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Inteligência Artificial e Educação: Questões Éticas (Parte IV) – Pe. Anderson Alves

Dissemos anteriormente que os sinais – como os livros – e as realidades conhecidas permanecem externos ao intelecto. Sinais e realidades correspondem às ideias elaboradas pelo intelecto. Os sinais possibilitam o pensamento e o raciocínio, mas não o substituem.

Desse modo, o conhecimento não é diretamente transmitido, mas deve nascer, ser gerado na inteligência. O livro comunica sinais, palavras de um interlocutor mudo, para que cheguemos a pensar, a criar algo por nós mesmos. “A fonte do saber não está nos livros, ela está na realidade e no pensamento. Os livros são placas indicadoras; a estrada é mais antiga, e ninguém faz por nós a viagem da verdade” (SERTILLANGES, A vida intelectual, p. 186). O mais importante não é o que um autor diz, mas o que a realidade é e o que o nosso intelecto se propõe a compreender, a absorver vitalmente de modo que possa pensar por si mesmo. “Entendida a palavra, é preciso, após o autor, graças a ele talvez, mas no fim independentemente dele, obrigar a alma a redizer a palavra a si mesma. É preciso recriar para nosso uso toda a ciência” (Ibidem).

A leitura de grandes obras permite não apenas a aquisição de verdades esparsas, mas a formação de critério, de uma sabedoria pessoal. Esse é o objetivo da educação: não simplesmente informar, mas formar, educar plenamente. Sem isso, a utilidade de um livro seria nula. Ao máximo poderíamos imitar um livro escrevendo outro, sem gerar nenhum benefício.

A leitura e a instrução não podem, pois, ser meramente passivas. Como bem diz Sertillanges, “há também em nós volumes e grandes textos que não lemos” (p. 187). Não é desejável, pois, ler as grandes obras, os clássicos, com o objetivo de anotar fórmulas. O livro deve ser um ponto de partida e não uma meta. Devo aprender a ler o livro, a compreendê-lo e depois é preciso refletir, julgá-lo e talvez o abandonar ou ultrapassá-lo. “Tenho o dever de ser eu. De que serve repetir outros? Por pouco que eu seja sei que Deus não faz em vão nenhum de seus espíritos, muito menos ainda que nenhuma das coisas da natureza. Obedeço ao meus Mestre quando me liberto” (p. 188).

Um livro é um sinal, algo que estimula o pensamento. É um auxílio, algo que possibilita o iniciar da reflexão, sem a substituir. De acordo com Sertillanges, “um livro é um berço, não um túmulo. Fisicamente nascemos jovens e morremos velhos; intelectualmente, por razão da herança secular, nascemos velhos: é preciso tratar de morrer jovens” (p. 188). E os grandes pensadores, os gênios, quiseram nos libertar, não nos prender a nada, nem mesmo a eles. É preciso assim, a partir deles, alcançar a nossa liberdade e espontaneidade intelectual. O pensamento deve proceder da nossa intimidade e originalidade. A mera repetição logo se torna cansativa. Os gênios foram os grandes criadores, e por isso são sombra de Deus. Deus está em todos e quando crescemos, quando nos desenvolvemos, com trabalho e esforço, honramos e respeitamos a Deus.

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