Segundo Santo Tomás de Aquino, em De Veritate, q, 10, a. 1, a alma humana se relaciona com a realidade de três modos, mediante as suas capacidades: a) pela capacidade vegetativa; b) pela potência sensitiva; e c) pela faculdade intelectiva. No primeiro caso, ocorre uma ação material, pois, pela nutrição, assimilamos substâncias naturais: os alimentos. Com a faculdade sensitiva tocamos a realidade, sem afetar diretamente à matéria, uma vez que apenas apreendemos algumas condições dela. De fato, essas condições são apreendidas pelo tato, pelo olfato, pelo paladar, pela visão e pela audição. Segundo a faculdade intelectiva, por sua vez, tocamos a realidade de modo que excede à matéria e às suas condições. Pois a alma intelectiva conhece a matéria, as suas qualidades e os conceitos universais de todas as coisas de modo independente da matéria.
O homem possui além da mente o apetite sensível, que se dirige ao bem conhecido pelos sentidos; e o apetite intelectual – denominado “vontade” – que se dirige ao bem conhecido pelo intelecto. Ambos os apetites são do mesmo gênero, pois ambos se dirigem ao bem conhecido.
Desse modo, a “mente” humana inclui a vontade e o intelecto, enquanto eles se referem a certo gênero de faculdades da alma, que nos seus atos se desprendem completamente da matéria e das suas condições. O intelecto conhece o universal, sem considerar a matéria; e a vontade ama o bem universal conhecido, que supera à matéria.
Tomás afirma ainda que o viver acrescenta algo ao ser e o entender adiciona algo ao viver. E para algo ser imagem de Deus, necessitar ter o mais elevado grau de perfeição: a capacidade de entender. Por isso, se a criatura possui apenas o ser, como as pedras, ou o viver, como as plantas, não são ainda imagem de Deus. Segundo Santo Agostinho, são vestígio de Deus, mas não a sua imagem. De fato, a imagem de Deus implica que as criaturas existam, vivam e conheçam. Assim, ela se conforma no modo mais perfeito aos atributos essenciais de Deus.
Por analogia, pode-se dizer que, em relação à definição de imagem, a mente ocupa o lugar da essência divina e as outras três potências da alma (a memória, o intelecto e a vontade) ocupam o lugar das três pessoas divinas. Por isso Agostinho atribui à mente as três potências exigidas para caracterizar a imagem e disse: “a memória, a inteligência e a vontade são uma só vida, uma só mente, uma só essência”. Nos homens, de fato, essas três faculdades são uma só essência, pois procedem da única essência da mente humana; são uma só vida, enquanto pertencem a um só gênero de vida; são uma só mente, na medida em que são compreendidas sob o nome “mente” como partes do todo, assim como a vista, o ouvido, o paladar, a visão e o tato são partes da alma sensitiva.