A esperança desempenha um papel fundamental na vida espiritual do cristão, sendo o motor que impulsiona o empenho na busca da santidade e que sustenta a oração. A bula Spes non confundit do Papa Francisco ilumina diversas dimensões da esperança enquanto força motriz da existência cristã e elemento essencial do Ano Jubilar.
Segundo a teologia moral, a esperança deve ser humilde, baseada na desconfiança nas próprias forças e na plena confiança em Deus. Esta humildade ressoa no apelo constante de Francisco à misericórdia divina, ao perdão e à necessidade da graça como fundamentos da esperança. Reconhecer a própria fragilidade e depender da força de Deus é essencial para um crescimento autêntico na esperança.
A esperança também gera paz e tranquilidade na alma, zelo e valentia nas atividades sobrenaturais, paciência, perseverança e constância, abandono em Deus e fortaleza. Estes frutos da esperança encontram eco na mensagem de Spes non confundit. O Papa convida a sermos “alegres na esperança, pacientes na tribulação, perseverantes na oração” (Rm 12, 12), destacando a íntima ligação entre esperança, paciência e perseverança. A esperança cristã não cede nas dificuldades, pois se funda na fé e é alimentada pela caridade, permitindo assim avançar na vida.
A bula enfatiza que a vida cristã é um caminho de esperança, uma peregrinação que visa o encontro com o Senhor Jesus. O Jubileu é apresentado como um momento forte para nutrir e robustecer essa esperança, oferecendo oportunidades de encontro vivo e pessoal com Cristo. A peregrinação jubilar, com seus itinerários de fé e a possibilidade de dessedentar-se nas fontes da esperança, como o sacramento da Reconciliação, são meios concretos para revitalizar a vida espiritual através da esperança.
A esperança cristã se ancora na “Creio na vida eterna”, na certeza de que a história não corre para um abismo, mas para o encontro com o Senhor da glória. Jesus morto e ressuscitado é o coração da nossa fé e, consequentemente, da nossa esperança. O Jubileu oferece a oportunidade de redescobrir, com imensa gratidão, o dom da vida nova recebida no Batismo, capaz de transfigurar o drama da morte.
Em suma, Spes non confundit reitera a centralidade da esperança na vida espiritual. Ela não é um mero otimismo, mas um dom de graça que sustenta o caminho do crente, gerando frutos de paz, fortaleza e perseverança. O Ano Jubilar é um tempo privilegiado para aprofundar esta virtude, renovando a confiança em Deus e caminhando com alegria e esperança rumo ao encontro definitivo com o Senhor, ancorados na promessa da vida eterna.