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Caridade na verdade: as relações humanas – Pe. Anderson Alves

O capítulo quinto de Caritas in veritate trata o tema da colaboração da família humana. Começa com uma grave constatação: “Uma das pobrezas mais profundas que o homem pode experimentar é a solidão” (n. 53). Outras pobrezas, inclusive a material, podem surgir do isolamento, da recusa ao fato de ser amado ou da dificuldade de amar com autenticidade.

Assim, a pobreza de nações e povos frequentemente nasce da recusa do amor de Deus, do fato do homem pensar que basta a si mesmo ou que é um mero “estrangeiro” perdido num universo feito por acaso. Segundo Bento XVI, “o homem aliena-se quando fica sozinho ou se afasta da realidade, quando renuncia a pensar e a crer num fundamento” (n. 53). Nesse sentido, não é a religião que aliena o homem, mas a sua negação, a rejeição a reconhecer que o homem necessita de Deus e do próximo. O que aliena o homem é a negação da relação com o outro.

Além disso, “a humanidade inteira aliena-se quando se entrega a projetos unicamente humanos, a ideologias e a falsas utopias” (n. 53). Na atualidade há muita interação, promovida por redes sociais, que possibilitam a troca de conhecimento e de informações. É preciso, porém, utilizar esses meios para que a interação se torne amizade e comunhão. Bento XVI recordava uma afirmação de Paulo VI: “o mundo sofre por falta de convicções” (Populorum progressio, n. 85). Isso é uma constatação e indica uma tarefa: a de entender as implicações da afirmação que os homens fazem todos parte de uma mesma família. Desse modo, a interação se transformaria em autêntica solidariedade.

É preciso, portanto, aprofundar o conceito de relação. Isso é missão não apenas das ciências sociais, mas também da filosofia (da metafísica) e da teologia. Essas duas ciências têm o papel de captar plenamente o valor e a dignidade transcendente da pessoa humana e deve comunicar isso às demais ciências. De fato, a teologia afirma que o homem, de natureza espiritual, realiza-se apenas na relação: quanto mais as vive de forma autêntica, mais amadurece a própria identidade. Isolando-se, o homem se esvazia; relacionando-se com Deus e com os outros, descobre todo o seu valor. “Por isso é muito útil para o seu desenvolvimento uma visão metafísica da relação entre as pessoas” (n. 53).

A razão pode ser ajudada nessa tarefa pela revelação cristã, “segundo a qual a comunidade dos homens não absorve em si a pessoa aniquilando a sua autonomia, como acontece nas várias formas de totalitarismo, mas valoriza-a ainda mais porque a relação entre pessoa e comunidade é feita de um todo para outro todo” (n. 53). De modo semelhante, a família não anula as pessoas que a compõem, mas as enriquecem. E a Igreja, que acolhe os povos e os batizados em si, não destrói os povos, as famílias e as culturas, mas os eleva, tornando-os mais unidos e fortes nas suas identidades.

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