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Redes Sociais e Solidão: Quando a Conexão não é Real – Parte I

Pe. Anderson Alves

Spitzer, em “Die Smartphone Epidemie”, traz um capítulo intitulado “Solteiros solitários”. Trata, inicialmente, do crescimento do número de núcleos familiares unipessoais (na Alemanha, em 2015, havia 41 milhões de núcleos familiares, dos quais 17 milhões eram formados por apenas uma pessoa). Esses números indicam um crescente processo de singularização e de isolamento das pessoas na sociedade globalizada.

Segundo o autor, esse processo é devido a duas tendências contemporâneas: a de viver nas cidades (urbanização) e o aumento do tempo passado nas mídias eletrônicas (mediatização), especialmente as redes sociais. O aumento da urbanização gera uma queda brusca da natalidade, especialmente nos países em desenvolvimento. A taxa de natalidade em Addis Abeba, na Etiópia, e em muitas cidades do Vietnã é de 1,4, inferior à baixa taxa de natalidade da Alemanha, que é de 1,5, um país altamente desenvolvido. Na capital do Irã, Teerã, as mulheres têm uma média ainda menor: 1,3 crianças por mulher. A taxa de fecundidade do Brasil passou de 6,16 em 1940 para 2,39 em 2000 e 1,9 em 2010[1].

Hoje, cada vez mais anciãos vivem como solteiros, homens e mulheres. Isso tem diversas causas: as pessoas vivem cada vez mais e há muitíssimas viúvas, dado que os homens morrem em média 6 anos antes das mulheres. E, quando os homens se casam, são já mais velhos um ou dois anos mais do que as suas esposas. Também depois da Segunda Guerra Mundial havia muitíssimas viúvas, chamadas então de “viúvas da guerra”. Entretanto, a tendência a uma feminilização da terceira idade é em aumento hoje em dia, já na oitava década depois da II Guerra.

Quando os anciãos são perguntados sobre o motivo de serem solteiros hoje, as respostas são diversas[2]: a maior parte dos homens diz: “sou muito tímido e conheço poucas pessoas” (28,7%); 16,1% das mulheres dão a mesma resposta. A resposta mais comum das mulheres é: “tenho pretensões muito elevadas” (30,2%; homens: 25,5%). As mulheres se consideram muito velhas em 9,7% dos casos (homens, 5,9%). Em relação ao desejo de independência, 27,7% dos homens dizem: “não quero renunciar à minha independência”, e 26,6% das mulheres dizem o mesmo. Uma desilusão no amor é a resposta de 10,7% dos homens e 10,4% das mulheres. A importância da própria atividade profissional é a resposta de 15,4% dos homens e 15,6% das mulheres. Ou seja, as diferenças entre as respostas dos dois sexos são irrelevantes, e a estatística diz que metade das pessoas parece ter decidido autonomamente permanecer solteiras.

Spitzer apresenta estudos que demonstram que estar online isola os jovens. Falaremos disso no próximo texto.

 

[1] https://g1.globo.com/economia/censo/noticia/2023/10/27/razao-de-sexo-idade-mediana-taxa-de-fecundidade-entenda-os-termos-do-censo.ghtml

[2] Statista, Aus Welchen Grund sind Sie Ihrer Meinung nach Single? https://de.statista.com/statistik/daten/studie/163192/umfrage/gruende-fuer-partnerlosigkeit-von-singles-nach-geschlecht/

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