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Inteligência Artificial – Algumas Questões Pedagógicas – Pe. Anderson Alves

Falamos anteriormente de algumas dificuldades legais que podem derivar do mau uso das Inteligências Artificiais (IAs). É preciso tratar o assunto desde o ponto de vista pedagógico. Talvez a IA mais conhecida seja o Chatgpt e muitos pensem que esse seja o único programa de IA na atualidade. Na verdade, não é assim. Há um site que procura reunir todas as IAs atuais, as quais são divididas por categorias: escrita, imagens, códigos, vídeos, áudios, projetos, assistentes digitais e produtividade. Em cada uma delas, há dezenas de IAs. A maior parte dos sites permite o acesso gratuito aos usuários e oferece melhores serviços para quem paga uma taxa mensal ou anual.

O tema é muito relevante para a educação. Vamos dar alguns exemplos. Há IAs que são assistentes de escrita. O usuário insere um texto (seu ou de outra pessoa, como um aluno) no programa, que o corrige, ou reescreve elaborando paráfrases. Para quem tem pouca prática de escrita, essas ferramentas auxiliam na elaboração de um texto aceitável. Quem tem boa prática de escrita, acaba corrigindo as correções feitas por esses programas. Mas eles estão sendo desenvolvidos com grande velocidade.

Há outras IAs de apresentações, semelhantes às realizadas com o antigo programa Powerpoint. Contudo, há aqui uma diferença: as IAs atuais fazem a pesquisa no seu banco de dados e montam toda a apresentação, em minutos. Basta digitar, por exemplo, “faça uma apresentação sobre as cidades mais ricas do Brasil” e tudo fica elaborado sem nenhum esforço. Para se realizar uma boa apresentação de Powerpoint e usá-la em aula é necessário, em geral, ler muito, resumir o conteúdo, expor os temas centrais dos textos em slides com fotos, imagens, vídeos e animações. As IAs novas fazem a “pesquisa” e montam a apresentação em poucos minutos. Fazem apresentações belas, que são, em gerais, superficiais e com o risco de conter informações falsas. Além disso, os seus usuários podem fazer uma esplêndida apresentação e expô-la sem terem lido absolutamente nada sobre o assunto, nem mesmo o texto escrito na própria apresentação.

Testei uma IA desse tipo. Pedi a apresentação de um livro que estou lendo, ainda não traduzido ao português, que tem mais de 300 páginas. O programa elaborou uma apresentação com oito slides, contendo título, índice e bibliografia. Respondeu a três perguntas que realmente são respondidas no livro. Tudo o que disse é verdadeiro, mas disse muito pouco sobre a obra. Para leitores experientes, esse tipo de ferramenta pode auxiliar na elaboração rápida de uma apresentação sobre determinado conteúdo. Quem não está habituado a ler, pode se contentar com o resumo feito e não estudar realmente o exigido, desperdiçando tempo com o aprimoramento dos efeitos da apresentação.

Há uma IA em que é possível inserir um texto em pdf ou um livro completo. Depois, pode-se pedir um resumo do livro, que logo é feito; é possível solicitar ainda cinco perguntas sobre a obra e as respostas às respectivas questões. Tudo é feito imediatamente. Um professor pode usar esse programa e pedir que os seus alunos façam provas ou resumos de textos que eles não leram, nem mesmo o professor! Bastaria “confiar” na IA. Nesse caso, as IAs não estariam auxiliando na tarefa educativa, mas substituindo a inteligência e a memória de professores e alunos.

Há sites de especialistas em tecnologia que ensinam a fazer vídeos para as plataformas digitais com 5 ou 10 minutos, sobre qualquer tema, gastando no máximo 1 minuto. Realmente há IAs que transformam textos em vídeos. Alguém pode expor um tema sem ter o mínimo conhecimento do assunto e sem ter conferido a veracidade das informações. Isso é importante se lembramos que pesquisas de 2009 dizem que nos EUA os adolescentes passam mais tempo usando os meios digitais (7,5 horas por dia) do que dormindo. Na Alemanha, no mesmo ano, jovens de 14 anos passam nesses meios 7,5 horas diárias e apenas 4 horas por dia nas escolas. Não há como não perceber os riscos de tudo isso.

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