A festa de São Bento, fundador dos beneditinos, foi celebrada pelas Irmãs do Mosteiro da Virgem (https://www.mosteirodavirgem.com.br/), com a missa presidida pelo bispo diocesano Dom Joel Portella Amado, e a participação dos oblatos, devotos e amigos do Mosteiro. “São Bento não marcou apenas a Europa, mas o mundo inteiro com seu testemunho de amor a Deus”, afirmou o bispo diocesano.
Em sua homilia, Dom Joel disse que todas as vezes que celebra a festa de um santo, sempre lembra do convite “sede santos como eu; o Senhor sou santo” (cf. Levítico 11,44). “Tenho para mim que este é o grande sonho de Deus: nos dar a santidade”, afirmou o bispo, lembrando que, apesar das diferenças entre nós, todos somos chamados à santidade.
Dom Joel compartilhou um questionamento que recebeu de um adolescente, perguntando ‘como se vira santo?’. Para o bispo, o caminho é muito simples, lembrando que o convite é para todos e referiu-se ao Evangelho sobre o Sermão das Bem-aventuranças, lembrando que, no Antigo Testamento, Moisés desce a montanha com os mandamentos. No Novo Testamento, é o próprio Deus que se faz homem e “vem até nós para nos dar a salvação”.
Para o bispo diocesano, o convite de Deus precisa ser levado a sério, comentando que, dos caminhos deixados por Deus, temos o exemplo de São Bento. Ainda referindo-se às Bem-aventuranças, Dom Joel disse que Deus não quer o sofrimento para ninguém, pois sua vontade é que sejamos felizes. “Mas, olhando as Bem-aventuranças, há um detalhe importante: quando fala ‘felizes os que sofrem’, não é porque precisamos sofrer, mas é para que possamos perceber a vida à luz de Deus, pois no Pai Nosso dizemos que seja feita a tua vontade e não a nossa”.
Dom Joel ainda comentou sobre a vida de São Bento, marcada pelo grande trabalho que realizou na Europa com uma grande evangelização, fundando comunidades. Para o bispo, a memória de São Bento não se apaga, pois ele cumpriu a vontade de Deus e por isso até hoje influencia o mundo. “O exemplo de São Bento é desafiador, mas devemos seguí-lo. Caminhemos para a santidade, tendo São Bento como exemplo.”
Mosteiro da Virgem
A história do Mosteiro começou por apelo de Deus feito à Madre Francisca de Jesus (Francisca Bernardina de Carvalho do Rio Negro). A 13 de dezembro de 1910, recebeu do Santo Padre bondosa acolhida e encorajamento para a fundação. O Papa exprimiu-lhe o desejo de que realizasse em Roma seus primeiros passos. Madre Francisca colocou os fundamentos na divisa: “Christo et Ecclesiae”, que é conservada com carinho até hoje como a divisa do Mosteiro da Virgem.
Os começos da fundação foram em um apartamento na Vila Patrizi, perto da Porta Pia. A 19 de março de 1918, foram transferidas para a Via Tusculana. Ali se construiu uma pequena igreja sob a invocação da Imaculada Conceição, que recebeu o nome de Priorado da Virgem: devia ser o primeiro mosteiro da congregação. A vida regular não tardou em se organizar no Priorado, de acordo com as tradições das grandes Ordens religiosas, máxime da de São Domingos.
Em 1923, afiliaram-se à Ordem Dominicana, mas reconheceram que deveriam voltar à primeira inspiração da Companhia da Virgem e, em 1931, foi pedido e obtido o desmembramento. Madre Francisca é chamada a Deus em 28 de maio de 1932.
A esposa do Embaixador Luiz Guimarães, então representante do Brasil junto à Santa Sé, tomou a iniciativa de promover a instalação da Companhia da Virgem no Brasil. A transferência foi feita conforme documento oficial assinado pelo Visitador Apostólico, Pe. Lázaro d’Arbonne, com data de 20 de setembro de 1937.

A Congregação se compunha, então, de 12 membros. Saindo de Gênova a sete de outubro, aportaram no Rio a 19 do mesmo mês, no ano de 1937. Instalou-se em Petrópolis, tendo como bispo Dom José Pereira Alves.
Há uma fusão “ad experimentum” da Companhia da Virgem com a Abadia de Nossa Senhora das Graças, Belo Horizonte-MG, e a agregação definitiva ocorreu em 11 de abril de 1967. No dia oito de dezembro de 1969, as Irmãs da Companhia da Virgem fizeram a Profissão Monástica segundo a Regra de São Bento e receberam a Consagração das Virgens.
Em 1980, o mosteiro foi elevado à Abadia, sendo eleita como Primeira Abadessa Madre Maria José, que já vinha sendo há mais de 10 anos sua Prioresa. Tendo completado sua missão, em setembro de 1980, partiu, inesperadamente, para a casa do Pai.
No dia 21 de outubro de 1980 foi eleita a nova Abadessa, Madre Eugênia Teixeira, Prioresa de Juiz de Fora. Na tarde desse mesmo dia tomou posse e recebeu a Benção Abacial em 13 de dezembro daquele ano. Assim, Madre Abadessa Eugênia, conduzindo o rebanho do Mosteiro da Virgem, prosseguiu promovendo o crescimento espiritual e material da Comunidade.
A 16 de dezembro de 1989, ocorreu a Dedicação da igreja abacial, construída em terreno contíguo ao Mosteiro, doado pela senhora viúva de Dr. Henrique Dodsworth. O Mosteiro da Virgem realizou algumas Fundações, que vão espalhando o espírito de São Bento, de norte a sul do País.
Depois de exercer seu carisma de bondade e misericórdia, a 09 de outubro de 2002, Madre Eugênia, deixando a todos lembrança afetuosa e grata de seu testemunho e exemplo de virtudes, especialmente da bondade, partiu para a eternidade.
A 3ª Abadessa do Mosteiro da Virgem, Irmã Maria Auxiliadora da Silva Canuto, membro capitular da Comunidade, foi eleita conforme o ritual próprio e recebeu a Benção Abacial em 25 de janeiro de 2003. (Fonte: Mosteiro da Virgem)
Espírito beneditino, linfa da Europa
O ensinamento de São Bento, que nasceu em Núrsia, por volta do ano 480 d.C., foi uma das alavancas mais poderosas, após o declínio da civilização romana, para o nascimento da cultura europeia; é a premissa para a difusão de centros de oração e de hospitalidade. Não é apenas o farol do monacato, mas também uma fonte providencial para peregrinos e pobres.
“Deveríamos perguntar-nos – escreveu o historiador Jacques Le Goff – a quais excessos as pessoas da Idade Média teriam chegado, se esta grande e suave voz não se tivesse elevado?” Uma voz sobre a qual se deteve o grande biógrafo de exceção, São Gregório Magno, no II Livro dos “Diálogos”.
Para São Gregório, Bento é “um astro luminoso” em uma época dilacerada por uma grave crise de valores. Ele pertencia a uma nobre família da região de Núrsia. Segundo a tradição, no local onde se encontrava a casa natal do Santo, foi construída a Basílica de São Bento.
Sua vida, desde a juventude, era dedicada à oração. Seus pais, bastante ricos, mandaram-no a Roma para garantir-lhe uma boa formação. Ali, porém, — narra São Gregório Magno — encontrou más companhias, amigos viciados, que viviam ao léu. Então, Bento deixou Roma e foi, inicialmente, para a localidade denominada Enfide e, depois, por três anos, viveu como eremita em uma gruta em Subiaco, que se tornaria o centro espiritual dos Beneditinos, chamada “Sacro Speco”. Este seu período de solidão foi uma preparação prévia para outra etapa fundamental do seu caminho: Montecassino.
Ali, entre as ruínas de uma antiga acrópole pagã, São Bento e alguns companheiros construíram a primeira Abadia de Montecassino.
A São Bento, irmão de Santa Escolástica, foram atribuídos muitos milagres. Mas o milagre maior e mais duradouro do Pai da Ordem beneditina foi a composição da “Regra”, escrita por volta do ano 530 d.C. Trata-se de um Manual, um código de orações para a vida monacal. Seu estilo, desde as primeiras palavras, é muito familiar: desde o prólogo até o último dos 73 capítulos, Bento exorta os monges a “ouvirem com o coração” e a “jamais perderem a esperança na misericórdia de Deus”. De fato, escreveu: “Ouça, filho, os ensinamentos do Mestre; dê-lhe ouvidos com o coração; receba, com agrado, os conselhos de um pai que lhe quer bem, para se dirigir, com o rigor da obediência, Àquele do qual você se distanciou por causa da negligência e da desobediência”.
“O ócio – escreveu São Bento na Regra – é inimigo da alma. Por isso, os irmãos devem dedicar-se, em determinadas horas do dia, ao trabalho manual e, em outras, à leitura dos livros que contêm a Palavra de Deus”. Oração e trabalho não se contrapõem, mas estabelecem uma relação de simbiose. Sem a oração, não é possível encontrar a Deus.
A vida monacal, definida por São Bento como “uma escola de serviço ao Senhor”, não pode prescindir do compromisso concreto. O trabalho é uma extensão da oração. “O Senhor – recorda São Bento – espera, todos os dias, a nossa resposta concreta aos seus santos ensinamentos”. (Fonte: Vatican News)