
Saudações…
Da boca do anjo Maria ouve uma saudação que a faz estremecer, pois ele a chama com um título novo: “cheia de graça”. Um título que traduz o seu mistério: nela Deus habita, por uma escolha especial e dela transborda a graça que nos salva, o seu Filho Jesus.
O povo fiel, os filhos de Maria, também quis honrá-la com títulos que fazem parte da sua experiência de fé, é o caso da festa de hoje: Maria é Rainha. Com todo o direito a ela damos esse título porque o seu Filho traz aos ombros a marca da realeza (Is 9, 5) e porque Ele é detentor de um reino que não terá fim (Lc 1, 33).
Tudo de Maria é dele, é de seu Filho, por isso, tudo de Maria é grandioso, embora ela simplesmente se reconheça como a humilde serva do Senhor.
O anjo a chama de “Cheia de Graça”, Isabel a saúda como a “Mãe do meu Senhor”, o povo cristão atribuiu tantos títulos a Ela, mas ela prefere sempre…o mais humilde: a serva do Senhor, reconhecendo que Ele olhou para a sua humildade.
Maria se coloca na vida como serva: sabe que sobre Ela existe um projeto maior, que escapa às sua meras capacidades e ao seu controle. Abandona-se e colabora no plano que está no coração de Deus que olhando para Ela, olha para todos nós.
Os títulos de Maria são sempre para nós e, por isso, razão de nossa alegria. Por isso, agradecidos fizemos ressoar hoje nesta liturgia aquelas outras palavras do Profeta Isaías: “Fizeste crescer a alegria, e aumentaste a felicidade; todos se regozijam em tua presença como alegres ceifeiros na colheita” (Is 9, 2).

Palavras que poderiam também expressar o que o no nosso coração experimentou ao saber que o Santo Padre aceitou distinguir o nosso querido Pe. Luis com o título de “Capelão de Sua Santidade”, associando-o assim à chamada “família pontifícia”. O título é seu, Pe. Luis, mas nós nos alegramos como “alegres ceifeiros na colheita” por seu ministério rico em tantos frutos.
A Igreja, meus irmãos, na sua sabedoria milenar, honra alguns de seus filhos sacerdotes com títulos honoríficos. Ela assim o faz não para fomentar neles a vaidade, nem nos outros a inveja, mas para nos dar a oportunidade de agradecer e de estimular a todos no caminho próprio do serviço sacerdotal. Por isso, o título que o Santo Padre conferiu ao Pe. Luis, é uma forma da Igreja em Petrópolis manifestar o seu reconhecimento e a sua gratidão. Para ele, este título, reveste o seu serviço eclesial de uma nova responsabilidade diante da Igreja, aquela do testemunho. Por outro lado, como um Padre exerce o seu ministério sempre junto da família presbiteral, todos os seus irmãos padres participam também desse reconhecimento e por isso se alegram por essa distinção ao caro irmão.
Nossa gratidão a D. Gregório que fez o pedido e a D. Joel que o confirmou. Assim se expressou D. Joel ao comunicar a notícia: “depois de conhecer a história do Pe. Luis e seu trabalho e seu empenho pessoal por amor a Deus e à Igreja, o título de monsenhor é uma justa homenagem”. Obrigado, D. Joel! Agradeço também pela deferência ao pedir que eu pudesse dirigir algumas palavras na homilia desta celebração.
Desde o tempo do Seminário sempre estivemos muito próximos e pude ter a alegria de trabalhar com o Pe. Luis no Seminário Diocesano, no seu tempo de reitor, e, depois, nos longos anos do trabalho da Nova Evangelização, com destaque para os acampamentos. Partilhamos muitas alegrias, muitos trabalhos – Pe. Luis é um homem incansável e dedicado, inquieto por aproximar o Reino de Deus à vida das pessoas e da sociedade. Mas também juntos derramamos lágrimas que certamente forjaram o homem de Deus que hoje ele é. Já nos tempos de Seminário ele sabia que o caminho na seria fácil. Uma das suas músicas mais famosas, que passou para a história dos antigos Festivais vocacionais, cantava numa das estrofes: “Estreito é o caminho do Reino que brota da ação, da busca concreta de libertação, caminho onde Cristo se faz doação…sei que sou fraco e pequeno sem ti nada sou, ao meu lado caminha eu te peço, Senhor, e me faz instrumento da vida e do amor”.
Apesar das tantas lutas, o tempo tem confirmado o seu testemunho de homem de Deus, abandonado nas suas mãos, seguindo pelas vias que Ele indicar, disposto a assumir os desafios que se apresentarem e sempre com alegria estampada no seu largo sorriso…e nas tantas gargalhadas que nunca foram sufocadas.
A grande paixão do Pe. Luis? O serviço ao Povo de Deus! Com vibração viveu e vive a vida apostólica nas paróquias por onde passou. Sua passagem por elas sempre suscitou novo ardor. Porém, quando D. Veloso lhe pediu ir para o Seminário, como reitor, desprendeu-se, não sem dor, da sua amada Paróquia na época, hoje o Santuário de N. Sra. do Amor Divino (1992) e assumiu com empenho a missão que então lhe coubera…sou testemunha de que não foi fácil realizar esse gesto. No entanto, valeu a pena, pois foi também a ocasião não só de fazer bem ao Seminário, mas também foi a oportunidade de que a Providência divina se serviu para dar impulso na Diocese ao sonho do Papa João Paulo II de oferecer a Jesus um mundo mais evangelizado no ano 2000. Aquela aceitação da proposta do bispo foi o que abriu a porta para o grande trabalho com juventude que aconteceu naqueles anos e que perdura até hoje, e que marcou a história da pastoral juvenil diocesana.
Eu me lembro do que ele nos disse na ocasião: como vamos ter vocações no Seminário se não temos um trabalho consistente com os jovens? Milhares de jovens passaram pelos acampamentos e quantos padres e tantas outras lideranças são fruto daquela inspiração.
Assim foram tantos os caminhos da Providência divina na sua vida: paróquias, Seminário Diocesano, Sítio São José do Oriente e os trabalhos da Nova Evangelização, Acampamentos, UCP, sempre procurando desbravar novos caminhos, nunca acomodando-se no que já se conquistou.
Hoje nos reunimos numerosos nesta Igreja, na alegria, não apenas por causa de um título, mas porque a maneira como você tem vivido o seu ministério traduz a alegria que a sua presença sacerdotal traz para a Igreja em Petrópolis…por onde tem passado, você tem sido semeador se paz e de alegria. Toda vida é dom e há vidas que reforçam essa consciência e assim você tem sido no nosso meio.
Meus irmãos e minhas irmãs, Jesus resumiu todos os múltiplos aspectos do seu sacerdócio nesta única frase: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir” (Marcos 10,45)… “O seu sacerdócio não é domínio, mas serviço” (Bento XVI, homilia de 12 de setembro de 2009). Na Igreja, reinar é servir!
Que saiamos daqui não apenas satisfeitos porque testemunhamos um justo reconhecimento, mas mais comprometidos com a nossa fé e com a missão de dar o nosso melhor para aproximar muitas pessoas da Boa Nova do Reino.
Maria, estrela da Nova Evangelização, seja sempre nossa inspiradora neste caminho e a sua intercessão o nosso apoio e o apoio sempre presente na sua vida, caro irmão, Mons. Luis.