Pelo que sabemos, e Spitzer o afirma no seu livro de 2018 (“A epidemia do Smartphone”), não há estudos que demonstrem os efeitos positivos das novas tecnologias na educação, embora toda a publicidade a esse respeito. Por outro lado, uma série de estudos demonstra que quanto maior é o tempo que um estudante passa no uso dos meios digitais pior é o seu rendimento escolar.
Ao analisar os dados dos relatórios PISA, um grupo de economistas descobriu, há mais de 15 anos, que as pessoas na faixa etária de 15 anos que possuem computador e câmera de vídeo apresentam resultados escolares piores do que os seus coetâneos que não os têm.
Esses dados foram confirmados no último relatório PISA, principalmente relevantes para o Brasil. Segundo o último relatório, aproximadamente 65% dos estudantes afirmaram se distrair nas aulas de matemática devido ao uso dos diversos dispositivos eletrônicos.
No Brasil, o índice é de 80%. Os alunos que passam muito tempo conectados afetam a atenção dos seus colegas: 59% dos estudantes afirmaram se distrair com o uso excessivo de aparelhos eletrônicos por parte de seus colegas, obtendo15 pontos a menos nos testes de matemática, “isso equivale a 3/4do valor de um ano de educação”.
Um estudo realizado há alguns anos nos EUA, com estudantes que frequentaram da primeira a terceira série elementar, demonstrou por via experimental que a posse de um videogame torna pior os resultados escolares.
A explicação é simples: quem passa 40 horas por semana no videogame – essa é a média do tempo do uso dos jovens nos Estados Unidos – deverá retirar aquele tempo de outras atividades, como, por exemplo, estudar e aprender alguma coisa sensata. A tese que diz que os videogames melhoram a atenção e a lucidez mental dos jovens não é de modo algum confirmada.
Os efeitos das tecnologias digitais na escola não são diversos dos que ocorrem no tempo livre. De fato, é possível demonstrar que a introdução deles na escola determina um pioramento do aprendizado e das notas dos alunos. Os dados são tão inequívocos quanto preocupantes. Falaremos disso mais adiante.