A história da Igreja na América Latina no século XX é marcada por uma profunda transformação pastoral e teológica. Longe de ser um continente isolado, a região viveu uma intensa renovação sob a orientação do Magistério Pontifício, desde o Concílio Plenário Latino-Americano convocado por Leão XIII até a V Conferência Geral do Episcopado, realizada em Aparecida em 2007. Essa caminhada revela como a Igreja soube aplicar o Evangelho às realidades sociais do continente, enfrentando desafios como o avanço do comunismo, a pobreza estrutural e a urgência da Nova Evangelização.
É justamente essa trajetória que exploramos em nosso curso online, voltado para todos que desejam compreender como os documentos do CELAM — Rio de Janeiro, Medellín, Puebla, Santo Domingo e Aparecida — moldaram a identidade pastoral da Igreja latino-americana. Ao longo das aulas, analisamos como a Doutrina Social da Igreja se tornou um instrumento vital para a promoção humana e a conversão pastoral, e como a “ação pastoral orgânica” transformou o continente em um protagonista da missão eclesial no novo milênio.
A I Conferência do CELAM, realizada no Rio de Janeiro em 1955 sob o pontificado de Pio XII, estabeleceu a estrutura organizacional da Igreja na América Latina. Foi ali que nasceu o CELAM, com o objetivo de promover a comunhão entre as dioceses e enfrentar os desafios sociais e doutrinários com unidade e clareza.
A II Conferência, em Medellín (1968), representou um divisor de águas. Inspirada pela encíclica Populorum Progressio de Paulo VI, e marcada pela visita histórica do Papa à América Latina, Medellín aplicou os ensinamentos do Concílio Vaticano II à realidade continental. O documento denunciou a miséria como “injustiça que clama aos céus” e propôs uma evangelização que promovesse uma “libertação plena” e uma “salvação integral em Cristo”. No entanto, Paulo VI advertiu, na Octagesima Adveniens (1971), que a missão da Igreja não deve se confundir com ideologias políticas, sejam marxistas ou liberais. A ação cristã deve ser guiada pela ótica do Pai, o julgamento de Cristo e a ação movida pelo Espírito Santo.
A III Conferência, em Puebla (1979), buscou corrigir interpretações equivocadas surgidas após Medellín. Guiada pela Evangelii Nuntiandi, a conferência contou com a intervenção firme de João Paulo II, que lembrou aos bispos que sua missão era ser “mestres da verdade”, e não técnicos ou ideólogos. Puebla reafirmou a Opção Preferencial pelos Pobres, mas com fidelidade cristológica, evitando reducionismos ideológicos e reforçando o papel pastoral da Igreja.
A IV Conferência, em Santo Domingo (1992), celebrou os 500 anos da evangelização da América com o lema “Jesus Cristo ontem, hoje e sempre”. João Paulo II destacou três pilares: Nova Evangelização, Promoção Humana e Cultura Cristã. O documento denunciou a “cultura de morte” — eutanásia, aborto, narcotráfico, corrupção — e reafirmou a vocação missionária do continente: “a evangelização do segundo milênio deve ser feita na América e desde a América”.
Por fim, a V Conferência, em Aparecida (2007), com a presença do Papa Bento XVI, consolidou o método “ver, julgar e agir” e introduziu o conceito do Discípulo Missionário. O documento criticou o “medíocre pragmatismo” e a “fé reduzida a conhecimento”, propondo uma profunda conversão pastoral e a renovação das estruturas paroquiais, transformando-as em “redes de comunidades e grupos”.
Nosso curso é uma oportunidade única para mergulhar nesse legado, compreender os fundamentos da evangelização integral e fortalecer a missão da Igreja no século XXI. Ao estudar esses documentos, você será convidado a participar ativamente da construção de uma Igreja viva, fiel ao Evangelho e comprometida com a realidade do povo latino-americano.