Neste sábado, 26 de abril de 2025, o corpo do Papa Francisco foi sepultado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, conforme seu desejo deixado em testamento. O gesto é mais um rito cristão que se cumpre, ao sepultar de forma digna as pessoas que amamos, pois na verdade, em nossas memórias ficam guardadas as lembranças e momentos vividos.
Na Diocese de Petrópolis, dois casais – Marco Aurélio de Carvalho e Gisele de Freitas Carvalho (35 anos casados) e Davi Corrêa e Natalia Zimbrão (7 anos casados) – entre muitos outros casais, vão guardar para sempre na memória e contar para seus netos e amigos, o encontro que tiveram com o Papa Francisco. O primeiro casal em comemoração às Bodas de Prata, 25 anos de matrimônio, e o segundo casal, no início do matrimônio.
Para eles, como relataram durante entrevista, o encontro com o Papa Francisco é marcado por uma grande emoção. Não apenas pelo fato de estar diante da autoridade maior da Igreja Católica, representante visível de Cristo, sucessor de São Pedro, mas pela simplicidade do encontro. Para eles, foi impressionante, por mais breve que foi o encontro, ver o Papa Francisco se dirigir a cada um com total atenção paternal.
Marco e Gisele contaram que o encontro com o Papa Francisco aconteceu no dia 22 de maio de 2015, ao final da missa na capela da Casa Santa Marta. Eles, assim como outras pessoas, participaram da Santa Missa presidida pelo Sumo Pontífice e ao final, depois das orações pessoais do Papa, foram conduzidos a uma sala para o encontro com ele.
– Assim que chegou a nossa vez de estar com ele, lágrimas desceram. Ele, em sua simplicidade e com um sorriso, nos desmonta. Nos apresentamos dizendo que pertencíamos à Diocese de Petrópolis, falei que sou Diácono e que estávamos celebrando nossas bodas de prata. Ele abriu novamente um sorriso e nos parabenizou pelas bodas e disse “que Deus os abençoe sempre nesta caminhada”, contou Marco.
Davi e Natalia, recém-casados, após o susto de ter o encontro com o Papa adiado por causa do cancelamento da audiência geral, que aconteceria no dia 29 de novembro. Voltando à “prancheta”, novo planejamento, novos contatos e, finalmente, tudo certo para o encontro com o Sumo Pontífice, no dia 6 de dezembro de 2017. Desse encontro, o pedido do Papa “rezem por mim” até hoje ressoa em seus ouvidos, pois, como relatou Davi: “Nós já tínhamos visto ele fazer esse pedido várias vezes e em diversas oportunidades, mas, naquele dia, o Papa Francisco pediu isso pessoalmente para Natalia e para mim. Um pedido feito diretamente pelo Papa. Para outros pode parecer algo comum, mas para nós foi impactante”.
A seguir, você acompanha trechos da entrevista dos dois casais ao site da Diocese de Petrópolis:

Rogerio Tosta – Como foi a preparação para este encontro?
Marco e Gisele – Toda preparação iniciou no ano de 2014, quando planejávamos fazer uma viagem para celebrar as bodas de prata. No roteiro da viagem, ficaríamos uma semana em Roma. Nessa época, o Papa Francisco celebrava todas as manhãs a Santa Missa na capela Santa Marta. Então, em 2014, escrevi uma carta me identificando como Diácono e informando que estaria em Roma celebrando as bodas de prata e solicitando a possibilidade de participar da Santa Missa com o Papa Francisco e ao final pedir que ele nos desse a bênção e abençoasse as nossas alianças. Em abril de 2015, recebi a carta do Vaticano. Nela veio a autorização para participar da Santa Missa no dia 22 de maio.
Davi e Natalia – Todo o período desde os pedidos para participar da Audiência Geral e receber a bênção dos Sposi Novelli até a data do evento foi cercado de muita expectativa e, sobretudo, oração. E os locais que visitamos antes do encontro com o Papa Francisco favoreceram esse clima de oração. Não me recordo ao certo, mas acho que tomamos a decisão de viajar em lua de mel para a Itália entre a metade final de 2016 e começo de 2017. E pensamos o seguinte: se vamos à Itália, temos que ir ao Vaticano! A gente sempre via os vídeos e as fotos do Papa Francisco junto dos recém-casados nas Audiências Gerais e resolvemos nos inscrever para aquele momento também. Em julho, a Prefeitura da Casa Pontifícia enviou uma resposta que nos pegou de surpresa: a Audiência Geral do dia 29 de novembro havia sido cancelada. Conseguimos fazer outro pedido, dessa vez para o dia 6 de dezembro. Ficamos pertinho do Vaticano, na Viale Giulio Cesare, cerca de 1 quilômetro de distância. Todos os dias íamos à Praça São Pedro. Uma das condições para a participação da Audiência Geral e receber a bênção dos Sposi Novelli é que o casal vá com os trajes de casamento. Natalia e eu fomos caminhando do local onde estávamos hospedados até o Vaticano, a pé, ela com o vestido de noiva e eu com meu terno. Enquanto a gente estava andando, as pessoas que passavam diziam “auguri” (parabéns, em italiano), nos felicitando pelo casamento. Nessa condição estavam vários outros casais que também estavam indo para a Audiência.
Rogerio Tosta – Qual foi a sensação durante o encontro com o Papa Francisco?
Davi e Natalia – O encontro aconteceu na Sala Paulo VI, que estava lotada. O Santo Padre iniciou sua catequese de forma habitual como vimos durante todo o seu pontificado: “Cari fratelli e sorelle, buongiorno” (caros irmãos e irmãs, bom dia). A gente estava muito feliz por estar ali. Era a segunda vez que tínhamos a oportunidade de participar de um evento em que o Papa estava (a primeira foi em 2013, na Jornada Mundial da Juventude, no Rio) e consideramos que ver e ouvir o Santo Padre falando era um grande presente para o nosso casamento. Ao fim da Audiência, o Papa Francisco deu a bênção aos recém-casados lá do local onde fez a catequese e nós a recebemos com profunda devoção. O Papa começou a cumprimentar os idosos que estavam perto, falou com algumas pessoas que estavam em cadeiras de rodas e foi se aproximando cada vez mais de onde estávamos. À medida que ele se aproximava, mais emocionados a gente ficava. Por fim, o Papa Francisco veio falar com os recém-casados. Ele passou com calma e deu atenção a cada casal até que chegou a nossa vez. Seguramos nas mãos dele, beijei e pedi a bênção e disse: “Santo Padre, nós somos do Brasil”. Ele sorriu, abençoou-nos e deu a bênção. Natalia perguntou se ele podia abençoar um terço que ela estava segurando. “Sim, sim”, disse ele. E se despediu de nós dizendo: “rezem por mim”. Foi tudo muito rápido, mas para nós é como se ele tivesse ficado por alguns minutos falando com a gente.
Marco e Gisele – É uma expectativa maravilhosa. Inicia antes da celebração onde ficamos em uma sala aguardando o horário de ir para a capela. Faltando 10 minutos para o início fomos orientados a ir para a capela, pois o Papa já estava se paramentando. Às 8h em ponto ele entra na capela, o coração bate mais forte, pois estávamos bem próximos a ele. A celebração litúrgica foi muito bonita. Ao final da Santa Missa ele se retira para a sacristia, retira os paramentos e volta para a capela. Se dirige ao final, senta-se no penúltimo banco e fica ali por uns 5 minutos. Logo após ele se levanta, dirige-se a uma sala na parte de trás da capela e inicia o encontro com todos que participaram da Santa Missa. Nesse dia foram 54 pessoas que estavam participando. Assim que chegou a nossa vez de estar com ele, lágrimas desceram. Ele, em sua simplicidade e com um sorriso, nos desmonta (pensávamos, o Papa, encontro mais solene). Nos apresentamos dizendo que pertencíamos à Diocese de Petrópolis, falei que sou Diácono e que estávamos celebrando nossas bodas de prata. Ele abriu novamente um sorriso e nos parabenizou pelas bodas e disse “que Deus os abençoe sempre nesta caminhada”. Apresentamos a ele nossas alianças e ele imediatamente as abençoou. Depois pedimos a ele que abençoasse algumas medalhas e terço.

Rogerio Tosta – Desse encontro com o Papa, o que ficou para vocês?
Marco e Gisele – Ficou evidente o carinho, acolhida e as palavras dele de que a família é o plano de Deus realizado no mundo e que é necessário contar com a graça que recebemos no sacramento para seguir adiante, vencendo as dificuldades e celebrando os momentos de alegria. Posso dizer com certeza, usando as palavras do próprio Papa Francisco, ditas em uma catequese no ano de 2014: “Quando um homem e uma mulher celebram o sacramento do matrimônio, Deus, por assim dizer, se reflete neles: imprime neles os próprios traços e o caráter indelével de seu amor. O matrimônio é o ícone do amor de Deus conosco”.
Davi e Natalia – Nós saímos daquele encontro completamente impressionados com a proximidade e amor paternal do Papa Francisco. Ali de fato entendemos a expressão que Santa Catarina de Sena utilizava para se referir ao Papa: Doce Cristo na Terra. Aquela simplicidade, expressa em poucas palavras, e o carinho dele nos impactaram profundamente. E uma coisa que ficou muito marcada em nós foi o pedido dele: “rezem por mim”. A gente já tinha visto ele fazer esse pedido várias vezes e em diversas oportunidades, mas no dia 6 de dezembro de 2017, o Papa Francisco pediu isso pessoalmente para Natalia e para mim. Um pedido feito diretamente pelo Papa. Para outros, pode parecer algo comum, mas para nós foi impactante. Nem em nossos maiores sonhos pensamos que poderíamos falar com um Papa: não só falamos, como recebemos um pedido dele!
Rogerio Tosta – Hoje, olhando toda a história que construíram, com dificuldades e alegrias, qual a importância do sacramento do Matrimônio e da Família?
Marco e Gisele – A bênção que recebemos quando celebramos o Sacramento do Matrimônio tem sido para nós o sustento e a força para caminhar juntos. Em todos os momentos de nossas vidas contamos com ela, porém, nos momentos de dificuldades é necessário contar com esse presente que recebemos de Deus, é preciso aprendermos a dar espaço para a graça recebida nos ajudar a passar pelos momentos difíceis, pois, sabendo que a família é o plano de Deus concretizado no mundo e que a partir da bênção Sacramental somos uma só carne,usar essa graça, esse presente é de fundamental impotância para mantermos sempre atual nossa vida matrimonial. A Família sempre teve uma importância fundamental para nós, se tornando um bem muito precioso, que estamos sempre construindo, contando com a graça de Deus, ao lado de nosso filho, Pedro, hoje com 30 anos.
Davi e Natalia – A cada dia que passa estamos aprendendo mais sobre como cuidar do nosso Matrimônio. Podemos dizer que a cada dia continuamos repetindo e renovando o sim que demos um ao outro diante do altar no dia 25 de novembro de 2017. Uma coisa nós aprendemos durante a caminhada, vendo o exemplo de nossos pais, e também seguindo o conselho de nosso diretor espiritual: nunca dormir sem estar em paz um com o outro. E, dessa forma, vamos nos ajudando mutuamente: um auxiliando o outro para que ambos possamos chegar ao céu. E consideramos nossa família um tesouro dado por Deus. Hoje já estamos colhendo os frutos do nosso matrimônio através de nossos filhos: Catarina (5 anos) e estamos no finalzinho da gestação do Miguel.