O dom de amar é divino – 2ª-feira da 15ª Semana do TC – Mons. Paulo Daher

Em Isaías, 1, 10-17, o Senhor se dirige às cidades de Sodoma e Gomorra cujos sacrifícios oferecidos não têm sentido por causa de seus pecados. Quando vocês estendem as mãos, eu cubro meus olhos. Se multiplicam orações, não as escuto. Suas mãos estão manchadas de sangue. Lavem-se e purifiquem. Tirem de meus olhos suas más ações. Cessem de fazer o mal. Aprendam a fazer o bem. Procurem a justiça e atendam aos órfãos e viúvas.

Somos o que somos diante de Deus. Ele nos conhece a fundo. Nada lhe passa despercebido. Mas Ele que nos fez livres e conscientes espera que manifestemos nossos verdadeiros sentimentos por nossas atitudes. Ele é a Verdade. Que ao menos não nos contentamos só com gestos externos.

As aparências valem bastante para nós em nossa vida comum com outras pessoas, que não conhecem totalmente nossos pensamentos e sentimentos. Aos outros podemos esconder o que temos dentro de nós, mas a Deus não. Assim, quando externamente queremos manifestar a Deus nossa atenção por preces, atos que revelem nosso amor a Ele, e de alguma forma esses gestos são somente externos, Ele logo percebe.

Essas são queixas do Senhor em relação às cidades de Sodoma e Gomorra.

Pode acontecer que não estejamos seguindo os caminhos do Senhor. E queremos fazer nossas preces ou participar na comunidade de gestos religiosos e sacramentos (como a missa, ou atos devocionais). Devemos agir com fé, realizando com os outros o que expressa nosso amor a Deus, pedindo que nos perdoe nossas falhas e pecados. Será assim uma forma de reconhecer que não estamos bem com Deus, mas que queremos que Ele nos ajude a buscar de novo esta ligação com Ele.

Qualquer pessoa pode dirigir-se a Deus. Se rezamos preces ou salmos que talvez expressem uma atitude que de fato não corresponda ao que vivemos, não deixemos de orar, assim pedimos que Ele nos ajude a buscar o perdão e a reconciliação.

Principalmente para os outros não queiramos parecer o que não somos. Mostremos humildemente que estamos buscando a Deus, mas que ainda não alcançamos o que precisamos.

Em Mateus 10, 34-11,1, disse Jesus: “eu não vim trazer a paz. Vim trazer a guerra. Separar as pessoas na família.  Quem ama seus pais mais que a mim, quem não toma sua cruz para seguir-me, não é digno de mim. Quem perder sua vida por mim vai ganhá-la. Quem receber vocês é a mim que estará recebendo. Quem der um copo de água a um pequenino terá sua recompensa.” Então Jesus foi para outras cidades.

Cristo veio para indicar-nos o caminho do bem e da verdade e para ajudar-nos nesta busca.

Em família os pais, na escola os professores, no trabalho, os que querem ajudar para que todos sigam o que é melhor para si e para os outros nem sempre agradam às pessoas interessadas.

Jesus chama isso de guerra e não paz.  Incomoda a quem pensa mais em si mesmo e prejudica os outros. Há pessoas que não gostam de ser chamadas à atenção. Mas quando necessário é até um ato de amor.

Jesus não é contra nossos amores humanos. Só se forem prejudiciais às pessoas ou quando se trata de desobedecer ao que o Senhor nos propõe como melhor caminho para viver bem.

O dom de amar é divino. Faz-nos estar bem conosco e com os outros quando é justo e moderado. Aliás, todas as nossas capacidades são assim: se as usamos com a finalidade própria, levam-nos a realizar o que precisamos. Se nos valemos delas para prejudicar os outros ou quando exageramos no apego às coisas e pessoas, os primeiros a sofrer somos nós mesmos.

O que Cristo nos propõe como regra a seguir em nossas atitudes não são ordens suas, são lembretes para que não nos desviemos do caminho da verdade e do bem que realizam melhor nossa vida. E isto pode parecer uma guerra ao nosso egoísmo, uma perda. E não é. Só ganhamos.

Mais uma vez lemos: quem perde sua vida por Jesus, vai ganhá-la. É a maneira já explicada: perder no sentido de deixar o que achamos que é bom para nós, ou que na hora parece ser perda, mas acaba sendo até ganho. Até na vida comum: uma mãe poderia parecer estar perdendo seu tempo, deixando de lado um trabalho em que lucraria mais dinheiro, para velar junto a um filho pequeno que está doente e precisando de atenção.

E em relação a Jesus: Ele pode estar pedindo algo que agora parece-nos perda. Mais adiante veremos que valeu a pena.

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