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A Imagem de Deus se Encontra na Alma Somente por Comparação com Deus? – Pe. Anderson Alves

Na Suma Teológica (I, q. 93, a. 8), Santo Tomás de Aquino questiona se a imagem de Deus na alma humana está relacionada apenas à comparação com um único objeto: Deus. Ele inicia sua resposta citando a tese central de De Trinitate, de Santo Agostinho: “A imagem de Deus não está na mente porque ela se lembra de si mesma, se conhece e se ama, mas porque pode também lembrar-se, conhecer e amar a Deus, por quem foi criada” (livro XIV).

Em seguida, Tomás explora a ideia de que a imagem implica uma semelhança que constitui uma representação da espécie. A imagem da Trindade divina na alma ocorre por meio de algo que represente especificamente as Pessoas divinas, na medida em que isso é possível para a criatura. As Pessoas divinas – Pai, Filho e Espírito Santo – se distinguem pela processão do Verbo (proveniente do Pai) e pelo Amor (entre o Pai e o Filho). O Verbo de Deus “nasce” (“nascitur”) de Deus por meio do conhecimento que Deus tem de Si mesmo, e o Amor procede de Deus conforme Ele Se ama.

No homem, a diversidade de objetos conhecidos e amados diversifica a espécie do verbo e do amor. Assim, não é o mesmo no coração humano o verbo concebido a partir da pedra e do cavalo, por exemplo, nem é especificamente o mesmo o amor gerado por esses conhecimentos.

Portanto, a imagem divina no homem ocorre por meio do verbo concebido a partir do conhecimento de Deus e do amor que dele deriva. A imagem de Deus na alma é considerada na medida em que ela se volta ou é capaz de se voltar para Deus.

A mente pode se voltar para algo de duas maneiras: diretamente e imediatamente, ou indiretamente e mediamente. Santo Agostinho afirma que “a mente lembra-se de si mesma, conhece a si e se ama; se discernimos isso, discernimos a Trindade; não, certamente, Deus, mas já a imagem de Deus”. Tomás explica que isso ocorre não porque a mente se volte sobre si mesma de forma absoluta, mas porque, por meio disso, ela pode posteriormente se voltar para Deus. Em outras palavras, ao recordar-se, conhecer-se e amar a Deus, a mente é Sua imagem de modo indireto e mediato. Quando se recorda, conhece e ama a Deus, essa imagem é direta e imediata.

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