Dom Joel: “o que encontramos na Gruta de Belém é o retrato da fragilidade humana assumida pela força amorosa de Deus”

Na noite de Natal, reunindo os fiéis na Matriz Auxiliar de Nossa Senhora da Piedade para celebrar o nascimento de Jesus Cristo e refletir sobre os valores de fé, esperança e caridade, o bispo da Diocese de Petrópolis, Dom Joel Portella Amado, presidiu a missa concelebrada pelo pároco, Padre Leonardo Tassinari. “Minhas irmãs e meus irmãos que embelezam tanto esta igreja, que em si já é tão bonita, e que, quando cheia, nos mostram a grandeza daquilo que estamos celebrando hoje, o nascimento de Jesus”, comentou o bispo.

Ao final da celebração, como fez no início, Padre Leonardo agradeceu a presença do bispo diocesano na Paróquia, afirmando que esta comunhão é importante para mostrar que “não estamos caminhando sozinhos, mas juntos”. Citando os livros do Tombo, onde está registrado a história da comunidade, Padre Leonardo disse que é muito bom ver como as coisas mudaram, ressaltando que hoje o povo perguntando quando o bispo estará novamente na comunidade num sinal de unidade.

Durante a homilia, Dom Joel destacou a relevância da celebração no contexto cristão, ao lado da Páscoa, e revelou que essa conexão transcende o simbolismo, apontando para o coração da fé cristã: o mistério da encarnação e redenção. “O Natal não é apenas uma data no calendário, mas um momento para renovar dentro de nós aquilo que nos sustenta: a fé e a esperança”, afirmou.

Referindo-se ao mistério do nascimento de uma vida, o bispo disse: “Se um nascimento, se uma vida — seja ela qual for — já tem grande valor, é ainda mais importante quando celebramos a presença desse mistério a quem chamamos Deus entre nós”. Ele também chamou atenção para o risco de vivermos mais um Natal, festejarmos e, após a data festiva, continuarmos levando a vida do mesmo jeito. Para o bispo, “cada Natal deve fazer renascer e fortalecer em nós aquilo que nos sustenta, aquilo que nos faz seguir em frente, que é a própria fé”.

Este ano, o Papa Francisco convidou a Igreja a intensificar a vivência da esperança como parte do Jubileu que celebra os 2025 anos do nascimento de Cristo. “Neste ano, ao celebrarmos o Natal fortalecendo a fé, somos convidados pelo Papa Francisco a fortalecer, de modo muito claro e intenso, a esperança. Hoje, a Igreja já vive o Jubileu da Esperança; estamos em tempo de jubileu”, afirmou o bispo, referindo-se à abertura da Porta Santa, que oficializou o início do Jubileu para toda a Igreja. Ele acrescentou: “Passaremos um ano, até a festa da Sagrada Família do próximo ano, no último domingo de dezembro, celebrando o Jubileu da Esperança”.

Dom Joel também explicou por que o Papa Francisco escolheu o Natal para a abertura do Jubileu de 2025: “Porque, ao celebrar o Natal, é preciso fortalecer em nós a fé — e, junto com a fé, a esperança. E por que o Papa Francisco chama tanto a atenção para a esperança? Por que ele escolheu a esperança como tema para celebrar os 2025 anos do nascimento de Cristo? Porque algumas situações no nosso mundo preocupam. São tantos sofrimentos, tantas formas de angústia, de cruz, de desilusão, que existem no mundo inúmeras situações em que as pessoas já perderam a esperança em tudo.”

Ainda na sua homilia, Dom Joel comentou que muitas pessoas perdem a esperança na vida e até em Deus, mas que a esperança é a última a morrer. “Quando perdemos a esperança, é como se já estivéssemos mortos. É nesse contexto que entra a Igreja e sua missão evangelizadora: anunciar que existe esperança e que essa esperança tem um nome: Jesus”, afirma o bispo, lembrando que “a primeira leitura nos diz que o povo que andava nas trevas viu uma grande luz. Essa luz é Jesus, que traz esperança para quem vive na desilusão e na desesperança. O profeta Isaías, com sua maneira poética, fala da alegria de descobrir essa luz, destacando que Jesus é a razão para a esperança.”

Falando da alegria de encontrar Jesus, Dom Joel afirmou: “Por um lado, sentimos uma alegria imensa ao encontrar Jesus. Por outro, essa alegria precisa brotar de algo muito mais profundo: daquilo que o próprio Criador plantou em nossos corações, a prática do bem.” O bispo ainda questionou os fiéis: como se sentem quando praticam o bem? “Essa felicidade que surge não é por acaso. Ela nasce porque, ao praticar o bem, você cumpre com aquilo para o qual foi chamado.”

Ao falar sobre o Evangelho da noite de Natal, Dom Joel lembrou que ele apresenta um grande sinal: um menino envolto em faixas, deitado em uma manjedoura. “Não era um berço, mas um lugar simples onde os animais se alimentavam, com feno e palha. Esse humilde cenário foi o sinal. Isso muda nossa perspectiva. O que encontramos na Gruta de Belém é o retrato da fragilidade humana assumida pela força amorosa de Deus. É um convite para refletirmos sobre como seguramos tão firmemente coisas que, no fim, não levaremos desta vida. Mas, ao observar o presépio, surge a grande pergunta: qual era o verdadeiro tesouro daquela noite?”

Ao contrário do que muitos pensam, o grande tesouro da noite de Natal, o nascimento do menino, não foram os presentes trazidos pelos Magos. “Antes de eles chegarem, já havia um tesouro lá: o amor entre aquelas pessoas. Não havia riqueza. Mesmo que José tivesse algum recurso para pagar hospedaria, o que disseram para ele? O que José escutou? Na hora em que ele queria um lugar para sua mulher dar à luz, disseram que não havia vagas. Parece até certos hospitais!”, ressaltou o bispo.

Dom Joel destacou ainda que todo o acontecimento demonstra a presença da beleza de Deus. “A Gruta de Belém e cada pessoa, cada animal, a estrela, todos ali manifestavam aos olhos humanos uma fragilidade imensa, mas aos olhos da fé, uma força gigantesca. O céu foi buscar os pastores; a estrela foi buscar os estrangeiros; e todos se uniram ali formando, se assim posso dizer, uma grande, única, a maior de todas as famílias. Por isso, a esperança nasce da contemplação do presépio, de observar como, na simplicidade de uma criança recém-nascida, na fragilidade de um parto em condições precárias, o amor saiu vencedor. Uma criança que teve um parto num local com risco de contaminação, que foi colocada onde os animais se alimentavam — um lugar sem higiene. Era uma criança que já corria riscos ao nascer”, comentou, ressaltando: “No entanto, o amor saiu vencedor, porque ele sempre sai vencedor.”

A reprodução das notícias e fotos é autorizada desde que contenha a assinatura: Ascom/Diocese de Petrópolis

Para mais informações ascom@diocesepetropolis.com.br

Contato

Telefone - 55 24 98855 6491
Email: ascom@diocesepetropolis.org.br
Endereço: R. Monsenhor Bacelar, 590 - Valparaíso, Petrópolis – RJ