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A Pandemia do Smartphone (Parte III) – Pe. Anderson Alves

Spitzer diz no seu livro que estudos demonstram, há mais de 30 anos, que as pessoas que assistem TV de 2 a 3 horas por dia, especialmente crianças e jovens, têm mais probabilidade de sofrer de sobrepeso, adquirem um comportamento mais agressivo e sofrem uma diminuição do nível de instrução. Isso é tão demonstrado quanto a relação do fumo com o câncer nos pulmões. Com a difusão dos gravadores de vídeos, dos videogames e das mídias de tela esse problema se intensificou. Nos anos 90 do século passado o PC se tornou acessível. Em 2008 foi feita uma pesquisa sobre o uso diário das mídias de tela entre os jovens de idade inferior a 18 anos que passam de 5-6 horas por dia nas mídias. Então já parecia uma preocupação sobre as repercussões sobre o comportamento e a saúde dos jovens a longo termo de tais meios.

Os danos dos mídia a longo termo são conhecidos: danos na postura e de sobrepeso; ansiedade e depressão; queda da capacidade de atenção e de aprendizado; não se aprende mais a caligrafia e a ortografia, o cálculo mental e a leitura dos mapas; os jovens e as crianças não aprendem mais a querer alguma coisa e a realizá-lo e não aprendem a se colocar no lugar do outro (empatia). Sabe-se que o nível de instrução alcançado nos anos da infância e adolescência é a maior proteção contra os riscos de demência na terceira idade. A demência – queda do uso da mente – é inevitável. Porém, começa-se a cair a partir do nível que se alcançou. Uma pessoa com grande nível de desenvolvimento intelectual provavelmente não sentirá os efeitos da demência e quem teve pouco desenvolvimento cognitivo sofrerá de demência cedo.

Sabe-se que em 2007 a Apple criou o smartphone: um telefone com câmera de vídeo, microfone, sensores, milhares de aplicativos, sistema de GPS, Bluetooth etc. O aparelho tem muitas utilidades, e logo os pais perceberam que ele pode ser usado como um “baby monitor”, ou seja, uma espécie de babá digital, que progressivamente substitui o pai e a mãe. O aparelho logo começou a ser usado para “ajudar” os pais a cuidarem dos seus filhos, pois transmite vídeos e imagens coloridas, que agradam às crianças.

Hoje em dia, os celulares podem ser usados e são, acima de tudo, utilizados para o acesso às redes sociais. Nenhum aparelho técnico foi difundido tão rapidamente como ele. Foram produzidos mais smartphones do que a população mundial e mais da metade da população mundial o usa mais de 5 horas por dia. A maioria usa esses aparelhos para estar ligado às redes sociais. Grande parte da humanidade passa 1/3 do estado de vigília nesse aparelho, que existe há mais de 10 anos. Esse modo de passar o tempo influencia o cérebro, especialmente o dos que estão em fase de desenvolvimento e aprendizado.

No início de 2018 dois grandes investidores de Apple escreveram uma carta à sociedade perguntando se o uso do iPhone teria efeitos colaterais. Disseram que a empresa deveria discutir isso abertamente, pois se isso se confirmasse, milhões de usuários poderiam fazer um processo contra eles e não seria possível pagar o ressarcimento a esses danos. A resposta da empresa foi: em 2018 não discutiram sobre novos aparelhos, mas de softwares para o controle e a limitação do uso do iPhone, em vistas da saúde dos adultos e das crianças. Desse modo reconheceram a realidade do problema.

Os efeitos negativos do smartphone não se reduzem à dependência. Eles provocam ainda graves problemas de saúde, como a miopia, a ansiedade, a depressão, os distúrbios de atenção e de sono, a vida sedentária, o sobrepeso, os danos de postura, a diabete, a pressão alta, o aumento de comportamentos de risco nas relações com o outro sexo e na circulação de veículos nas estradas. Os usos de “geo-social networking app” torna possível cada dia milhões de encontros sexuais casuais, favorecendo o crescimento das doenças venéreas. Além disso, atualmente entre os jovens o uso dos celulares é o motivo número um dos acidentes estradais, superando o uso do álcool. Os danos no processo educativo são muitos e favorecem o surgimento da demência, especialmente a chamada “demência digital”.

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