Jorge Mongó: Uma das referências da música católica no país

O cantor e compositor Jorge Mongó, de 58 anos, será sepultado amanhã em Magé, cidade onde vivia e participava da Paróquia Nossa Senhora da Piedade. Compositor de mais de mil músicas, com mais de 200 gravadas por diversos cantores católicos, ele se destaca como uma das principais referências da música católica, com inúmeras participações em shows e festivais da Canção Nova.

O velório será a partir de hoje, às 18h, na Quadra da Vila Nova, em Magé, e a Santa Missa ocorrerá às 8h do dia 2 de agosto. O sepultamento será realizado logo após a missa de corpo presente.

No vídeo Jorge fala sobre a importância da juventude e também sobre o aborto, deixando uma mensagem para os jovens, na JDJ 2028 que aconteceu em Magé. No final do texto a transcrição da entrevista.

Em uma mensagem pública em suas redes sociais, a Paróquia de Magé afirmou que “hoje o céu canta mais forte. Jorge Mongó, cantor, compositor e verdadeiro servo da música a serviço do Reino, partiu para os braços do Pai. Sua ausência ecoa como um silêncio dolorido nos corações de todos que um dia foram tocados por sua voz, suas composições e, acima de tudo, por sua fé viva traduzida em canção”.

Em uma das poucas entrevistas que concedeu, para o programa PHN da Canção Nova, em janeiro de 2018, Jorge Mongó foi questionado sobre o motivo de ter levado tanto tempo para gravar um CD e como se sentia ao ver tantas músicas suas sendo cantadas e alcançando sucesso na voz de outros cantores. Com simplicidade, ele respondeu: “Eu sempre fui muito feliz na minha paróquia. Lá no meu cantinho, sempre, porque a minha paróquia é algo maravilhoso. Aquela paróquia é extraordinária, algo que eu não consigo ver em lugar nenhum no Brasil. É uma paróquia que, numa missa dominical, reúne de 5 a 6 mil pessoas no ginásio (hoje Matriz Auxiliar). É um povo que adora, que nos ajuda a ser mais de Deus, inclusive os padres que vão para lá, porque o povo de lá auxilia os padres a serem padres. Por isso, eu nunca tive essa ambição, porque lá é tanta coisa. Deus me deu uma missão tão grande naquele lugar, na minha diocese, que eu entendi”.

Reconhecido no mundo musical como um dos grandes compositores de nosso tempo, a Paróquia de Magé, em sua mensagem, afirmou: “Com talento ímpar e alma profundamente enraizada em Deus, Jorge Mongó fez da música um instrumento de evangelização. Suas canções não apenas encantavam, mas transformavam — eram orações cantadas, sementes lançadas em corações sedentos de esperança e amor”.

Nascido em 24 de abril de 1967, Jorge Mongó percorreu um caminho de conversão e entrega total à vontade de Deus, utilizando seu dom como um instrumento de evangelização e levando muitos a rezar com ele. Como muitos, sua trajetória de vida não foi fácil; ele enfrentou problemas, mas, como afirmou na entrevista, ao se converter e encontrar uma mulher de Deus, conseguiu superar tudo, cumprindo a vontade de Deus em sua vida.

Nas redes sociais, amigos da Diocese de Petrópolis e de todo o país, especialmente músicos, se manifestaram sobre o falecimento de Jorge Mongó, enviando mensagens de solidariedade à família e destacando seu papel na música católica.

Entrevista em 2028:

Pascom – Como é ser uma referência para a música brasileira e ver em sua Diocese essa juventude tão bonita?

Jorge Mongó – Para mim, primeiramente, é graça de Deus. Misericórdia de Deus. Quando Deus nos chama, Ele nos chama a ser testemunhas. Testemunhas d’Ele. O que eu quero, e o que peço a Deus, é que eu possa ser essa testemunha. Esses jovens precisam de referências. Hoje, o mundo tem as referências que eles possuem, e sabemos quais são, mas não vou mencioná-las aqui. Por isso, precisamos ser essa referência para os jovens, mostrar a eles que é possível viver a santidade, a castidade, e ser de Deus.

O jovem tem algo dentro de si. A palavra de Deus diz, na carta de João: “Jovens, sois fortes porque a palavra de Deus permanece em vós, e vencestes o maligno.” Então, jovem, você tem dentro de você a força capaz de mudar o mundo e as pessoas. Essa é a beleza da juventude.

Pascom – Quero que você fale um pouquinho sobre o aborto. Como podemos alertar os jovens sobre isso?

Jorge Mongó – A questão do aborto é uma coisa seríssima, gravíssima. Quando pensamos no aborto, precisamos considerar também a raiz. Por que acontece o aborto? Porque a menina ficou grávida, frequentemente de maneira indevida. O que está acontecendo? Muitos estão se relacionando antes do casamento. Isso tem levado a juventude a se estragar. A consequência disso são jovens despreparados e sem responsabilidade para assumir suas escolhas.

Além disso, sabemos que isso é uma grande artimanha de Satanás — levar um ser humano a cometer o que há de mais profundo: tirar a vida de um ser indefeso, que é a criança em gestação. Precisamos anunciar a palavra de Deus, pois tudo isso está interligado. Uma vez que a pessoa experimenta Jesus Cristo em seu coração, ela muda de vida. Começa a entender que o que a igreja diz, ao falar para você, jovem, que é necessário viver a castidade, não é uma imposição. Pelo contrário, a castidade é um sinal de amor. Quando amamos, queremos ser inteiramente para o outro, ser do outro.

Quem gostaria de ser traído? Ninguém. Portanto, vejo a questão do aborto ligada à nossa necessidade de anunciar e denunciar. O poder público, em muitos casos, nada faz e, pelo contrário, incentiva o jovem a se prostituir. Precisamos ser essa voz, como a de João Batista, clamando no deserto: “Endireitai os nossos caminhos, preparai o caminho do Senhor.” É isso que precisamos anunciar, senão, infelizmente, veremos muitas mortes de crianças inocentes.