Com a celebração do Domingo de Ramos, a Diocese de Petrópolis abriu a Semana Santa, que será concluída com a Vigília Pascal, celebrando a ressurreição de Jesus Cristo. O bispo diocesano, Dom Joel Portella Amado celebrou a missa de ramos, na Catedral São Pedro de Alcântara, em Petrópolis, abriu oficial as celebrações da Semana Santa ao afirmar que “durante as cinco semanas da quaresma, preparamos nosso coração pela penitência e obras de caridade. Hoje, aqui nos reunimos com toda igreja a celebração do mistério pascal de Nosso Senhor, sua morte e ressurreição”.
Concelebrada pelo Pároco da Catedral, Padre Adenilson Ferreira, a missa foi assistida pelos diáconos permanentes Marco Aurélio de Carvalho e Rafael Sutter de Oliveira e animada pelo Coral da Catedral, tendo como regente, o Vigário Paroquial, Padre Luiz Felipe Nunes das Anunciação.
Em sua homilia, o bispo diocesano ressaltou a importância da Semana Santa, frisando que ela deve ser vivida como um retiro. “Iniciamos a semana maior, a grande semana da nossa fé, a Semana Santa como nós a conhecemos e se há um jeito de vivê-la é como um grande retiro. Se no passado nós tivemos ajuda, a facilitação do ambiente ao nosso redor, com até mesmo as rádios mudando as músicas que tocavam. A programação era diferente, hoje, a vida é muitas vezes corrida, pelo menos até a quinta-feira e para alguns, a sexta-feira santa acaba sendo como que um dia usual”.
Ao comentar da correria de nossos dias, Dom Joel convida todos a viver da maneira mais profunda, fazendo cada um ao seu jeito, o retiro. “O que nós não podemos perder, o que a fé nos ensina. Ela nos diz, é um tempo em que nós, do nosso jeito, onde estivermos, com nossas alegrias, nossos sonhos, nossas esperanças, fazer dessa semana um grande retiro para que, chegando no domingo da Páscoa, o nosso coração esteja um pouco mais perto de Jesus e que possamos repetir a última frase desse evangelho que nós acabamos de ouvir, verdadeiramente esse é o filho de Deus”.
O bispo diocesano ainda conclama para que possamos viver a Semana Santa com a expectativa de permitir que Jesus ressuscite em nossos corações. “Uma coisa é certa, nós precisamos celebrar o domingo que vem com o nosso coração, abrindo um espaço ainda maior para Jesus, se me permitem uma comparação, como Jesus ressuscitasse no nosso coração. Por isso, cada dia dessa semana tem que ser vivido com muita intensidade, saboreando cada parte, cada degrau que a mãe igreja”.
Citando os evangelhos do Domingo de Ramos, Dom Joel comenta que a Igreja oferece duas leituras, levando a todos a viver neste dia o domingo de ramos e da paixão. “A verdade é que a igreja nos convida a perceber o domingo de ramos e da paixão, tanto que a cor do paramento é o vermelho, o sangue derramado. Por isso, lembramos que hoje nós temos dois evangelhos. Primeiro proclamado lá fora e esse agora que acabamos de ouvir como que estivéssemos envolvidos em tudo aquilo que ali estava acontecendo acompanhando o sofrimento de Jesus. Entre os dois há um caminho. Nós fizemos um caminho até bastante curto, porque para Deus o importante é o coração não a exterioridade, mas voltando para o evangelho lá de trás comparando o com esse que nós acabamos de ouvir há um detalhe que nós não podemos esquecer. Esse detalhe é a maneira como as pessoas daquele tempo reagiram a Jesus quando ele chegou em Jerusalém. Quem não lembra da expressão com que ele foi recebido Hosana ao filho de Davi, bendito hoje se nós pudéssemos traduzir diríamos, que bom que você veio, seja bendito, pode vir, colocam roupas para ele passar, arrancam ramos das árvores para fazer o sinal como nós fazemos quando queremos expressar que alguém é bem-vindo para nós”.
Seguindo sua reflexão, o bispo questiona por que a mudança. Num dia louvam a chegada de Jesus e em outro, estão pedindo a sua condenação. “Alguns dias depois, no segundo evangelho que nós ouvimos, aqui a palavra já não é mais tão bem-vinda. Mas quando Pilatos diz, o que eu tenho que fazer, o que vocês querem que eu faça, o que devo fazer com esse Jesus que está preso? Lembrando da resposta que eles dão, que eles mandaram fazer com Jesus. Que virada, que diferença. Num dia eles dizem bendito o que vem e no outro dia, o que causou essa transformação? O que fez essa virada do bem para o crucifixo, crucifica? O que foi que transformou esperança em ódio? As respostas são muitas. Há quem diga manipulação dos grandes, jogos de poder. Tem muitas explicações, mas, quando você olha o que aquele povo esperava e você olha o que Jesus ofereceu, você entende o povo naquele tempo que sofria muito. O povo judeu estava invadido pelos romanos, uma dose grande de sofrimento, uma esperança de um messias que nunca chegava”.
Dom Joel lembra que a esperança do povo perseguido e sofrido era um messias que fizesse com os perseguidores o mesmo que estavam sofrendo. “Tanto que Jerusalém tendo ouvido falar de Jesus e os milagres que ele tinha feito, do perdão que ele tinha irradiado, do acolhimento que ele tinha manifestado, abre as portas, mas o que que eles esperavam, um messias que fizesse com as outras pessoas o que haviam feito com eles, estavam sofridos, mas o sofrimento muitas vezes ele traz um azedume dentro de nós, ele traz uma espécie de ressentimento. Talvez você possa dizer magoa e você acaba se tornando uma pessoa tem uma mágoa que você diz, eu quero que você ao me salvar faça a eles o que eles fizeram comigo. Isso é vingança. Lembra do provérbio olho por olho. Onde é que Jesus fez diferente? Onde é que está a diferença de Jesus? Nós vamos ver isso ao longo de toda a Semana Santa. Sugiro a vocês e vou sugerir muito, que não deixem de participar das missas de segunda, terça e quarta. Se não for possível presencialmente, ver nas redes sociais, ouça as leituras, as primeiras leituras, os cânticos e você vai perceber, meu Deus do céu, eles esperavam o Jesus violento e vingativo e o que veio foi com outra proposta e talvez alguém diga para mim, Jesus enganou aquele povo quando entrou em Jerusalém? Não. Se você parar para perceber, é decisivo o modo de entrada de Jesus em Jerusalém. Qual foi o animal que ele usou, um jumento. Jesus não entrou em Jerusalém com um cavalo de guerra, Jesus não entrou em Jerusalém tendo nas mãos instrumentos para destruir, tendo na mente, no coração planos de guerra de destruição e de violência. Jesus entrou em Jerusalém com o coração voltado para o pai, com os olhos naquele povo que tanto sofria. Eles não perceberam”.