Vimos anteriormente que as virtudes éticas se referem à inclinação natural do homem, tornando-se uma inclinação quase natural, semelhante ao costume, como uma força conveniente à força apetitiva. Por isso, toda virtude moral reside na faculdade apetitiva, e a ética é um saber autônomo, essencial para a tradição filosófica ocidental.
A ética é universal enquanto experiência moral humana, englobando tanto a perspectiva individual quanto a coletiva. Contudo, a ciência ética pode ser universal ou particular, dependendo do contexto cultural. A questão central é se a ética é uma realidade única e válida para todos os povos ou se varia conforme cada cultura.
Cada ser humano possui um conhecimento moral espontâneo, que guia suas ações. Todos julgam suas vidas e as dos outros a partir de uma pergunta fundamental: que tipo de pessoa quero ser? Essa reflexão moral é uma característica universal da condição humana, presente em todas as culturas e épocas.
A experiência moral é universal, e a ética filosófica dá forma a todas as culturas. As virtudes e valores podem diferir entre sociedades, mas a busca pelo bem é uma constante, assim como a natureza humana que a sustenta. A ética filosófica, estudada por poucos, reflete sobre o agir livre e as relações fundamentais implicadas nele, oferecendo uma perspectiva racional e sistemática sobre a vida moral.
Segundo H. de Lima Vaz (Ética e cultura, 1988), a práxis humana é a atualização imanente de um processo circular. O ethos, como costumes transmitidos pela comunidade, é princípio e norma dos atos humanos, que formam o ethos pessoal (hexis) e influenciam o ethos social. Esse círculo reflete a interdependência entre o comportamento individual e os costumes sociais, mostrando como a ética é uma ciência dinâmica e interativa.
A ética combina, portanto, a universalidade da experiência moral com particularidades culturais. Estuda tanto o comportamento individual quanto os costumes sociais, buscando equilibrar a liberdade individual com os valores coletivos. A reflexão ética é essencial para entender a condição humana e orientar as ações em direção ao bem, integrando princípios universais e contextos culturais específicos.