso seria a escola (depois da família, evidentemente). De fato, os celulares geram dependência. E como se combate a dependência de certa substância, como o álcool ou a droga? A resposta é simples: não usando jamais essa substância. Nenhum programa de reabilitação contra a dependência prevê um consumo moderado ou reduzido da substância nociva, pois seria reduzido o consumo de uma substância que só gera danos.

Um último argumento diz: “a educação para o uso dos meios digitais deve ser bem pensada e programada. Por isso todos os estudantes deveriam ter nas suas mãos um celular para ser usado nas aulas”. A esse argumento podemos responder com os dados que a ciência já possui: a distribuição gratuita dos celulares é acompanhada regularmente da queda dos resultados dos rendimentos escolares. Esse fenômeno foi estudado no âmbito de uma pesquisa: foram distribuídos a estudantes iPhones e, depois de um ano, eles foram interrogados sobre os seus resultados escolares. Os estudantes relataram um aumento das distrações e o pioramento do seu rendimento escolar, perceptível nas suas médias finais.

Por esses e outros dados que os celulares deveriam ser proibidos nas escolas, como um bom número de países já o faz, e não promovidos. A minha opinião pessoal é que deveriam ser inclusive proibidos no ambiente universitário, pois hoje são um mero mecanismo de distração e raríssimas vezes são usados para o estudo e a formação. Não adianta ocultar ou maquilar a realidade. Ela deve ser conhecida e, se for negativa, melhorada.

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