Segundo os estudos apresentados por M. Spitzer em seu livro sobre a Epidemia do Smartphone, as tecnologias de informação têm efeitos negativos sobre a sociedade. Há consequências negativas do celular na saúde física e mental das pessoas, além do processo educativo. Tudo isso tem sérias repercussões sociais. As pessoas depressivas, por exemplo, acabam se afastando da sociedade e deixam assim de participar ativamente da vida social. Uma cultura limitada influencia diretamente a capacidade de julgar e a possibilidade de ser manipulada por outros. Isto constitui uma ameaça às nossas democracias.
De fato, quando as pessoas passam tempo interagindo, compartilhando experiências, pensamentos, sentimentos, sem nenhuma mediação, acontece então uma troca direta. Compreendemos as emoções do outro a partir da sua voz, da expressão do seu rosto, dos seus gestos, inclusive a partir do seu cheiro. Fazemos isso sem a mediação de telas, de alto-falantes, de teclados de computador. É exatamente isso o que são as mídias digitais – mediadores – ou seja, o exato contrário das relações pessoais imediatas. Hoje sabe-se que as redes sociais provocam sofrimento, ansiedade e depressão. Isso foi demonstrado em diversos estudos, especialmente em alguns feitos nos Estados Unidos e na Dinamarca.
Além disso, a empatia é aprendida quando se aprende a caminhar juntos, a falar e a compartilhar experiências. Para isso, são necessários dezenas de milhares de contatos diretos com outras pessoas, sem mediação. Entretanto, se os contatos são substituídos pelas mídias digitais, o encontro não acontece. Sabe-se, por estudos, que a empatia dos jovens em relação aos seus pais e amigos diminui com o aumentar das horas passadas diariamente diante das telas.

A empatia tem sempre um componente emotivo e outro cognitivo. O primeiro é a simpatia, ou seja, a capacidade de sentir o mesmo que o outro. O aspecto cognitivo da empatia é a capacidade de assumir o ponto de vista do outro. Os celulares hoje podem ser usados sempre e em qualquer lugar. Por eles acedemos milhares de vezes às redes sociais. E quando uma parte relevante (ou a maior parte) dos nossos contatos acontecem por meio do smartphone, então não se aprende ou se desenvolve a empatia.
As consequências desse fato dizem respeito a todos nós. Em caso de acidentes estradais, por exemplo, vemos pessoas que, em vez de prestar ajuda às vítimas, pensam em fotografar ou filmar o acidente para logo o colocar na rede. Isso é a queda da empatia, que não gera nada de bom socialmente.
As telas, atualmente, substituíram, em grande parte, as ocasiões de encontro social e isso compromete gravemente os jovens, a sua saúde física, mental e o normal crescimento das competências sociais. Podemos recordar inclusive da nossa cidade, nos anos 80 e 90: os finais de semana eram dias de sair, de participar de festas com os amigos, de dançar nas dezenas de clubes que havia na cidade. Hoje em dia nada disso existe.
Por outro lado, alguns jovens já compreenderam isso, de modo que o neologismo do ano 2015 foi “Smombie”, ou seja, o zumbi do smartphone. Há notícias recentes que jovens dos EUA estão optando por celulares antigos, dos anos 2000, que serve apenas para telefonar e assim passam por uma espécie de descontaminação, de “detox digital”. De fato, os jovens deveriam passar muito tempo em contato com outras pessoas, com a natureza, fazendo atividades físicas e intelectuais, como estudar um instrumento musical ou um novo idioma, visto que tudo isso beneficia a saúde e o seu desenvolvimento físico e mental. O excesso de mídias causa “demência”, depressão, ansiedade e decadência física e cultural.