Santa Sé lança comunicado cobrando cessar-fogo imediato e conclama fiéis à oração. Conflitos na Ucrânia, no Oriente Médio e em outras partes do mundo já deixaram centenas de milhares de mortos, em sua maioria civis.
Rogerio Tosta
Enquanto bombas ainda caem e famílias inteiras seguem soterradas sob os escombros da guerra, um apelo partiu do coração do Vaticano na manhã desta terça-feira (6). Os cardeais reunidos em Roma, às vésperas do Conclave que definirá o novo Papa, divulgaram um comunicado contundente pedindo um cessar-fogo global imediato, especialmente nas guerras da Ucrânia, do Oriente Médio e em outras partes do mundo.
A declaração, com tom direto e compaixão pastoral, denuncia o agravamento da violência e convoca todos os fiéis do mundo a intensificarem suas preces por uma paz “justa e duradoura”.
Comunicado Oficial da Santa Sé
“Constatando com pesar que não se registaram progressos na promoção dos processos de paz (…) lançamos um premente apelo a todas as partes envolvidas para que cheguem o mais rapidamente possível a um cessar-fogo permanente”, afirma o texto oficial.
A seguir, o comunicado na íntegra:
Comunicado da Santa Sé – 06.05.2025
“Nós, os Cardeais da Santa Igreja Romana, reunidos na Congregação Geral antes do início do Conclave, constatando com pesar que não se registaram progressos na promoção dos processos de paz na Ucrânia, no Médio Oriente e em muitas outras partes do mundo, aliás, que os ataques se intensificaram, especialmente contra a população civil, lançamos um premente apelo a todas as partes envolvidas para que cheguem o mais rapidamente possível a um cessar-fogo permanente.
Negociemos, sem condições prévias nem mais demoras, a paz há muito desejada pelos povos envolvidos e pelo mundo inteiro.
Convidamos todos os fiéis a intensificar a sua súplica ao Senhor por uma paz justa e duradoura.”
Onde a paz ainda não chegou: os números das guerras em curso
Os cardeais referem-se a conflitos armados que seguem ceifando vidas diariamente, com um alto custo humano — especialmente entre civis.
Abaixo, os dados mais atualizados dos principais conflitos em curso no mundo:
Ucrânia x Rússia
- Início: fevereiro de 2022
- Estimativa de mortos: mais de 500 mil (militares e civis)
- Civis mortos: +30 mil, segundo a ONU
- Situação: bombardeios continuam em áreas urbanas, deslocando milhões.
Conflito Israel-Gaza
- Início: outubro de 2023
- Mortes em Gaza: mais de 36 mil, maioria civis, segundo o Ministério da Saúde palestino
- Mortes em Israel: mais de 1.400 civis
- ONU alerta: colapso humanitário em Gaza e risco de crimes de guerra.
Guerra Civil no Sudão
- Início: abril de 2023
- Mortos: mais de 15 mil
- Deslocados: mais de 8 milhões
- Civis enfrentam fome extrema, sem acesso a água ou medicamentos.
Síria (conflito em curso desde 2011)
- Mortos: mais de 500 mil
- Grande parte das vítimas são civis
- País segue dividido e assolado por ataques esporádicos.
Outras zonas de conflito:
- Mianmar, Iêmen, Somália, República Democrática do Congo, Etiópia (Tigré)
- Estimativas apontam para dezenas de milhares de civis mortos e milhões em situação de deslocamento forçado.
Um chamado global à oração – e à ação
Mais do que um gesto litúrgico, o comunicado dos cardeais representa um clamor político, ético e espiritual. A mensagem busca mobilizar líderes mundiais e também os cidadãos comuns, incentivando a pressão diplomática e a mobilização social por soluções pacíficas.
“Convidamos todos os fiéis a intensificar a sua súplica ao Senhor por uma paz justa e duradoura.”
