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Simplicidade e Síntese: a Essência da Inteligência e da Sabedoria

Pe. Anderson Alves

A inteligência humana é a nossa capacidade de unir, de sintetizar, de simplificar. O gênio é o homem da redução, da simplicidade, que é sinal de autêntica sabedoria. O sábio diz muito com poucas palavras. O pedante fala pouco com muitas palavras.

Segundo Santo Tomás de Aquino, a inteligência humana engloba duas atividades complementares: o intelecto, que realiza a passagem do múltiplo ao uno, ou seja, ele entende algo simples a partir de diversas sensações, de diversos juízos sobre um mesmo tema.

O intelecto formula uma síntese, um conceito único e universal que pode ser aplicado a uma multiplicidade de realidades. Por outro lado, a ratio faz a passagem do uno ao múltiplo, ou seja, a partir dos conceitos simples, formulados pelo intelecto, somos capazes de discorrer sobre o múltiplo, sobre a realidade, sobre a experiência particular e fragmentada. A ratio relaciona os conceitos formulando os juízos (afirmativos ou negativos); e relaciona juízos nos raciocínios (silogismos), que são o objeto da lógica.

Em todas as questões, especialmente nas mais complexas, a inteligência se destaca por sua capacidade de reduzir a multiplicidade à simplicidade, quando é capaz de entender muitas coisas em conceitos, axiomas, princípios, fórmulas ou leis simples.

Depois de muito praticar geometria, a inteligência compreende que o todo é maior do que a parte, que a soma dos ângulos internos de um triângulo é sempre 180º (segundo a geometria euclidiana), que existe uma razão chamada de “número pi”. A “reductio” é uma das principais tarefas da metafísica e das ciências, entendida tanto como redução aos primeiros princípios como retorno a eles. A partir dela, resolvemos os grandes problemas filosóficos.

É famosa a “Navalha de Ockham”, ou seja, a afirmação daquele frei franciscano do final da Idade Média (Guilherme) que, ao formar hipóteses explicativas de algum fenômeno, deve-se optar pela explicação mais simples, que explique os dados adequadamente.

Não se deve, portanto, multiplicar entidades ou assumir complexidades desnecessárias se uma solução mais simples existe. Isso pôde parecer uma simplificação da metafísica ou da filosofia tardo-medieval, mas foi essencial ao desenvolvimento da ciência experimental moderna. A partir de então, a busca por leis e fórmulas universais simples guiou o desenvolvimento e científico e tecnológico do Ocidente. Continuaremos a tratar desses temas.

 

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