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Redes Sociais e Smartphones: Os Efeitos Psíquicos da Conectividade

Pe. Anderson Alves

Dissemos anteriormente que M. Spitzer fala de uma real “epidemia do smartphone” na atualidade. Essa expressão é justificada pelos danos que eles provocam à saúde dos que os usam, aproximadamente mais de 5 bilhões de pessoas no mundo. Há dezenas de estudos que demonstram que os celulares levam a contrair diversas enfermidades, causam sobrepeso, distúrbios do sono, miopia, danos à postura, acidentes rodoviários e domésticos e levam à dependência, não só dos smartphones, mas também de substâncias como o álcool e a nicotina.

Além disso, há efeitos psíquicos do seu uso e das redes sociais. Um fenômeno que afeta muitos na atualidade, especialmente os mais jovens, é o chamado medo de perder algo (“fear of missing out” – FOMO), de ficar sem o celular ou sem conexão (“no mobile phone phobia”, abreviado por “nomofobia”). A ciência atual diz que o uso frequente e prolongado dessas tecnologias aumenta o risco de sofrer percepção ilusória[1], distúrbios de atenção, depressão e suicídio. A simples presença do aparelho sobre a mesa de estudo ou de trabalho reduz o coeficiente intelectual e compromete as funções mentais.”

Isso é curioso, pois a palavra inglesa “smart” significa “desperto”. As redes sociais e os smartphones deveriam promover a sociabilidade humana, trazer felicidade, satisfação pelo contato com os outros e a diminuição dos sentimentos negativos. De fato, o homem é um ser social por natureza, como afirmou Aristóteles, que se realiza na relação. Entretanto, estudos mostram que ocorre exatamente o contrário com os usuários de redes sociais e de celulares: eles não tornam o homem mais desperto e feliz, mas diminuem o rendimento escolar, a sensação de bem-estar e de satisfação, aumentando as emoções negativas, como a ansiedade e a depressão. Por isso, hoje se fala de “depressão do Facebook” ou “depressão do smartphone”.

Mas é real a relação do smartphone e das redes com a depressão? Entre 2011 e 2018, houve um grande crescimento do número de publicações que possuem como palavras-chave “smartphone” e “depressão” na PubMed, por exemplo. Em 2011, foram 3 publicações. O número foi crescendo até chegar a 80 publicações em 2017.

Hoje, quase a totalidade dos jovens possui um smartphone e parece ser impossível uma vida sem ele. Para muitos, porém, a sua vida tornou-se um inferno, com os fenômenos sempre maiores de bullying, da agressividade incontrolada e anônima, da perda de confiança, do furto de dados pessoais, dos divórcios e do desemprego causados pelas “redes”, além da depressão e do suicídio.

Atualmente, a depressão é uma das doenças mais difusas e cada aumento da probabilidade de contraí-la deveria suscitar atenção. Na Alemanha, 5 milhões de pessoas adoecem a cada ano por depressão. Se o smartphone aumentasse 10% o risco de depressão, teríamos meio milhão de doentes a mais por ano naquele país. No Brasil, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2019, 10,2% das pessoas com 18 anos ou mais receberam o diagnóstico de depressão. O índice foi maior do que o encontrado em 2013 (7,6%). Os números de 2019 representam 16,3 milhões de pessoas, 10,7% em área urbana e 7,6% em área rural[2]. Continuaremos.

[1] M. Spitzer, Phantom-Vibration, in Nervenheilkunde, 36 (2017), p. 655-658.

[2] Cfr. Notícia dada pelo site da CNN Brasil, em 26/04/2022, Pesquisa Vigitel 2021.

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