Com a presença do bispo diocesano, Dom Joel Portella Amado, no dia 18 de maio aconteceu o Congresso Diocesano das Pastorais Sociais com a participação de mais de 150 agentes. Com o tema “Espiritualidade das Pastorais Sociais”, Dom Joel afirmou que a ela nasce do mandamento da caridade, do amor ao próximo e citou como exemplo o amor de Jesus Cristo que foi até às últimas consequências, a sua morte na cruz e sua ressurreição.
Rogerio Tosta
Ascom / Diocese de Petrópolis
O Congresso contou com a presença do Assessor do Regional Leste 1 para as Pastorais Sociais, Tobias Tomines, apresentou o tema “Missão das Pastorais Sociais”. Durante sua apresentação falou como estão articuladas no Regional Leste 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), como devem estar nas dioceses e ações que devem realizar, estimulando a participação nos eventos regionais para troca de experiência.
O Congresso Diocesano das Pastorais Sociais foi organizado pelo Coordenador de Projetos da Mitra Diocesana, Diácono Permanente Marco Aurélio de Carvalho e a Assistente Social da Mitra, Gisele de Freitas Carvalho, a pedido do Coordenador Diocesano de Pastoral, Padre Alexander de Brito Silva, que celebrou a missa de encerramento na Igreja Santo Antônio no Alto da Serra. Padre Alex ressaltou o papel dos assessores eclesiásticos das Pastorais Sociais, atualmente exercido pelos diáconos permanentes indicados pelo bispo diocesano.
O bispo diocesano chamou atenção para o fato de que o amor a Deus e ao próximo estão intimamente ligados e alertou para o risco de só amar a Deus ou só amar o próximo. Concluiu sua afirmação lembrando as palavras de São João em sua primeira carta, quando diz “se alguém afirmar: Eu amo a Deus”, mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.” (cf. 1jo 4,12)
Dom Joel comentou ainda que é preciso deixar o Espírito Santo agir, lembrando que a espiritualidade é movida pelo amor a Deus e aos irmãos, no serviço e na caridade. Ele explicou ainda que há muitas formas de exercer esta caridade, que normalmente é visto pela distribuição de cestas básicas, realizadas pela maioria das paróquias.
Em sua apresentação o bispo diocesano comentou que, na história do cristianismo a caridade para atender os mais necessitados sempre esteve presente, seja com ações individuais ou por meio das instituições de caridade. No entanto, Dom Joel afirma que existem três níveis de exercer a caridade: assistencial, promocional e sociotransformadora.
Para o bispo é preciso não ficar apenas no nível assistencial. A dimensão promocional da caridade, que é ajudar as pessoas com cursos profissionalizantes e atividades que favoreçam as pessoas a se sustentarem, é fundamental. Na sociotransformadora, que é atacar as causas das misérias, como a fome. Ele lembra que é preciso ter cuidado para não separar estes níveis de caridade, querendo apenas realizar um deles, pois não é possível separar o amor a Deus do amor ao próximo.
Ainda de acordo com o bispo diocesano, toda ação pastoral, no exercício da caridade, está fundamentada na Palavra de Deus e como exemplo citou quatro passagens: 2Cor. 5,14 – A caridade de Cristo nos impele!; Lc 10,25-37 – O Bom samaritano; Mt 25,31-46 – Juízo final; Tg 2,14-17 → A fé sem as obras é morta; frisando que existem outros textos bíblicos que fundamenta toda ação pastoral da Igreja.
Citando a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios (cf: 1 Cor 3,4-6), que fala sobre a divisão da comunidade, Dom Joel comentou que isto pode acontecer no exercício da caridade nas Pastorais Sociais, quando alguém diz “Só vale a assistencial”, e outro diz: “Só vale a Socioambiental”, não é porque estão agindo meramente com critérios humanos? Afinal de contas, o que é a caridade assistencial? O que é a socioambiental? São apenas caminhos por meio dos quais vocês vivem a caridade, conforme o dom que o Senhor deu a cada um. Um assiste, outro promove e outro atua socioambientalmente, mas é Deus quem dá o crescimento”. Ainda segundo o bispo a divisão acontece por causa do pecado, que precisa ser superado.
Antes de concluir sua apresentação, apontando os caminhos para as Pastorais Sociais na Diocese. O bispo diocesano apresentou o pensamento da Igreja no documento Gaudium et Spes do Concílio Vaticano II, no Proêmio do Documento, parágrafo primeiro, onde afirma: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. Porque a sua comunidade é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero humano e à sua história”.
Dom Joel apresentou ainda o pensamento de São João Paulo II, quando afirmou que “A doutrina social cristã reivindicou mais uma vez o seu caráter de aplicação da Palavra de Deus à vida dos homens e da sociedade, assim como às realidades terrenas que com elas se relacionam, oferecendo princípios de reflexão, critérios de julgamento e diretrizes de ação”. Seguindo com o pensamento dos papas, apresentou uma afirmação de Bento XVI: “Para a Igreja, a caridade não é uma espécie de atividade de assistência social que se poderia mesmo deixar a outros, mas pertence à sua natureza, é expressão irrenunciável da sua própria essência”.
Por último mostrou uma afirmação do Papa Francisco na Encíclica Fratelli Tutti, quando diz: “Entrego esta encíclica social como humilde contribuição para a reflexão, a fim de que, perante as várias formas atuais de eliminar ou ignorar os outros, sejamos capazes de reagir com um novo sonho de fraternidade e amizade social que não se limite a palavras”.
Dom Joel Portella Amado concluiu sua apresentação aos agentes apontando as diretrizes para um melhor trabalho das Pastorais Sociais que são: Organização em rede; Articulação diocesana; e Momentos de: Formação e troca de experiências; Oração e celebração; e Expressões públicas. O bispo afirmou que este é o caminho, lembrando que não é possível uma pastoral atuar sozinha, por isso um trabalho em rede, citando o congresso como uma das formas de celebração e troca de experiências.