No dia 27 de setembro é celebrado o Dia Nacional da Doação de Órgãos e a Igreja, há muito tempo chama atenção para a importância deste ato de caridade, com mensagens e manifestações do Sumo Pontífice. Compreendendo a importância da doação de órgãos e sendo um doador, Dom Gregório Paixão, OSB, bispo da Diocese de Petrópolis, gravou um vídeo convidando outras pessoas a serem doadoras.
Na sua mensagem, o bispo lembra que “no capítulo 15 do Evangelho de Jesus Cristo narrado por João, no versículo 13 nós lemos que ‘Ninguém tem maior amor do que aquele que doa a sua vida por seus amigos”. Por isso, Dom Gregório Paixão afirma que “a doação de órgãos não é apenas um ato de responsabilidade social, é também um gesto de amor e de caridade”.
Falando do dia 27 de setembro, Dia Nacional da Doação de Órgãos, Dom Gregório Paixão afirma que é um momento para “agradecermos aos que deixaram claro para seus familiares o desejo de doar seus órgãos após a morte, para a agradecer às famílias que doaram os órgãos de seus entes queridos falecidos e dia de profunda gratidão da parte dos que receberam a doação, tendo uma sobrevida feliz”.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, o país é referência mundial em doação e transplantes de órgãos, sendo o segundo maior transplantador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. O Sistema Único de Saúde (SUS) é responsável por financiar e realizar mais de 88% de todos os transplantes de órgãos do país.
Vale ressaltar que, no Brasil todo transplante passa pelo Sistema Nacional de Transplantes, cuja função de órgão central é exercida pelo Ministério da Saúde, é responsável pela regulamentação, controle e monitoramento do processo de doação e transplantes realizados no país, com o objetivo de desenvolver o processo de doação, captação e distribuição de órgãos, tecidos e células-tronco hematopoéticas para fins terapêuticos. O Ministério da Saúde reforça que a lista para transplantes é única e vale tanto para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto para os da rede privada.
No entanto, a doação de órgãos ainda é tratada como um tabu no Brasil, muitas vezes por falta de informação e pouca discussão sobre o assunto. Em 2020, devido à pandemia, a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) divulgou que o número de doações caiu e a taxa de mortalidade de quem está na fila de espera aumentou de 10% a 30%2.
A doação de órgãos é um ato nobre e pode salvar vidas. Em vida, é possível, com as compatibilidades necessárias, doar rim, parcialmente o pâncreas, parte do fígado e do pulmão, em situações excepcionais. Já de doadores não vivos podem ser obtidos rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado e intestino. Assim, um único doador pode beneficiar várias pessoas que aguardam na fila do transplante.
Apesar da ampliação da discussão sobre o tema nos últimos anos, graças ao incentivo do Ministério da Saúde, esse ainda é um assunto polêmico e de difícil entendimento para muitas pessoas, o que resulta em um alto índice de recusa familiar, atualmente em torno de 38,4%, o que pode atrapalhar e reduzir os transplantes e doações de órgãos no país.
Transplante de órgãos e tecidos
O que é?
O transplante é um procedimento cirúrgico que consiste na reposição de um órgão (coração, pulmão, rim, pâncreas, fígado) ou tecido (medula óssea, ossos, córneas) de uma pessoa doente (receptor), por outro órgão ou tecido normal de um doador vivo ou morto.
Como é a Lei de Transplantes?
A legislação em vigor determina que a família será a responsável pela decisão final, não tendo mais valor a informação de doador ou não doador de órgãos, registrada no documento de identidade.
Doador Vivo
A pessoa maior de idade e capaz juridicamente pode doar órgãos a seus familiares. No caso de doador vivo não aparentado é exigida autorização judicial prévia.
Quais órgãos/tecidos podem ser obtidos de um doador vivo?
Um dos rins, parte do fígado, parte da medula e parte dos pulmões.
Quem pode doar em vida?
O médico deverá avaliar a história clínica da pessoa e as doenças prévias. A compatibilidade sanguínea é primordial em todos os casos. Há também testes especiais para selecionar o doador que apresenta maior chance de sucesso.
Quais os órgãos/tecidos podem ser obtidos de um doador não vivo?
Órgãos: rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado e intestino.
Tecidos: córneas, válvulas, ossos, músculos, tendões, pele, veias e artérias.
Quem recebe os órgãos/tecidos doados?
Após efetivada a doação, a Central de Transplantes do Estado é comunicada e através do seu registro de lista de espera seleciona seus receptores mais compatíveis.
Quem é o potencial doador não vivo?
São pacientes assistidos em UTI com quadro de morte encefálica, ou seja, morte das células do Sistema Nervoso Central, que determina a interrupção da irrigação sangüínea ao cérebro, incompatível com a vida, irreversível e definitivo.
Texto: Rogerio Tosta / Ascom Diocese de Petrópolis
Foto: Kathleen Winie Paulino Berland