As mídias digitais, especialmente as redes sociais, isolam tanto adultos quanto jovens, diminuindo suas interações sociais reais e prejudicando seu bem-estar. Quanto mais tempo dedicado às redes, maior é o sentimento de frustração, fenômeno conhecido como “depressão de Facebook”. Pesquisas revelam que contatos sociais reais, offline, promovem um maior desenvolvimento das áreas cerebrais responsáveis pela elaboração das informações sociais, formando o que é chamado de “the social brain” (o cérebro social). Estudo realizado com animais e seres humanos corroboram essas descobertas[1].
Em contraste, as redes sociais geram isolamento, resultando em consequências psicológicas relevantes que afetam a saúde mental. Esse processo acentua o “eu” em detrimento do “nós”, algo notado inicialmente por literatos e escritores, e posteriormente confirmado por estudos empíricos. Há quarenta anos, a geração baby boomer foi rotulada como “geração eu” devido ao desenvolvimento econômico significativo pós-Segunda Guerra Mundial, que permitiu a milhões de pessoas o luxo de se preocuparem apenas consigo mesmas e com seus próprios gostos (Tom Wolfe, 1976). A geração baby boomer inclui pessoas nascidas entre 1946 e 1964, durante o período de explosão demográfica que ocorreu após a Segunda Guerra Mundial. Esse grupo experimentou crescimento econômico, mudanças sociais e culturais, e avanços tecnológicos rápidos.
Os filhos dessa geração foram amplamente fotografados, filmados, adulados e aprovados em todas as suas ações. Receberam mais atenção dos pais do que a geração anterior, resultando em altos níveis de egocentrismo, que foram balanceados com valores cristãos, ainda bem presentes na sociedade, tais como a comunidade, o amor ao próximo e a solidariedade. Em contrapartida, a geração que segue os baby boomers, conhecida como Geração X, composta por pessoas nascidas entre 1965 e 1980, cresceu durante um período de mudanças culturais significativas, avanços tecnológicos e a transição para uma economia globalizada. Valorizam a autonomia e a independência, muitas vezes devido à vivência de lares com ambos os pais trabalhando ou altos índices de divórcio. A Geração X cresceu durante a transição de tecnologias analógicas para digitais, como o surgimento do computador pessoal e da internet, experimentando mudanças no mercado de trabalho, com o início da popularização do trabalho remoto e das carreiras múltiplas.
[1] J. Paris, Modernity and narcissistic personality disorder, in “Personality disorders: Theory, research and treatment”, 5 (2014), p. 220-226.