Efeitos do uso do celular (Parte II) – Pe. Anderson Alves

Segundo os estudos apresentados por M. Spitzer em seu livro sobre a “Epidemia do smartphone”, os distúrbios do sono, que o uso excessivo do celular causa, são acompanhados por distúrbios do metabolismo, como o sobrepeso e a diabetes de tipo 2. Também estão ligados à pressão alta. Há estudos sobre a relação entre o uso do smartphone e o aumento da pressão do sangue. Uma pesquisa com 331 estudantes entre 14 e 17 anos mostrou que o aumento de tempo semanal passado na internet corresponde ao aumento da pressão. Foi demonstrado por via experimental que o simples som do smartphone provoca aumento da pressão arterial e a aceleração da batida cardíaca.

Além disso, muitos riscos e efeitos colaterais dos celulares dizem respeito à psiquiatria e são os seguintes: o aumento dos distúrbios da atenção, geram ansiedade, dependência, demência e depressão. Um estúdio britânico recente mostrou a incidência da depressão entre meninas de 18 anos. Ela dobra se essas passaram mais de três horas ao dia no Facebook, quando tinham a idade de 13 anos. Um estudo dos Estados Unidos revelou que a taxa de possibilidade de suicídios de meninas e jovens mulheres aumenta, com toda evidência, a cada hora de uso das mídias digitais. Entre o ano 2007 e 2015, o número de suicídios desse grupo duplicou naquele país. São especialmente elas, as adolescentes e jovens, que sofrem os efeitos negativos das redes sociais.

Os celulares provocam diversos tipos de ânsia: a ânsia de perder alguma coisa, conhecida hoje como fear of missing aut, na sua forma abreviada, FOMO. Esse tipo de ansiedade afeta a mais de 60% dos que usam o smartphone. Há ainda a Nomofobia, de no more phone fobia, considerada um fenômeno muito difundido. Ambos os distúrbios foram estudados a fundo e já se tem um bom conhecimento deles.

Além disso, o bullying e os diversos tipos de ansiedade representam hoje um problema amplamente difundido nas escolas. Reparar os seus danos custa muitíssimo tempo e energia aos sujeitos envolvidos com a educação. A existência de dependência não ligada a substâncias, como a ludopatia, que é a dependência dos jogos de azar e dos jogos do computador online, é, às vezes, negada por alguns expertos. Entretanto, isso já foi reconhecido a nível mundial e a OMS a classifica como doença. A gênese, a continuação e as consequências dessa dependência são muito conhecidas. O diagnóstico é totalmente análogo ao feito no caso de outras dependências, como a do álcool. Não se trata de contar quantas cervejas uma pessoa bebeu numa tarde, mas se ela perdeu o controle do seu consumo, se para ela o álcool está se tornando sempre mais importante e, mesmo assim, continua a beber. Isso vale também para o uso das mídias: a dependência ocorre quando o uso delas gera ansiedade, percebe-se que o seu uso é incontrolado e isso afeta a saúde e o comportamento social.

As medidas terapêuticas aplicadas aos que sofrem de dependência de mídias digitais são análogas às utilizadas para combater a dependência das substâncias. São elas: 1) Não alimentar mais a dependência, ou seja, a total abstinência; 2) Aprender a não adotar os comportamentos dependentes nas situações mais adversas; 3) Recorrer a remédios que ajudam a atenuar a pressão da dependência; 4) Desenvolver modalidades diversas de comportamento, ou seja, atitudes alternativas; 5) Aprender a controlar-se melhor.

Na China e na Coreia do Sul existe, há anos, campos, organizados de modo paramilitar, para a recuperação de jovens afetados pela dependência do computador, da internet e do smartphone. Eles possuem uma disciplina diversa, um duro treinamento e exigem a total abstinência das mídias digitais. Naqueles lugares, busca-se, desesperadamente, reparar os danos desses meios nas pessoas. A conexão entre as mídias digitais e os distúrbios de atenção é bem documentada e não pode mais ser colocada em questão. É por isso que os smartphones produzem efeitos devastadores no âmbito educativo, como veremos mais adiante.

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