Unido ao tema do desenvolvimento tecnológico, tratado no último artigo, está o da crescente presença dos meios de comunicação social na sociedade atual. Já não é possível pensar a vida humana sem eles. “No bem e no mal, estão de tal modo encarnados na vida do mundo, que parece verdadeiramente absurda a posição de quantos defendem a sua neutralidade, reivindicando em consequência a sua autonomia relativamente à moral que diria respeito às pessoas” (n. 73).
Entretanto, assumir a “a natureza estritamente técnica dos mass media”, favorece, na prática, “a sua subordinação a cálculos econômicos, ao intuito de dominar os mercados e ao desejo de impor parâmetros culturais em função de projetos de poder ideológico e político” (n. 73).
Dada a sua importância nas alterações no modo de ler e conhecer a realidade e a própria pessoa humana, é necessária “uma reflexão sobre a sua influência principalmente na dimensão ético-cultural da globalização e do desenvolvimento solidário dos povos” (n. 73).
De modo que o sentido e a finalidade dos mass media devem ser buscados no seu fundamento antropológico. Eles podem tornar-se ocasião de humanização “quando são organizados e orientados à luz de uma imagem da pessoa e do bem comum que traduza os seus valores universais” (n. 73). Não basta, pois, a precisão técnica, matemática, para serem aceitos e promovidos.
Em outras palavras, os meios de comunicação não favorecem a liberdade, o desenvolvimento ou a democracia simplesmente pelo fato de multiplicar “as possibilidades de interligação e circulação das ideias; para alcançar tais objetivos, é preciso que estejam centrados na promoção da dignidade das pessoas e dos povos, animados expressamente pela caridade e colocados ao serviço da verdade, do bem e da fraternidade natural e sobrenatural”. Pois na humanidade, a liberdade está intrinsecamente ligada a estes valores superiores.