Mãe de Deus e Nossa: Padroeira do Brasil!

Dom José Maria Pereira

O verdadeiro nome da Solenidade celebrada, no Brasil, no dia 12 de outubro, é Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Em 1930, ela foi, solenemente, proclamada Padroeira do Brasil, pelo Papa Pio Xl. A celebração vem lembrar a todos os brasileiros que a devoção à Senhora Aparecida está impregnada da certeza da proteção da Mãe de Cristo e de que Ela intercede por nós, seus filhos.

Nossa Senhora da Conceição faz parte da devoção do povo brasileiro a Nossa Senhora. Nela, os cristãos contemplam a própria vocação à santidade.

As leituras Bíblicas realçam a mensagem da mediação de Maria, na figura de Ester (Est 5, 1b – 2; 7, 2b -31) e na solicitude de Maria nas Bodas de Caná (Jo 2, 1-11). No texto do Livro do Apocalipse, cap. 12, Maria é apresentada como grandioso sinal que apareceu no Céu, ameaçada, mas, não tragada pelas águas, de um rio. A mulher foi socorrida pela terra.

A Palavra de Deus (Ester 5, 1-2; 7,2-3) fala-nos da rainha Ester que se aproxima suplicante do grande rei, e este põe à sua disposição todo o seu poder. Diz o texto bíblico: “Então, o rei lhe disse: O que me pedes, Ester; o que queres que eu faça? Ainda que me pedisses a metade do meu reino, ela te seria concedida. Ester respondeu-lhe: Se ganhei as tuas boas graças, ó rei, e  se for de teu agrado, concede-me a vida – eis o meu pedido! – e a vida do meu povo –  eis o meu desejo!”  (Ester 7, 2b-3). Para nós, é muito fácil perceber nesta rainha do Antigo Testamento a prefiguração da Rainha dos Céus, intercedendo junto de Deus por nós, que somos seu povo e seus filhos. Confiamos à intercessão de Maria as nossas necessidades, quer sejam pequenas, quer nos pareçam muito grandes, as da nossa família, da Igreja e da sociedade. Diante de Deus, Maria referir-se-á a nós, dizendo que este é o meu povo, pelo qual intercedo.

Nós temos Maria, a Mãe de Jesus, nosso Rei, Deus e Senhor. Hoje, celebramos a grande festa da Padroeira do nosso país. E por que a Virgem Maria ocupa um lugar tão importante em nossa fé cristã? Porque Deus escolheu-a para ser Mãe de Jesus Cristo. Como Ele é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, Maria é Mãe de Deus.

Nossa Senhora está presente de forma especial e única no mistério da salvação, em Jesus Cristo. O Anjo do Senhor anunciou a Maria e ela concebeu do Espírito Santo. Ao convite de Deus, Maria cooperou ativamente. Para a nova aliança entre Deus e os homens, Nossa Senhora pronunciou: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). E, de si mesma chama seva do Senhor.

Em Maria, tudo é perfeitíssimo: é a cheia de graça, aquela que todas as gerações proclamam bem-aventurada, porque Deus, Todo-poderoso, fez grandes coisas, fez maravilhas nela e por ela. É tão poderosa e tão amorosa porque Deus assim a cumulou de graças, para ser a Mãe de Jesus e por Ele e nEle, nossa Mãe!

No Evangelho (Jo 2,1-11), encontramos o primeiro milagre que Jesus fez, a pedido de sua mãe, em Caná da Galiléia. Numa festa de casamento, Maria estava presente, como também Jesus e os seus primeiros discípulos.

Maria, durante a festa, enquanto presta a sua ajuda, percebe o que se passa. Jesus está no início de seu ministério público.

A Mãe chega para o Filho e lhe diz: “Eles não têm mais vinho!” (Jo, 2,3). É interessante: Maria pede sem pedir, expondo uma necessidade. E desse modo ensina-nos a pedir.

Jesus responde-lhe: “Mulher, por que dizes isto a mim? Minha hora ainda não chegou”. (Jo 2, 4). Parece que Jesus vai negar à sua Mãe o que Ela lhe pede. Mas a Virgem, que conhece bem o coração do seu Filho, comporta-se como se tivesse sido atendida e pede aos serventes: “Fazei tudo o que Ele vos disser!” (Jo 2, 5).

Maria é uma Mãe atentíssima a todas as nossas necessidades, de uma solicitude que mãe alguma sobre a terra jamais teve ou terá. O milagre acontecerá, porque Ela intercedeu; só por isso.

Em Caná, ninguém pede à Virgem Maria que interceda junto do seu Filho pelos consternados esposos. Maria preocupa-se com tudo que diz respeito aos seus filhos. Sensibilidade de mãe, de assumir, de se envolver com tudo o que preocupa seus filhos. Leva a Deus as necessidades dos homens. Vê o que ninguém vê.

Se a Senhora procedeu assim sem que lhe tivessem dito nada, que teria feito se lhe tivessem pedido que interviesse? Que não fará quando- tantas vezes ao longo do dia!- lhe dizemos “ rogai por nós”? Que não iremos conseguir se recorrermos a Ela?

O Papa São João Paulo II, referindo-se a Maria, dizia ser a Onipotência suplicante! Assim a chamou a piedade cristã, porque o seu Filho é Deus e não lhe pode negar nada.

Deveríamos suplicar o seu socorro com mais frequência!

Depois que os serventes encheram as talhas de água, disse-lhes Jesus: “Agora tirai e levai ao mestre-sala” (Jo 2, 8). E o vinho foi o melhor de todos os que os convidados beberam. As nossas vidas, tal como a água, eram também insípidas e sem sentido até que Jesus chegou a elas. Ele transforma o nosso trabalho, as nossas alegrias, as nossas penas; a própria morte se torna diferente junto de Cristo.

O Senhor só espera que cumpramos os nossos deveres, até à borda, acabadamente, para depois realizar o milagre.

“Enchei as talhas de água”, diz-nos o Senhor. Não permitamos que a rotina, a impaciência e a preguiça nos façam deixar pela metade a realização dos nossos deveres diários.

Jesus não nos nega nada; e concede-nos de modo particular tudo o que lhe pedimos através de sua Mãe.

Como as mães, na terra, orientam e aconselham, Maria também: A Mãe de Jesus e nossa continua a nos dizer: “Fazei o que Ele vos disser.” Foram as últimas palavras de Nossa Senhora registradas no Evangelho. E não poderiam ter sido melhores. Ela quer que escutemos Jesus, que estejamos atentos ao que nos fala, que sigamos sua Palavra, que sigamos seus valores, seus princípios. É o conselho que nossa mãe nos dá: fazer o que Jesus nos ensina é o caminho da felicidade neste mundo e no outro, é o caminho da verdade e da justiça, da santidade e da graça, da verdade, da paz e da glória.

Maria leva-nos a Cristo, como afirma com precisão o Concílio Vaticano ll: “A função maternal de Maria, em relação aos homens, de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de Cristo; antes, manifesta a sua eficácia (…) e de nenhum modo impede o contato imediato dos fiéis com Cristo, antes o favorece” (LG 60)

Para Nossa Senhora, cada cristão é um filho único, filho que precisa de uma ajuda muito consistente, muito firme. Só essa Mãe do Céu poderia ser Mãe de todos nós, interessar-se por cada um de seus filhos como se fosse único. Escuta-nos um a um, olha-nos um a um, ama-nos um a um, fala-nos um a um. Acolhe-nos um a um. Espera-nos um a um.

“Todas as gerações, desde agora, me chamarão bem-aventurada, porque o Poderoso fez por mim grandes coisas” (Lc 1,48-49): “A piedade da Igreja para com a Santíssima Virgem é intrínseca ao culto cristão” (MC 25).

Com as palavras de São João Paulo II, recorremos, hoje, a Nossa Senhora Aparecida, pedindo-lhe que nos ensine o caminho da esperança.

Rezou o Santo: “Não cesseis, ó Virgem Aparecida, pela vossa mesma presença, de manifestar nesta terra que o Amor é mais forte que a morte, mais poderoso que o pecado! Não cesseis de mostrar-nos Deus, que amou tanto o mundo, a ponto de entregar o seu Filho Único, para que nenhum de nós pereça, mas tenha a vida eterna! Amém! (São João Paulo II, Dedicação da Basílica Nacional de Aparecida, 4/7/1980).

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